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Ayache sem PT, o PT sem Ayache

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Entrevistei Ricardo Ayache na semana passada, por telefone, e perguntei se estava certa sua saída do PT e em qual partido ingressaria. Ele me afirmou que, se saísse, procuraria um abrigo onde pudesse conservar e desenvolver um projeto político de acordo com seus critérios conceituais. E retratou, com ênfase, o que significava esse “de acordo”: um partido de centro-esquerda.

Na quarta-feira (19) ele oficializou seu pedido de desfiliação do PT e não anunciou qual partido prefere para desenvolver seu projeto político de centro-esquerda, já que o PT não serviu.

Por enquanto, assim define como vai proceder até anunciar a nova casa política: "O que todo mundo tem me perguntado agora é qual será meu rumo partidário, mas o momento é de muita serenidade e reflexão. Não é isso que pauta a minha vida. Queremos promover, por meio do Instituto Diálogo, um amplo debate sobre políticas públicas, qualificar esse debate".

Ricardo Ayache é um dos melhores quadros políticos da nova geração em Mato Groso do Sul. Sem ele, o PT perde uma de suas melhores forças. Mas a recíproca é verdadeira: sem o PT, e mesmo sem desgastes, Ricardo Ayache não terá em outra legenda uma respiração de ruas, de liberdades e de acúmulos que só teria no PT.

Ainda assim, entendo que o PT perdeu mais. Internamente, as fogueiras seguem cozinhando o que temos de lenha pra queimar. Não é pouca, ainda há suficiente para manter acesa a chama das lutas democráticas, populares e inclusivas. É luta pra quem fica. Pra quem colhe o ônus.

Ayache não tem culpa de sentir-se desconfortável no PT. De virar tatuí na arrebentação das ondas. Seria um dos nossos melhores nomes para as próximas disputas.

Contudo, o PT precisa aprender lições que ainda não aprendeu, precisa com suas perdas retomar à essência de quando não era um partido eleitoralista, muito mais programático em sua organicidade e capaz de prevenir-se com antídotos contra as pestes geradas pela síndrome a governabilidade.

Ah, antes que me esqueça: andam dizendo que Ayache vai para o PTB. Tão de centro-esquerda quanto o DEM e o PSDB.

Edson Moraes

da Redação Ler comentários e comentar