São nossos pais. São nossos filhos

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O pai de Aylan e o filho de Semião, sedentos de paz, abraçam estrelas numa esquina qualquer de terras sem dono, sem fronteiras, sem cercas.

Repartem seus sonhos por onde passam - dialogam em línguas diferentes na tradução comum de esperanças distantes.

E se entendem. E se cometem humanos e generosos. E se perdoam por perdões desnecessários.

O pai de Aylan e o filho de Semião sangram para fecundar o chão de sírios, guaranis, negros, europeus, africanos, cristãos, muçulmanos, ateus, prós, contras, vivos, mortos, indiferentes, aliados, revolucionários, reformistas, na frente e no verso de todas as possibilidades de convivência.

Nossos pais e nossos filhos brilham, rebrilham, na constelação imemorial de tempos ausentes de justiça.

Sangram também o pó da terra despossuída e a areia dos mares hostis.

Do vermelho deste sangue, a rega pranteada no plantio de Aylan e Simeão fará brotar a lavoura indestrutível de flores de todos os matizes, de todas as estações, de todos os aromas.

As estrelas - vesperais da esperança que devolverá a certeza de água a quem tem sede, pão a quem tem fome e moradia ao desabrigado - continuarão reluzindo...e iluminarão, um dia, e por quantas noites vierem, o caminhar órfão de quem fica para não permitir que morram as flores regadas de sangue inocente.

Edson Moraes

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