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O amor está nas redes, acredite !!!

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Na esfera do mundo globalizado, e com uma variedade infinita de informações disponíveis pela internet, muito além de atuar na formação de sujeitos e contribuir na formação das identidades, a ferramenta internet possibilitou aos seus usuários encontrar oportunidades, bem como construir, por meio das redes sociais, um complexo canal de relacionamentos. 

Por trás de um monitor e um teclado, muitos transformaram a internet em um meio popular para a experiência amorosa.

Dentre as transformações que transcendem a constante evolução do homem, a internet e as redes sociais surgem como extensão do homem e dos seus relacionamentos. Mas antes de tudo, é necessário saber que a disseminação das redes sociais só foi possível graças ao desenvolvimento do uso da internet.

As redes sociais mantêm seu papel de relacionamento interpessoal no espaço virtual. Como ferramentas tecnológicas elas podem ser benéficas ou não, dependendo do uso que se faz delas.

O ser humano tem a necessidade de se relacionar e tem como essência de vida a interação com a sociedade e os seus indivíduos buscando interagir de várias formas. Nas diversas maneiras de relacionamentos existentes, podemos citar a comunicação pessoal e a comunicação virtual.

A tecnologia, ao mesmo tempo em que constrói pontes com o mundo, coloca muros em torno de nós mesmos, pela exagerada exposição da intimidade das pessoas na rede.

Dentro das redes, os relacionamentos de amizade ocupam grande espaço, e continuam predominando mesmo quando contabilizados somente os relacionamentos íntimos.

De forma bastante simplificada, uma rede social pode ser definida como "(...) um conjunto organizado de pessoas que consiste em dois tipos de elementos: seres humanos e as conexões entre eles"1.

Dois aspectos devem ser fortemente considerados quando se trata do estudo de redes sociais. 

Primeiro, existem conexões entre os indivíduos componentes da rede, que descrevem quem está ligado a quem direta ou indiretamente na configuração social. 

Mais que um simples grupo ou conglomerado de pessoas, uma rede social se caracteriza por um conjunto específico de laços entre aqueles que a compõem. Em segundo lugar, há contágio na rede social. 

O contágio diz respeito àquilo que flui ao longo dos laços entre as pessoas. Ele vai além da ligação direta entre dois indivíduos conectados na rede.

Uma das propriedades do contágio em uma rede social é a disseminação hiperdiádica ou tendência de os efeitos se disseminarem de uma pessoa para outra e outra, além dos laços sociais diretos.

Os relacionamentos de amizade ocupam um grande espaço nas redes sociais. 

Segundo Killworth et al.(2), do total de indivíduos que compõem a rede social de uma pessoa - definidos como aqueles que a pessoa conhece pelo nome e com quem tem algum grau de contato pessoal -, 86% são identificados como amigos, menos de 10% são identificados como familiares e os outros como demais relacionamentos. Já Hill e Dunbar (3) chegaram ao resultado de que 63% dos relacionamentos na rede são amizades, 25% são relacionamentos familiares, 8% colegas de trabalho e 4% vizinhos. Esses achados apontam para a significativa predominância dos amigos nas redes sociais.

Mas, como entender este alcance que transpõe os limites da tecnologia e se lança no avesso do outro?

Não há dúvidas de que as redes sociais sanam um pouco da nossa carência de atenção, temos espaço para falar o que pensamos, e, além disso, produz uma espécie de eco, que é o retorno daquilo que o outro pensou, percebeu ou sentiu quando recebeu sua comunicação, seja por escrita, foto ou vídeo. 

Além de alimentar uma reciprocidade, que subentende que quando você recebe algo precisa devolver e assim a comunicação se estabelece e se alimenta por algum tempo.

É claro que é preciso saber definir o público-alvo, as pessoas com as quais queremos nos relacionar. Não há dúvidas que, se faz necessária, uma interpretação coerente sobre os limites de cada um.

Tornar-se responsável pelo que foi capaz de cativar, frase famosa escrita por Antoine de Saint-Exupéry em 1943 no livro O Pequeno Príncipe, simboliza que o homem ao doar, mesmo que seja apenas um sorriso, termina por atrair a atenção de outra pessoa e a responsabilidade está respaldada na obrigação de responder pelas ações próprias.

Certo é que o amor dá para possuir e possui para dar, e esta certeza de que amamos nos faz rever as palavras de tantos nomes imortais na literatura, sem que deixemos de imaginar a nossa própria poesia decifrada nos olhos de quem nos vê, como alguém de profundo sentido em nós.

Amar não é algo fácil, é cativar o outro, é ser doce, humano, sincero, franco, aberto a presença de quem nos quer sem qualquer linguagem artificial. É tomar do jardim da existência, rosas que estão no lugar e servir-se da inspiradora ação de querer decididamente o outro.

Bem, se amar é de fato involuntário, seu ato exige compromisso e esse compromisso por vezes, custa muito. Portanto, para fazer do amor uma realidade é preciso disciplina, entrega paciência e responsabilidade. É preciso, por fim, unir finalmente cabeça e coração e assumir compromissos.

Amar é uma das mais belas e grandiosas características da criatura inteligente. Pois somente quem compreende o valor de uma vida, a importância de um gesto, a simples linguagem da beleza e da harmonia, o envolvimento de um carinho, a sensação de um olhar, a necessidade dos outros, a falta de um apoio, o valor de uma amizade, o aperto ao contemplar a dor e o sofrimento, o papel silencioso da natureza ou quem, à custa do seu sacrifício, se entregar aos demais para que superem seu momento, poderá dizer que realmente amou.

Somente é possível amar com inteligência. Porque é através do amor que interpretamos os segredos contidos na imensidão do Universo e conseguimos transformá-los num simples suspiro de vida. 

Quem diz que ama no arrebatamento de um ato emocional, estará na verdade exteriorizando a necessidade de uma compensação por carência. O amor é uma arte, que exige disciplina e esforço diário. 

O que é o Amor? Senão uma doce harmonia que mesmo distante, nos compreende em sabedoria, fazendo resplandecer cada nobre sentimento de vida, paciência e coragem, na luz do sol, na integridade da lua, respondendo às nossas dúvidas, nos enchendo de alegria... É uma pequena palavra de infinita dimensão, semente viva na alma que germina no coração.

Nunca é demais lembrar que “A medida do amor é amar sem medida”. (Victor Hugo)

Pio Barbosa Neto

Professor, escritor, poeta, roteirista

 (Fonte: www.psicologiasdobrasil.com.br/ www.universeg.com.br/ pepsic).bvsalud.org

Notas 

(1) Christakis NA, Fowler JH. O poder das conexões: a importância do networking e como ele molda nossas vidas. Rio de Janeiro:Elsevier;2010.

(2) Killworth PD, Bernard HR, McCarty C. Measuring patterns of acquaintanceship. Current Anthropology. 1984;25(4):381-97.

(3) Hill RA, Dunbar RIM. Social networks size in humans. Human Nature. 2003; 14(1): 53-72.

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Pio Barbosa Neto

Articulista. Consultor legislativo da Assembleia Legislativa do Ceará

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