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O choro marginal que lava o peito da nação

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Joesley chorou ao ser preso.

Geddel chorou na cadeia.

Assim como choraram, na tribuna e nos palanques, Eduardo Cunha, Lula, Delcídio, Collor e Sergio Cabral.

Nós, os pagadores de impostos, não nos compadecemos perante lágrimas de criminosos disfarçados de empresários e políticos.

É que já choramos demais.

Choramos pela roubalheira desenfreada,

pelos hospitais públicos caindo aos pedaços,

pelos remédios que apodrecem sem uso,

pelos livros jogados em lixeiras,

pelas escolas sucateadas,

pela falta de apoio à ciência,

pelas universidades à míngua,

pelos fundos de pensão dizimados,

pela Petrobras loteada,

pela Amazônia devastada,

pela distribuição de cargos a apadrinhados tecnicamente incompetentes,

pelas estradas esburacadas,

pelos policiais mortos,

pelas bibliotecas e teatros abandonados.

Choramos por ver nossa gente aderindo ao crime por falta de educação de qualidade, oportunidades de trabalho, salários decentes.

Choramos por nós mesmos, apavorados atrás das grades das nossas casas, devastados pelos filhos mortos nos assaltos, impotentes diante da criminalidade que avança.

Chorem, portanto. Seu choro nos revela que alguma justiça vem sendo feita. Ainda que tardia, mesmo que breve, ela tem efeito sobre os espíritos.

Um velho Pai desta Nação, Ruy Barbosa, nos ensinou que a impunidade que tanto os beneficiou até agora, senhores, "desanima o trabalho, a honestidade, o bem; cresta em flor os espíritos dos moços, semeia no coração das gerações que vêm nascendo a semente da podridão; habitua os homens a não acreditar senão na estrela, na fortuna, no acaso, na loteria da sorte; promove a desonestidade e a venalidade; e insufla a baixeza, sob todas as suas formas".

Assim sendo, chorem. Suas lágrimas lavam o peito da Nação.

(Texto de Sonia Zagheto)

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