O outro lado da moeda: quando o Estado tem interesse em sua miséria

18/06/2018 às 09:27 Ler na área do assinante

Tive uma experiência única neste último final de semana: fui convidado a visitar algumas comunidades carentes em uma cidade localizada na famosa região do Bico do Papagaio, norte do Tocantins (TO). Foi uma experiência enriquecedora que nos faz repensar a vida e a rever alguns de nossos paradigmas.

Antes de iniciar o relato desta aventura, gostaria de deixar claro a minha intenção ao escrever este texto: compartilhar uma experiência pessoal que mudou a minha maneira de encarar certos conflitos sociais. Não tenho a intenção de criticar nenhuma autoridade em específico, já que o que observei não é um "privilégio" do TO, mas afeta o Brasil como um todo.

Tive a oportunidade de conhecer e de conversar com várias pessoas humildes, economicamente falando, porém de uma riqueza espiritual enorme, difícil até de quantificar.

A universidade da vida conferiu a esses cidadãos diplomas que não poderiam ser adquiridos em nenhuma renomada faculdade localizada em nenhum país desenvolvido do planeta: se escutarmos com o coração esses relatos, poderemos aprender muita coisa útil (aprendi muitoooo).

Vi pessoas "pobres" dividindo o indivisível com pessoas muito mais necessitadas do que elas. Ouvi um relato de um ex-detento, recuperado e integrado à sociedade por uma Grande e Idealista pastora que dedica a sua vida a ajudar os mais necessitados, que de dentro de sua humilde casa de chão batido e feita de palha, clamava por um emprego digno, onde pudesse retirar o sustento honesto para alimentar a sua família.

Ouvi jovens, cheios de sonhos e de esperança, dizendo que necessitavam de escolas melhores, de lugares para poderem praticar mais esportes, de aulas de dança e música, de escolas profissionalizantes que os preparassem para um mercado de trabalho que não existia, quem sabe, em alguma pequena indústria ou comércio que viesse a ser instalado em um futuro próximo.

Também presenciei a revolta de cidadãos conscientes que entendiam que eram utilizados como massa de manobra para eleger políticos corruptos que estão interessados apenas em revolver os seu problemas pessoais esquecendo-se das reais necessidades do povo que os elegeu. Estavam revoltados como alguns de seus vizinhos eram capazes de vender o seu voto por uma garrafa de pinga, ou por alguns míseros reais.

Sabiam que alguns líderes comunitários recebiam um emprego fantasma, com uma "gorda remuneração", sem nada fazerem ou produzirem, apenas para poder influenciar e guiar um rebanho inconsciente rumo ao abatedouro eleitoral.

Neste final de semana percebi que o Estado não tem interesse em libertar os seus cidadãos dos grilhões da escravidão social e econômica, pois cidadãos educados e conscientes capazes de ler e interpretar a vida como ela realmente é não interessa aos que fazem do parasitismo Estatal a sua profissão de vida e de fé.

A pobreza interessa não só a esquerda que arregimenta os "pobres" (de consciência e de espírito) para engrossar as fileiras do exército dos que sonham com o dia que perderemos a nossa liberdade ao nos transformar em uma Venezuela, mas também aos que se dizem de direita e usam o dinheiro que deveria ser utilizado para se executar melhorias na sociedade para comprar carros de luxo, barcos caros, viagens ao exterior e outras excentricidades para os seus.

Precisamos rever os nossos conceitos, precisamos rever as nossas ações e as nossas atitudes.

0bs.: Já pensou se você fosse um ex-presidiário e após tentar de todos os jeitos e maneiras arrumar um emprego honesto para sustentar a sua família e se reintegrar a sociedade, visse seu filho e sua esposa passando fome, o que você faria?

Dedico este texto a grande guerreira e Pastora Luiza Regina de Tocantinópolis (TO), e a todas as outras pessoas do país e do mundo, que abrem mão de sua "paz pessoal, de sua individualidade e privacidade", para levar um pouco de esperança e de dignidade as pessoas que estão desesperadas e a procura de ajuda.

Roberto Corrêa Ribeiro de Oliveira

Médico anestesiologista, socorrista e professor universitário

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