O outro lado do sagrado direito de votar

Ler na área do assinante

"Informe-se e vote consciente” (exaltado pela nobre Senadora Ana Amélia PP-RS).

É um belo lema para um país onde os dirigentes (todos os poderes) oferecem REAIS oportunidades para que os eleitores estudem e onde sejam ensinados a avaliar o trabalho de seus representantes para decidir a quem oferecer sua procuração (voto) e TENDO meios de cancelar esta procuração tão logo seu representante seja condenado por um ato lesivo aos nossos cofres. Em assim não sendo, até o próximo pleito ele terá tempo suficiente para criar enormes problemas ao nosso país (para pagarmos a conta depois). Contando com a tradicional “falta de memória” popular que nos diferencia de outros povos.

O RS (desejei nascer lá desde minha 1ª visita em 1985) sem dúvida possui uma população de alto nível educacional, cívico e cultural. E mesmo assim, algumas vezes conduz alguns ratos à esfera do poder. Imaginemos agora o restante do povo deste imenso território, devidamente “emburrecido” (e sem condições mínimas para interpretar manchetes de jornais pendurados nas bancas) por estes que se apossam do “direito” de elaborar “leis” que interessam aos patrocinadores de suas enganosas campanhas eleitorais.

O sagrado direito de votar (pelo menos isto) não nos obriga a escolher um número para eleger um candidato que consta de um repetitivo e monótono cardápio viciado. Mais do que levantar a preocupação em termos de escolher um número diferente de 99, seria importante para a Democracia que houvesse uma cruzada cívica (partindo das câmaras – há interesse?) no sentido de tornar os resultados das urnas-E (consulte o Deputado Amilcar Brunazo para conhecer mais de 10 formas de manipulação de votos) transparentes.

Começando pela impressão do voto para eventuais conferências pontuais futuras.

Ao entrarmos numa padaria e nos informarmos sobre a composição e o preço dos aperitivos exibidos na vitrine charmosa, ao vermos as datas de validades (bem pequena) vencidas, não somos obrigados a ingerir nenhum dos produtos bem arrumados nas prateleiras. E por que no caso de candidatos a cargo público não podemos rejeitar TODOS com um honesto 99? Afinal, se o sistema aceita este número é porque ele pode ser escolhido (a Democracia permite) por quem paga caro (já que não tem retorno) por este formato de sistema! É uma forma civilizada de protestar sem precisar danificar patrimônios públicos ou privados, como fazem os arruaceiros que mancham alguns movimentos populares.

Tendo em vista nosso distorcido cenário, enorme parte dos eleitores acredita que “renovar” é apenas deixar de votar nos “mesmos” que há décadas nos ferram impunemente. Mal percebem que eleger esposas, filhos, netos, irmãos, sobrinhos e similares destas ratazanas que os lançam na corrida eleitoral, apenas significa uma troca de nomenclatura que nada ajuda para uma corrida de recuperação de nossa dignidade.

Com 99% de certeza acredito que a nobre Senadora tem bons princípios para frutificar suas ideias. Mas também tenho a impressão de que ela faz parte da minoria honesta que por se manter calada diante dos desmandos de seus pares que se lixam para seus eleitores (após os pleitos), concede um “aval” a estas perniciosas figuras que corroem nossa dignidade na certeza da impunidade que suas “leis” oferecem aos seus desmandos.

O que nos dá tristeza é ver um nome ainda sem registro policial, efetuar “aliança” com qualquer um remanescente da “velha guarda” da toca dos “goelas grandes”. A Senadora deixou-se levar por alguma lorota bem articulada para emprestar seu apoio ao que representa o arcaico em matéria de dirigente?

ANTES de nos pedirem que votemos (por que é obrigatório numa democracia?) façam algo que nos atraiam.

Seguem algumas sugestões.

- Acabem com aposentadoria integral de legisladores após 8 anos de embromação.
- Acabem com imunidades quando os “males feitos” saírem do âmbito da explanação de ideias.
- Reduzam em 75% a verba de gabinete (cortar dezenas de “aspones”).
- Limitem uso de aviões da FAB a 4 vezes por ano (ficaria limitado para coisas sérias).
- Descontem impostos destes “dedicados” trabalhadores a favor do INSS.

Se a cesta plastificada de caquis reluzentes abriga somente frutas estragadas (a parte danificada está na parte de baixo para o povo não ver), só nos resta coloca-los no lixo, votando 00 (ou 99).

Foto de Haroldo Barboza

Haroldo Barboza

Matemático. Profissional de TI, autor do livro Brinque e Cresça Feliz.

Ler comentários e comentar