O Crime Organizado, suas facetas

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O crime campeia solto, diante de uma realidade policial paralisada por inúmeras variáveis que não caberiam neste artigo. 

A marginalidade continua solta e progredindo em suas aventuras desvairadas, aproveitando-se da impotência do Estado em combatê-la, inibi-la, extirpá-la do seio social. Esperar que mude tal cenário também é utopia.

Nas megalópoles atuais, a população lida frequentemente com infraestrutura deficiente, desemprego, violência urbana, problemas ambientais, poluição visual e sonora, além de práticas discriminatórias, que se configuram em relações espaciais de privatização e não convívio entre as diferentes classes sociais. 

Algumas características que as grandes megalópoles apresentam são a violência, a segregação entre pobres e ricos, consolidada por muros, cercas e grades, a diferença social vista na arquitetura, nos serviços básicos (esgotos a céu aberto, filas em hospitais, pedintes e crianças nas ruas) e as disparidades entre ricos e pobres. 

A globalização, ao impulsionar a revolução tecnológica e incentivar a financeirização do sistema capitalista, tem contribuído sobremaneira para a sofisticação do crime, facilitando a sua organização e confundido as peças do tabuleiro do jogo do poder. Não se sabe mais quem é quem. 

Muitas vezes é difícil medir o grau de capacidade, comprometimento, independência e até de seriedade dos governantes ou dos parlamentares eleitos para representarem o povo. E ainda, a desenvoltura profissional de um juiz de direito ou de um promotor público para “pegar” os criminosos de uma organização. 

São múltiplos interesses operando por detrás, questões pessoais, econômicas, políticas, corporativas, que tornam ingrata a tarefa de perseguir a semente podre que difunde a prática delituosa organizada.

O grande sucesso das ações desencadeadas pelas organizações criminosas deve-se à forte estrutura que é adotada pelo crime organizado. 

Existe uma arquitetura engenhosamente construída para que a engrenagem do crime funcione de modo corrosivo. 

Pode parecer jocoso, divertido, imaginar uma reunião de traficantes e/ou marginais, "montando” uma "estratégia" de abordagem. 

As atividades criminosas organizadas se revestem de uma técnica muito bem forjada.

A associação ilícita ocorre para obter vantagens econômicas e financeiras, através de mecanismos violentos e de caráter intimidador. 

Nada seria possível, entretanto, não fosse a grande penetração dessas organizações no ciclo do poder. 

Em tempo, a violência endógena, a cada dia, prospera e deixa incontáveis vítimas, algumas delas, inocentes, que pagam com a própria vida, pelos desmandos ocasionados quer pelo avanço desmedido e insano da criminalidade, quer pelas inoperantes atitudes dos governantes que parecem assistir estes quadros, sem se importar com os rumos do Estado e do país. 

Talvez a ação ostensiva contra o crime perdure por muitos anos, contudo, não temos que esconder uma realidade que nos deprime - somos uma sociedade, desamparada, entregue à rudeza do crime, talvez por isso, o que pensamos sobre a associação e manutenção de um poder, além daqueles que conhecemos, seja, o fato notório, de que, estamos em uma terra sem lei, e se a lei existe, onde andará a justiça outrora perdida?

Pio Barbosa Neto

Professor, escritor, poeta, roteirista

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Pio Barbosa Neto

Articulista. Consultor legislativo da Assembleia Legislativa do Ceará

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