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Todo mundo diz o contrário do que quer

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No jogo político atual, talvez a única pessoa sincera seja a Presidente Dilma, que diz e realmente tenta não cair. Mas não depende dela. Ela não tem como negociar com os Ministros do TCU ou do TSE. E se tentar será pior. Como ela não é religiosa, nem rezar pode. Só torcer, se irritar e chegar à beira de um ataque de nervos. Dilma é dilma e não vai deixar de ser.

Está cercada de falsos amigos que querem a saída dela, mas dizem o contrário.

Quem mais quer é Lula, que tem uma visão diferente em relação às perspectivas de 2018. Dilma acha que o ajuste fiscal é necessário para colocar o país em ordem, restabelecer um rumo e dessa forma ter o que mostrar aos eleitores em 2018, e manter a chance do PT se manter no poder. Entende que sem o ajuste, em 2018 a vitória da oposição será certa. 

Nesse ponto Lula concorda, mas diferentemente de Dilma, ele quer ser o líder dessa oposição. Ele quer um Governo fraco, cercado de problemas e ressurgir como "salvador da pátria". Esse Governo não pode ser o da sua Dilma, e para isso ele precisa que ela saia. 

Ele acredita que a sua única chance está na saída dela, a sua substituição, não importa por quem. Ele só vê alguma chance em 2018 se for o líder da oposição. 

É o  que mais deseja a saída precoce dela, mas jamais reconhecerá e dirá. Ao contrário negará sempre.

Temer também quer a saída dela, e com isso assumir a Presidência por 3 anos e preparar o campo para uma vitória do PMDB em 2018. Mas também não pode deixar vazar os seus desejos mais recônditos. Ademais por correr o risco de ser cassado junto com a Presidente, no caso do julgamento  da campanha dela e sua em 2014. 

Aécio está em campanha. Reza pela cassação da diplomação dela pelo TSE, o que poderia levar à sua condução imediata à Presidência. Diz que não quer isso. Diz que quer uma eleição direta, mas não recusará a "missão" que o TSE determinar. Caberá ao TSE definir pela jurisprudência ou pela interpretação de que ocorre a vacância dos cargos, uma vez que tomaram posse. 

O importante para ele, nesse momento - a essa altura do campeonato - é manter a visibilidade. Quanto mais ele provocar Dilma e ela responder, mais ele fica visível. Sem medo de ser chamado ou caracterizado como golpista ou coxinha. Ele acha que ela hoje só fala para uma minoria. Mas  que tem repercussão porque estridente e raivosa. Nessa briga de rua ele vai reforçando a sua posição de líder da oposição a ela.

Quem mantém a guerrilha contra Dilma, com auxilio de Renan, é Eduardo Cunha. Ele precisa ainda de um ano e meio para as suas pretensões. Mas nesse entretempo, poderá promover o processo de impeachment da Presidente que só se encerre no início de 2017. Ai se partirá para uma eleição indireta e ele é o candidato mais forte dentro do Congresso. Fará, embora desminta sempre, uma campanha dentro da Câmara para manter a sua hegemonia.

Mas tanto Cunha como Renan correm o risco de serem condenados pela Justiça em função da Operação Lava-Jato e desenvolvem toda uma ação para tentar caracterizar uma perseguição pessoal do Procurador Chefe do Ministério Público. 

Jorge Hori

http://iejorgehori.blogspot.com.br/

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Jorge Hori

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