A trajetória do "capo", o escândalo do hospital do câncer e a pretensão de reviver o esquema criminoso

18/06/2018 às 08:17 Ler na área do assinante

Na década de 80, quando o ex-governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli, ainda era deputado estadual, sua esposa, dona Elizabeth Machado Puccinelli, foi uma das protagonistas de uma colisão ocorrida no trânsito de Campo Grande, a bela Capital do estado.

O fato seria comum, e não teria maiores alardes, caso a mulher que viria a ser primeira dama do estado, não estivesse dirigindo naquela ocasião um veículo roubado.

Um ex-delegado de polícia, de nome Adailton Raulino Vicente da Silva, que foi titular da DEFURV (Delegacia Especializada em Furtos e Roubos de Veículos), montou um forte esquema de corrupção dentro da delegacia, onde, para se manter no cargo, oferecia ao político que lhe dava cobertura, carros roubados, mediante “cautela”, ao invés de devolvê-los aos seus legítimos donos, que sequer ficavam sabendo que o bem havia sido recuperado.

O então deputado estadual André Puccinelli era o político que dava cobertura ao delegado corrupto e assim detinha uma verdadeira frota de veículos para atender seus familiares, assessores, amigos e “cupinchas”.

Assim Puccinelli iniciou a sua trajetória de coisas mal feitas e de impunidade na política de Mato Grosso do Sul.

De lá pra cá, André Puccinelli tem tido participação efetiva numa série de coisas cabulosas ocorridas em Campo Grande e no Mato Grosso do Sul. A sua própria eleição para prefeito, em 1996, quando venceu o seu adversário por uma diferença de apenas 411 votos, foi recheada de denúncias de fraude, compra de votos e corrupção.

Mais tarde, o escândalo do hospital do câncer de Campo Grande, tornou-se público. Médicos e empresas ligadas ao esquema transformaram esta terrível doença numa verdadeira fonte de enriquecimento ilícito. Médicos, que na teoria se formam para salvar vidas, utilizavam-se do sofrimento de pessoas doentes, do sofrimento de famílias com a perda de um ente querido, para faturar, ganhar dinheiro.

O programa Fantástico, da Rede Globo, foi quem tornou público a revelação estarrecedora.

A reportagem global mostrou que por trás da máfia que se enriquecia no hospital do câncer, existia a proteção do então governador do estado, pasmem um médico.

Outra coisa ficou bem clara na matéria: na época uma boa parte do Ministério Público e do Poder Judiciário de Mato Grosso do Sul era instrumentalizada pelas mãos do governador.

Essa turma, esses “vampiros”, até hoje não foram punidos de maneira exemplar.

André chegou a ser preso duas vezes, por um período usou tornozeleira eletrônica, mas atualmente está livre, leve e solto, e é pré-candidato a governador.

Certamente quer reviver a lucrativa fonte proporcionada pelo hospital do Câncer e outras inúmeras tramoias que soube executar com a maestria de um verdadeiro 'capo'.

É lamentável e preocupante.

José Tolentino

Jornalista. Editor do Jornal da Cidade Online.

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