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Ao lado da ex-mulher, visivelmente constrangida, deputado tenta justificar episódios de agressão

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Soou como mais uma agressão a tentativa do deputado Pedro Paulo de Carvalho de dar um basta nas críticas que vem sendo alvo em função das agressões físicas que cometeu contra sua ex-mulher, Alexandra Marcondes Teixeira, no natal de 2008 e em 2010, quando terminaram a relação.

Nesta quinta-feira (12), em entrevista coletiva, ao lado de Alexandra, Pedro Paulo assumiu que bateu na então companheira com socos no rosto, e na frente da filha de 2 anos do casal, na noite de Natal de 2008, em São Paulo.

É a segunda vez que o preferido do prefeito Eduardo Paes, para a disputa de sua sucessão, cai em contradição.

Pedro Paulo passou três semanas negando a revelação de que havia espancado Alexandra com socos e chutes na Barra da Tijuca, em 2010. Quando decidiu assumir a briga, jurou ter sido um momento de "descontrole" em sua vida. Na noite desta quinta, ele admitiu o novo episódio. Leia os principais trechos da entrevista coletiva de Pedro Paulo e Alexandra:

O senhor continua com o discurso de que agressões a mulheres é normal?

Pedro Paulo - Há essas discussões, em que perde-se o controle. Quem não exagera em uma discussão? Quem nunca teve uma briga dentro de casa? Quem não tem um momento de descontrole? Agora, eu achar que isso não é uma coisa normal da nossa vida?

O senhor, então, acha normal, de vez em quando, não sempre, o marido agredir a esposa?

Pedro Paulo - A gente tem discussões, perde o controle. Quem nunca teve uma briga dentro de casa? Quem não tem um momento de descontrole?

Quando o senhor decidiu admitir a agressão de 2010, em entrevista à Folha de São Paulo, disse que tinha sido um episódio único na vida. Agora aparece um caso registrado em 2008. Por que o senhor mentiu?

Pedro Paulo - Eu e Alexandra vivemos momentos de amor e de ódio. Tinha momentos que a gente se desesperava, se descontrolava. Eu tinha muito ciúme dela, e ela de mim.

Neste momento, a ex-mulher Alexandra pede a palavra:

Alexandra - Pedro nunca foi um cara agressivo. Houve esses dois tristes episódios. Mas não se trata de uma pessoa agressiva. Então, por favor, não confundam as coisas. Vim de São Paulo hoje para dizer que vocês transformaram a minha vida, a vida do Pedro, a vida da nossa filha (de 10 anos) num verdadeiro inferno. O Pedro tem uma vida pública. Eu não. Não sei falar no microfone, não sei nem como vim parar aqui hoje. Vocês estão expondo episódios do passado onde eu perdi a cabeça. Você não está falando aqui do secretário, do candidato a prefeito. Estou falando do Pedro Paulo. Qualquer casal tem brigas. Antes de apontar o dedo e julgar as pessoas, quem estava entre quatro paredes? Eu e ele! Vocês têm que estar pesquisando o que ele fez, o que ele estudou. O que ele tem a oferecer pra cidade? Estou aqui dando minha cara à tapa para dizer que superamos tudo isso. Óbvio que nosso casamento foi fracassado. Senão, nós estaríamos casados e os dois não estariam aqui (apontou para o marido e a atual mulher de Pedro Paulo, que estavam na plateia), mas nós viramos esta página.

Na denúncia que a senhora fez contra ele, em 2010, seu depoimento dá detalhes de uma cena de muita violência. Ele se encaixa com um laudo do exame de corpo delito que mostra marcas das agressões.

Alexandra - Olha só, gente. Tem seis anos que isso aconteceu. Eu não vou lembrar de detalhes, até porque minha memória é seletiva. Prefiro lembrar das coisas boas. Se está escrito, está escrito. Eu falei.

O laudo indica que a senhora quebrou um dente.

Alexandra - Não vou entrar nesses detalhes. Vocês tiveram acesso aos documentos.

Ainda no depoimento, a senhora afirma ter sido agredida várias vezes. Houve outras agressões além dessas?

Alexandra - O que aconteceu vocês tiveram acesso. Não registrei mais nenhuma ocorrência.

Como mãe de uma menina, a senhora vai achar normal que o futuro marido dela tenha esse comportamento?

Alexandra - Não vou trabalhar com suposições, mas claro que não! Mas é difícil julgar a vida de um casal entre quatro paredes. Você se destempera, você perde a cabeça e não tem o que explicar. Acontece...

O principal argumento do senhor é o de que 'quem nunca perdeu o controle?' A frase lembra a do goleiro Bruno (que está preso pelo assassinato de Eliza Samudio), que ao defender o atacante Adriano perguntou: 'Quem nunca saiu na mão com a mulher?'.

Pedro Paulo - Olha, eu vou pedir respeito aqui. Você fazer algum tipo de aproximação disso, eu não vou permitir...

Mas a frase dele na época foi duramente criticada. O senhor não acha que assim o senhor trata com normalidade as agressões?

Pedro Paulo - A Alexandra acabou de falar aqui. Isso acontece na vida normal das pessoas. Não vou ficar discutindo aqui os detalhes disso.

A senhora aceitou as agressões por alguns anos?

Alexandra - Sim. Fui criada da seguinte maneira: casamento é para o resto da vida. Tinha que ser para sempre. Conheci o Pedro quando eu tinha 18 anos. Ele foi meu primeiro namorado sério. Saí da minha casa em São Paulo, larguei tudo e vim para cá. Então, eu não ia pegar o telefone e ficar ligando para os meus pais falando dos meus problemas. Era uma coisa nova. Então, lutei pelo meu casamento. No início, foi ótimo. Vivemos bons momentos. Quando começaram a acontecer os episódios de discussões, que coincidiram com a entrada dele na vida pública, nesse final... chegamos em um limite.

Neste momento, enquanto o senhor fala aqui, há uma manifestação contra o senhor e contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, no centro do Rio de Janeiro . Como se prepara para encarar a campanha eleitoral com faixas pedindo a sua saída?

Pedro Paulo - A manifestação é um direito das pessoas. Ontem tivemos a dos taxistas, hoje por qualquer motivo. O processo eleitoral começou e vai se acirrar. Tenho orgulho da confiança depositada pelo meu partido (PMDB), pelo prefeito Eduardo Paes. Então, vamos jogar o jogo.

O senhor não teme ficar marcado como o candidato agressor de mulheres?

Pedro Paulo - A minha preocupação é a minha filha de 10 anos, a minha família, meus dois filhos, o respeito que tenho pela Alexandra e pela família dela. No tempo certo as pessoas vão avaliar. Lamento que esses episódios familiares tenham vindo à tona.

O senhor ainda acha que seu caso não se enquadra na Lei Maria da Penha?

Pedro Paulo - O procurador-geral da República vai decidir se este episódio se enquadra ou não.

A senhora narra no depoimento que, naquela noite em que o seu marido a traiu, um travesti teria roubado joias e um relógio suíço. A senhora inventou isso?

Alexandra - As joias sumiram. Mas não tem nada a ver. Não era um travesti. O que eu disse foi: "Quando vi nas câmeras internas do prédio, a mulher parecia um travesti". Foi um comentário infeliz.

Neste momento, Pedro Paulo acenou para o assessor de imprensa pedindo que a entrevista coletiva se encerrasse.

Fonte: Veja

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