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‘Elite Branca’, e a nova classe social de Lula

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Quem ouve o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva falar, mas não o conhece, pensa que o Partido dos Trabalhadores é uma agremiação que flutua no limbo da pureza angélica. Que é uma facção política organizada por e para trabalhadores, dentro dos padrões incorruptíveis das melhores intenções. E que se alia exclusivamente a políticos pobres e negros, que trazem no céu dos olhos a estrela da inocência.

O ódio que o Luiz Inácio incita contra a ‘elite branca’ faz supor que entre os seus amigos, entre os que garantem um tempo espichado no horário eleitoreiro, não se incluam um José Ribamar Sarney, um Renan Calheiros, um Henrique Alves.

Nenhum Pizzolato, nenhum Paulo Roberto da Costa que tenha dinheiro nos bancos da Suíça e em outros paraísos fiscais. Todos fazem parte da maioria negra e maltratada pela vida. Da ‘elite branca’ não fazem parte os que roubam descaradamente, os que superfaturam obras colossais, os que usam das estatais como instrumento de riquezas mal havidas.

Na ‘elite branca’ do Luiz Inácio, não se incluem os empresários ‘do peito’, inclusive do ramo das comunicações, que encontram no governo do Partido dos Trabalhadores e seus aliados as benesses do poder, o sustentáculo de suas riquezas, do seu patrimônio engordado com o suor de quem verdadeiramente trabalha.

Ah, sim, e nem o filho do Luiz Inácio, o Lulinha, que enriqueceu da noite para o dia, sem nunca ter pegado no batente, sem nunca ter tido capital para montar sequer uma tenda de cachorro quente. O patrimônio dele, que cresceu como um passe de mágica, o coloca ao lado dos negros e dos pobres, longe da ‘elite branca’.

Foi da cachola do Luiz Inácio que partiu a criação dessa nova classe social, a ‘elite branca’, que não investe no Partido dos Trabalhadores e que por isso não é borrifada pela sorte de tirar nacos de seus dividendos e de participar do banquete do poder.

À ‘elite branca’ pertencem os de boca suja, os sem educação, os sodomitas mentais da presidente, que desrespeitaram seus direitos de rainha, ignorando a estrela do PT que ela traz na testa, para imunizá-la contra o escarmento.

Voltou à cena o metalúrgico dos discursos sem retórica, mas cheios de ódio. Retomou o caminho da intolerância o ex-operário que, graças a um pedaço de dedo, deixou de trabalhar para todo o sempre, porque enriqueceu na política.

O ódio que o Luiz Inácio metalúrgico destilava ‘contra os patrões’ tornou à ebulição, não contra esses mesmos patrões que hoje o paparicam, fazem parte de seus ‘conselhos’. 

Aquele ódio, agora corrosivo, se destina a esgarçar o tecido social. É o veneno vertido contra uma ‘elite branca’, cujo único perfil conhecido é detestar quem a onera sob o jugo de uma das mais pesadas cargas tributárias do mundo. É o veneno vertido contra os que produzem sob opressão fiscal, sem garantia de retorno para seus direitos mínimos do cidadão.

Vejamos o que diz o dicionário Hoauaiss, para o verbete ELITE, os seguintes principais significados: 1. ‘o que há de mais valorizado e de melhor qualidade, especialmente em um grupo social’; 2. ‘minoria que detém o prestígio e o domínio sobre o grupo social.’ 

Etimologicamente, segundo o mesmo Houaiss, a palavra ‘elite’ significa ‘o que há de melhor’, e vem do francês élire, ‘escolher, eleger’. 

No contexto da tradição histórico-social do Brasil, o significado 2., suprimida a palavra ‘prestígio’, é muito mais forte e pregnante do que o 1. 

Na formação e no desenvolvimento de nossa sociedade, os donos do poder agiram muito mais no sentido de manter seu domínio sobre o conjunto social do que se provaram um grupo ‘de melhor qualidade’ (a origem dessa dominação não é a excelência, que, medida em contexto democrático, chama-se meritocracia). Tendo origem nada democrática, numa sociedade que se inicia como filial da monarquia portuguesa e teve por séculos sua base produtiva na escravidão, muito menos se pode dizer que se trata de uma elite eleita, seja em que sentido for. 

Assim, podemos restringir os significados de elite, nesse contexto, a um só: grupo social dominador. É seguramente esse o significado da palavra na expressão ‘elite branca’.

Mas a outra palavra da expressão não é menos problemática. Pois ‘BRANCA’ é um termo que mobiliza ao mesmo tempo duas dimensões diversas, uma simbólica, outra literal, fenotípica. 

Na sociedade brasileira, onde a cor da pele tem implicações sociais, branco é uma palavra equívoca. 

Um indivíduo pode não ser fenotipicamente branco — e sim mestiço de pele —, mas ser branco simbólico, isto é, socialmente identificado como pertencente ao grupo social privilegiado, não discriminado. É esse o significado em jogo na expressão ‘elite branca’.

Assim, ‘ELITE BRANCA’ designa, a princípio, o grupo social privilegiado ou dominador (essa é outra ambiguidade a ser desfeita adiante), de cor simbólica branca. 

