Suicídio da mãe de Bernardo poderá ser reinvestigado no RS
20/05/2015 às 01:14 Ler na área do assinanteA investigação sobre a morte da mãe de Bernardo Boldrini, Odilaine Uglione, teve mais um desdobramento ontem (18). Cinco anos após o fato ter ocorrido, o Ministério Público de Três Passos pediu ao Judiciário o desarquivamento do inquérito instaurado para apurar o caso. Odilaine morreu no dia 10 de fevereiro de 2010, vítima de um tiro disparado dentro do consultório do marido e um dos acusados de participação no assassinato de Bernardo, Leandro Boldrini — na época, a Polícia Civil concluiu que ela havia cometido suicídio.
De acordo com o MP, a solicitação de desarquivamento é necessária para confrontar, por diligências oficiais, as perícias encomendadas pela família de Odilaine e juntadas ao processo. Uma delas, divulgada no mês passado, aponta que a carta de suicídio teria sido escrita pela secretária de Boldrini. Outros exames particulares, de outubro passado, indicaram que o tiro teria sido efetuado por outra pessoa que não a vítima.
A promotora de Justiça Silvia Jappe afirma que "essa versão do fato (secretária ter escrito a carta) não foi cogitada à época", então, "com o intuito de se confrontar essa nova versão, amparada em documentos unilaterais confeccionados a pedido de parte interessada, impõe-se a realização de perícias e diligências oficiais, por órgãos que detenham atribuição legal para esse fim".
O advogado Marlon Taborda, que representa a mãe de Odilaine, Jussara Uglione, comemora a iniciativa do MP. Desde abril do ano passado, ele tenta a reabertura do inquérito e busca provar que o suicídio teria sido forjado:
— É a confirmação de algo que a avó do Bernardo sempre desconfiou e agora será melhor apurado. Pode implicar em um agravante para as pessoas que já estão envolvidas na morte do garoto. Estamos felizes com as instituições, que cumprem seu papel.
O Ministério Público encaminhou requisição à Polícia Civil de perícia grafodocumentoscópica na carta (que verifica a autoria), reprodução simulada dos fatos, depoimentos de pessoas que estavam no consultório na data e horário do fato e que compareceram ao local depois disso e complementação de perícia realizada, entre outras medidas.
O pedido será analisado pelo Judiciário. As solicitações de Taborda para reabertura da investigação, em 2014, foram negados pela Justiça em duas instâncias.