Queimando nosso dinheiro

04/09/2018 às 06:49 Ler na área do assinante

Felizmente desta vez, por sorte, não tivemos vítimas fatais. O descaso oficial deixou que mais uma marca triste fosse incorporada à caderneta de desilusões do povo largado à própria sorte. O Museu da Quinta (RJ) foi consumido pelas chamas e se tornará mais um caso que em breve será esquecido por aqueles que apreciam o caos que lhes rendem bons dividendos.

Com o incêndio da boate Kiss em Santa Maria (RS) no início de 2013, voltou à tona o velho problema que aflige o aglomerado de construções edificadas sem planejamento de segurança nas grandes cidades. A preocupação dos construtores é aproveitar cada metro quadrado para mais um cômodo do condomínio ou mais espaço para clientes aglomerados em teatros, boates e shoppings, em detrimento de uma área de escape em caso de acidentes perigosos. Pouco se importam com a vida dos que frequentarão o futuro prédio. O desleixo da administração pública que concede "habite-se" para novas edificações sem maiores exigências (equipamentos de combate, rotas de fuga apropriadas e desimpedidas) permite inaugurações inadequadas.

A tragédia torna-se normal por nossa acomodação (não boicotamos tal prática danosa) ao longo do tempo e num belo dia somos filmados e exibidos ao mundo, com nossos corajosos bombeiros numa luta desigual contra o fogo, sem equipamentos modernos, com mangueiras furadas, hidrantes entupidos e obstruídos por carros e outros obstáculos que triplicam o tempo de atuação dos valorosos soldados.

E o cenário piora com antigas construções públicas cuja manutenção custa R$ xxx,00/mês mas a verba é cortada em 90% para abastecer as contas dos políticos imorais, que preferem que o imóvel desabe para que um novo seja levantado pelo quíntuplo do preço (vejam os estádios da copa 2014) para um “gordo rateio” entre os signatários.

Você não vai perder mais de 5 minutos numa vistoria superficial quinzenal em prédios diferentes em qualquer região do país. Circule principalmente onde você mora e trabalha. Observe os fios desencapados e aglomerados prontos para um curto ao lado de inflamáveis velozes. A maioria das pessoas prefere ignorar estes riscos e penetram nestas armadilhas sem exigir que suas vidas sejam preservadas.

Este episódio da perda de nosso museu encaixa perfeitamente dentro de um parágrafo de meu artigo (2001) intitulado “falência orquestrada da Educação e da Cultura” que replico aqui.

“... milhares de escolas básicas públicas que deveriam ser exibidas na tv no horário nobre estão literalmente caindo aos pedaços. Goteiras, janelas empenadas, vidros quebrados, instalações sanitárias entupidas (risco de doenças), fios prontos para um curto, tacos soltos, quadros pendurados com parafusos de menos, telhas com furos demais e outras dezenas de mazelas. Outros agravantes para torná-las inviáveis: filas nas frias madrugadas ...”

Haroldo Barboza

Matemático. Profissional de TI, autor do livro Brinque e Cresça Feliz.

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