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Vítima ou réu na história do Brasil?

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Durante um bom tempo me dediquei à história do Brasil para dar aulas, mas também por curiosidade e prazer. Temos uma história fantástica e única que nos permite conhecer a alma do povo brasileiro e explicar o porquê de tanta turbulência em sua história, com muito mais rupturas que continuidades.

Mas, nunca antes neste país houve crise política de tamanha proporção como a de agora. Leio diversos jornais e notícias, comentários e artigos de opinião em mídias diversas e, por experiência profissional, sei que a verdade está nas entrelinhas e nos bastidores nem sempre revelados de imediato, podendo demorar ainda muito tempo para virem à tona.  Para acompanhar de perto essa crise sem tamanho, por enquanto, vamos ter acesso a apenas alguns aspectos do que realmente está acontecendo. Compreender bem o que está ocorrendo agora demora um pouco mais.

O que demonstra a altíssima gravidade do momento político atual é a insatisfação enorme dos mais diversos segmentos da população com o atual governo da presidente Dilma e do seu partido, o PT.  Porém, pouca gente sabe explicar a verdadeira causa desses fatos. Há todo o tipo de explicações e até teorias da conspiração pipocando por ai, a grande maioria equivocada e baseada em impressões pessoais. É necessário e urgente refletir sobre os acontecimentos e procurar compreendê-los, para não tornar o debate político uma inútil bravata entre “nós” versus “eles”, ou ainda as elites contra os despossuídos. E para isso é preciso ouvir as partes, ler os artigos, conversar com as pessoas, sem paixão e sem preconceito. A opinião pessoal não pode prevalecer sobre a reflexão pertinente e responsável.

O momento histórico que vivemos hoje mostra claramente uma situação complexa onde dificilmente se distingue ideias, projetos e programas políticos ou mesmo classes sociais. Não cabe mais, no meu entender, separar a sociedade apenas através de dois lados: o esquerdo e o direito, ou duas classes: a burguesia e o proletariado. No caso nosso, separar os grupos socioeconômicos em classes A, B, C e D também não contempla a realidade de toda a população brasileira, tratando-se apenas de uma nomenclatura que mal a espelha.

Pensar dá trabalho. Vociferar contra uns e outros é muito mais fácil, mas nada resolve.

As pautas políticas são tão diversas e diferentes quanto as demandas sociais e econômicas do nosso tempo. Além do mais, o poder e o crime nunca caminharam tão juntos e estiveram tão identificados de forma tão nítida como hoje, claro, devido a ampla divulgação de informações. Nunca estivemos antes tão envolvidos no turbilhão de problemas como a crise do sistema capitalista como um todo em todo o mundo, mas por aqui a falência da saúde pública, a inoperância e o marasmo da escola pública, o descaso e a depredação acelerada do ambiente natural, a falta de dinheiro no mercado consumidor interno, a crise de grande parte das empresas pequenas, médias e grandes, o crescimento rápido e perverso do desemprego, etc. etc., são os pesadelos que estão presentes no nosso dia a dia e não dá para negar.

Por fim, o volume de gente insatisfeita que reprova e rejeita o governo é significativo, indicando que os fatos são mais contundentes que as versões. Está difícil entender e explicar como as pessoas envolvidas na Operação Lava Jato sejam vítimas de golpe político das “classes conservadoras”. É inacreditável que alguém que receba milhões de reais em pouco tempo, sem nada produzir, seja qualificado como defensor dos pobres e oprimidos quando todos os demais trabalhadores e empresários honestos deste país estão a amargar mais prejuízos que lucros, pagando altíssimos e injustos impostos. 

Por isso, o partido (e suas lideranças) que agora detém o poder tem muito a explicar para não ficar na história do Brasil como responsável pelo pior desastre político e econômico que o país teve em todos os seus últimos 500 anos. Ficar denunciando golpes e apontando o “rabo” da oposição de nada adianta. É preciso encontrar soluções para os problemas mais urgentes e administrar o melhor possível os anos que ainda faltam para as próximas eleições.  Aí os eleitores escolherão de novo quem deverá dar continuidade ao país. 

Caso isso não ocorra, nunca neste país haverá governo competente e genuinamente democrático e com um justo padrão de vida para todos os que estudam e trabalham honestamente.

Valmir Batista Corrêa

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