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Marun atuava no Ministério do Trabalho fazendo uso de uma "laranja"

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Integrantes do Ministério do Trabalho atropelavam exigências legais e fabricavam pareceres fraudulentos para atender pedidos do ministro Carlos Marun. É o que diz o relatório da Polícia Federal divulgado neste sábado (14) pelo jornal Folha de S.Paulo.

Quando a operação Registro Espúrio foi desencadeada, o ministro sustentou que nunca havia pisado no Ministério do Trabalho. É possível. A emissária de Marun no órgão era a sua chefe de gabinete Vivianne Lorenna de Melo e uma ‘laranja’, Jéssica Mattos.

Segundo a Folha, ‘as demandas constam de mensagens trocadas pela assessora com servidores do ministério em maio deste ano, dias antes de a Operação Registro Espúrio ser deflagrada’.

‘O então coordenador-geral de Registro Sindical, Renato Araújo, repassava os pedidos a uma aliada, Jéssica Mattos, que não tinha vínculo com a pasta. Os dois foram presos na primeira fase da operação, dia 30 daquele mês.’

‘Mesmo sem ser servidora, segundo os investigadores, era ela a responsável por produzir manifestações consideradas pela PF como fraudulentas para entidades que -possivelmente ofereceram vantagens indevidas - a Marun.

A PF conseguiu surpreender diversos casos em que a chefe de gabinete solicitava vantagens, sempre usando a tal ‘Jéssica’ como ‘laranja’.

Num dos casos elencados como exemplo pela PF, Renato Araújo envia a Jéssica cópia de email com as demandas da chefe de gabinete, nas quais ela solicita a concessão de um registro sindical para o Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário Federal e Ministério Público da União no MS (Sindjufe-MS).

Na sequência, pergunta qual nota técnica ela estaria fazendo. Jéssica responde estar com o caso do Sindjufe, “quase pronto”. “Falta eu decidir o que escrever para justificar”, afirmou.

Ela explica que o processo estava incompleto, pois faltavam publicações em jornais de grande circulação e no Diário Oficial da União (DOU).

“O teor do diálogo revela o que foi comprovado nesta investigação. As manifestações são ‘fabricadas’ de modo a atender interesses privados, com diuturna ofensa aos princípios da legalidade, impessoalidade e moralidade”, interpretou a PF.

“No caso sob análise, Jéssica admite que a entidade não havia cumprido requisito exigido pela legislação, mas que estaria pensando numa solução para atender à demanda de Vivianne”, acrescentou.

Ações de busca e apreensão contra Marun e Vivianne foram requeridas pela PF, mas indeferidas pelo ministro Edson Fachin que, naquele momento, entendeu que ‘os indícios eram insuficientes’.

Porém, com a análise do material colhido na busca e apreensão de outros investigados, as investidas espúrias de Carlos Marun estão ficando evidentes.

da Redação Ler comentários e comentar