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José Dirceu, abandonado, resiste à delação premiada

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A situação do ex-ministro José Dirceu é péssima em todos os aspectos. Ele está sem rumo, perdido e abandonado.

Dias antes de ser preso na 17ª fase da Operação Lava-Jato, José Dirceu ligava para a família pedindo que o visitassem porque poderia “ser preso a qualquer hora”. Na semana que antecedeu a prisão, a tensão resultou em uma crise de hipertensão, com pico de pressão arterial de 19 por 12 (o normal é 12 por 8).

Por outro lado, Dirceu está ressentido com lideranças do PT, sobretudo com Lula, com quem não fala desde antes de sua condenação no mensalão. 

A queixa maior é a falta de apoio público por parte da cúpula do partido. Desde que começou a cumprir pena, ele deixou de participar dos destinos do partido e pouco foi visitado pelos “companheiros”. Em março deste ano, seu almoço de aniversário, antes marcado pela presença de políticos de todos os calibres, contou com poucas pessoas e nenhum figurão da legenda.

Há tempos a base de apoio de Dirceu deixou de ser sua corrente interna do partido, a Construindo Um Novo Brasil, e passou a ser o “setorial” da juventude. São esses jovens que organizam manifestações de apoio e gritam, em eventos petistas, “Dirceu, guerreiro do povo brasileiro”. O grito de guerra, no entanto, não foi entoado no último congresso nacional do partido, em junho passado. E a julgar pela reação dos petistas depois da revelação das evidências de que o ex-ministro teria recebido benesses pessoais como uma milionária reforma em sua casa e o aluguel de um jato particular talvez não volte a ser ouvido tão cedo. Integrantes do partido dizem que a suspeita de ter usado um esquema de corrupção para “enriquecimento pessoal” feriu a sensibilidade dos militantes.

A revelação de que José Dirceu recebia propina, enquanto militantes faziam "vaquinha" para pagar a multa imposta pela Justiça, foi traumatizante.

Mesmo com o faturamento de quase R$ 40 milhões de sua empresa, a JD, Dirceu nega ter enriquecido e diz ter dívidas de R$ 3 milhões — acumuladas com a defesa em processos e as atividades políticas. 

Em conversas com amigos antes da prisão, Dirceu admitiu erros: deixar que a Jamp, do operador Milton Pascowitch, pagasse suas despesas diretamente e pedir pagamentos adiantados, operação típica de lavagem de dinheiro. 

Segundo amigos, até recentemente ele não sabia como a questão financeira era gerida. A contabilidade ficava por conta do irmão Luiz Eduardo, também preso. Luiz Eduardo foi escolhido justamente por características que agora podem complicar Dirceu: é um sujeito simples, completou só o ensino médio, nunca teve relação com a política ou vida pública e pode não saber como responder aos investigadores. De antemão, Dirceu acredita que será condenado. E diz lamentar não ter mais 50 anos para ter tempo de cumprir a pena e tentar redimir a biografia. 

Segundo amigos, não há hipótese de que ele aceite delação premiada.

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