Lula assume em discurso que está acima do bem e do mal

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“O Lula não é o Lula. O Lula é uma ideia. O Lula é uma ideia assumida por milhões de pessoas. E eles não sabem que o Lula já renasceu em milhões de mulheres e homens.”

Essas palavras foram ditas pelo próprio Lula ontem, em comício no Rio de Janeiro.

Dois pontos são significativos de seu conteúdo.

O primeiro deles: por mais inacreditável que possa parecer, a orientação da campanha petista passa a ser a de se dissociar o ser humano Lula do seu personagem. Edson pode ter lá seus defeitos, mas Pelé é um deus e nunca haverá outro igual. Luiz Inácio pode até ter cometido alguns crimezinhos, mas Lula continua sendo o deus que tirou milhões da miséria. Sacaram?

O segundo ponto: as palavras ditas são uma resposta direta à carta de Palocci. Não só a cultura da seita não acabará, como ela será o mote da campanha de 2018. Agora é oficial: Lula é o Messias que voltou.

Não é por acaso que o Datafolha soltou a pesquisa na segunda-feira dando Lula como vitorioso em qualquer cenário.

Não é por acaso que lemos no Valor Econômico de hoje que a vontade crescente da cúpula petista é de não ter um plano B para 2018. Lula seguirá candidato mesmo condenado em segunda instância. Mesmo que for preso. Seus advogados e os amigos do rei não pouparão esforços nesse sentido.

A aposta é alta, mas não é impossível.

Em tempos de grave crise institucional, Lula decidiu de uma vez por todas vestir a fantasia de todo poderoso e tentar convencer parcela da população de que está acima do bem e do mal.

Acima de juizecos e juizões.

Ano que vem promete.

(Texto de Fernando Augusto Martins Canhada)

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