Se pararmos aqui, a expressão, considerando sua carga depreciativa e acusatória embutida, seria uma generalização injusta. Afinal, muitas das pessoas que participam das classes médias e altas, e são brancas simbólicas, não podem ser acusadas de colaborar, aberta ou disfarçadamente, com a perpetuação das nossas desigualdades estruturais (é essa a acusação embutida). Justamente, devemos fazer ainda uma outra distinção. 

O que a expressão ‘elite branca’ pretende caracterizar não é a situação excessiva ou relativamente privilegiada em que se encontra um grupo social, mas o modo como esse grupo se posiciona diante das desigualdades estruturais do país. Pertencem à ‘elite branca’ aqueles que pensam e agem no sentido da manutenção dessas desigualdades e, consequentemente, de seus privilégios, atuando como um grupo dominador. Não pertencem a essa ‘elite branca’ (que, portanto, é uma categoria mais política e moral do que econômica e fenotípica) aqueles que, situando-se em um grupo social privilegiado, pensam e agem no sentido do combate às desigualdades, renunciando a privilégios em benefício da justiça social.

Lula é um mestre em inventar termos úteis para desfigurar a verdade. Ele não tem o menor pudor disso, porque sabe que os pobres não sabem nada e engolem tudo que ele diz. ‘Pobre pensa que dossiê é doce de batata!’ — ele falou com desdém no escândalo do dossiê dos aloprados, lembram? Havia negros entre os aloprados? Não, mas eles não eram brancos da elite — talvez fossem aloprados (militantes esforçados, mas, trapalhões... coitados) da ‘ralé branca’.

Outro dia, o Lula bradou: ‘A elite brasileira está conseguindo fazer o que nunca conseguimos: despertar o ódio de classes’. Este ‘ato falho’ de Lula é sensacional. Tradução: sempre quisemos despertar o ódio de classes, mas nunca conseguimos. Mas, eis que vem a elite branca e consegue!

Ou seja, a elite branca é ‘capitalista-leninista’, quer a luta de classes contra o pobre PT, com seus militantes desvalidos, proletários oprimidos. Lula, que culpou os ‘brancos de olhos azuis’ pela crise econômica mundial, só pensa em dividir os brasileiros entre ‘nós’ e ‘eles’. É uma paranoia programada: a técnica de vitimização que funciona bem para ditadores que se dizem sempre ‘defensores do povo’ — suas vítimas.

Todo mundo é responsável pelos anos de governo do PT, menos o PT.

Felizmente, sempre paguei do meu bolso meus estudos, nunca dependi de programas de governo, por isso, sou totalmente livre para entender que esta linguagem que fala de elite branca, é um jogo de palavras vazias, afinal, não há brancos no Brasil, somos uma nação miscigenada, talvez o que exista é preconceito contra quem venceu sem protecionismo político. Devo tudo, a Deus, mas, também a minha família e nada absolutamente ao governo, pago meus impostos, sou cidadão, não sou filiado a qualquer partido, respeito as leis, e gosto de ser respeitado, quanto ao futuro do país, quero que seja o melhor, e é lógico que quero mudanças, não quero práticas viciosas de poder, nem continuísmos, quero meu país, sem a estigma de ser um abrigo de corruptores, quero que os culpados paguem pelos crimes que praticaram, que a nação brasileira, tenha uma única bandeira, a bandeira da paz, a bandeira do meu país.

Não sou branco, nem pertenço a invenção nada criativa de Lula, que defende a existência da ‘elite branca’, afinal, qual é a cor do PT, do governo, petista ? Somos brasileiros, essa ideia tola de fazer chavões com as palavras e tentar inculcar isto no povo, é mais que absurdo, é inaceitável. Eu sou brasileiro e pronto, que se exploda a ‘elite branca’, da cor que o PT aceita ou rejeita, meu compromisso é com o meu país.

Só pra lembrar: Em 1985 o PT foi contra a eleição de Tancredo Neves e expulsou deputados que votaram nele. Em 1988, votou contra a Constituição. Em 1994, votou contra o Plano Real, dizendo que era eleitoreiro. Em 1996, votou contra a reeleição, que hoje defende. Depois, em 1998, foi contra a privatização da telefonia, hoje com 200 milhões de linhas. Depois, foi contra a adoção de metas para a inflação. Em 2000, luta ferozmente contra a Lei de Responsabilidade Fiscal, que obriga os governantes a gastarem apenas o que arrecadam. O Proer, que nos salvou, impedindo a quebradeira dos bancos em 2008, foi demonizado. 

Quando FHC criou o Bolsa Escola, o Bolsa Alimentação e o Vale Gás, o PT foi contra, dizendo que eram esmolas eleitoreiras. Ou seja, o PT se acha uma elite vermelha, mas não passa de uma reles elite branca.

Pio Barbosa Neto

Professor, escritor, poeta, roteirista

                                                    https://www.facebook.com/jornaldacidadeonline

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Pio Barbosa Neto

Articulista. Consultor legislativo da Assembleia Legislativa do Ceará

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