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Religiões, seitas, Lulopetismo e a "inocência" incondicional de Lula

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É uma discussão muito sutil a que procura distinguir seita de religião.

De um modo geral, entende-se por religião um conjunto de crenças e dogmas marcados por normas que regem o comportamento social e individual daqueles que professam uma Fé.

Entende-se por seita uma religião minoritária, em geral derivada de uma religião maior. Realmente, a não ser por uma questão de escala e possivelmente de origem, no essencial religião e seita são termos intercambiáveis, sem que isto possa gerar qualquer confusão ou constrangimento a pessoas de Fé.

No essencial, ambos os conceitos são estribados em algo não definido axiomaticamente chamado Fé, que pode ser entendido como um sistema de crenças. Por exemplo, crença em um (pelo menos um) ser absoluto em vários aspectos: poder, existência atemporal (não tem origem em um tempo passado nem fim em um tempo futuro), conhecimento (nada lhe escapa de saber, nem as leis da natureza, nem os atos dos seres vivos: homens, animais e plantas), bondade e/ou maldade. Crenças em verdades doutrinárias tomadas como certas, definitivas, indiscutíveis e, cada uma delas um ponto fundamental, são chamadas dogmas, tanto de uma religião como de uma seita.

Após esta breve introdução, o leitor pode ter a impressão de que vou adentrar uma profunda discussão teológica. Nada disso. Apenas quero salientar que o Lulopetismo, como o Nazismo e o Comunismo podem, cada um, ser carimbados como religião ou seita, pelo que cada dessas doutrinas contém de fé dogmática.

Entretanto, aqui, para me ater à terminologia da literatura, vou me referir ao Lulopetismo, ao Nazismo e ao Comunismo como seitas. Deixando claro, entretanto, que este é um conceito aproximado, no sentido de que os deuses dessas crenças prescindem de algumas características do Deus (ou Deuses) de uma religião ou seita, no sentido estrito. Por exemplo, os deuses Marx, Hitler e Lula, respectivamente das seitas Comunismo, Nazismo e Lulopetismo, não têm existência atemporal. Mas em suas respectivas seitas existe fé, no sentido de crença em verdades doutrinárias tomadas como certas, definitivas e indiscutíveis, mesmo que pesem evidências em contrário.

O dogma do Determinismo Histórico da seita comunista é uma boa ilustração. Este dogma garante que o Capitalismo perecerá ao Comunismo. Pouco importam as evidências em contrário (morte da União Soviética, queda do muro de Berlim, etc.), ele permanece como verdade absoluta, eterna e inquestionável – fé - para os fiéis da seita do Comunismo.

Recente declaração de José Dirceu - outrora ajudante-de ordens de Lula, hoje condenado a 30 anos de cadeia - de que o Lulopetismo vencerá e tomará o poder em questão de tempo, não necessariamente por eleições, pode ser identificada como uma manifestação do dogma do Determinismo Histórico.

Mais genericamente, Comunismo, Nazismo e Lulopetismo são doutrinas dogmáticas, como toda seita. Como o interesse aqui é centrado na seita do Lulopetismo, tenho por obrigação citar alguns de seus principais dogmas. Limito-me a citar dois deles, o que já ilustra suficientemente o que falei acima.

1. DOGMA DA INOCÊNCIA INCONDICIONAL DE LULA

Este dogma, aceito como questão de fé pelos devotos da seita do Lulopetismo (principalmente os de universidade), diz que Lula, incondicionalmente, é inocente de todos os crimes por que foi condenado e por todos os outros a que vier a ser condenado no futuro próximo.

Não importam as acusações, as evidências, as provas, os procedimentos investigatório, acusatório e processual - todos absolutamente padronizados e formatizados pela Constituição e pelo Código de Processo Penal. Não importa se a sentença em primeira instância é confirmada em segunda e em terceira instância, até por unanimidade: nada, absolutamente nada disso será capaz de demover a fé do devoto lulopetista na inocência de Lula. Por este dogma Lula é a priori inocente e a posteriori, caso condenado, “vítima” de “abuso de poder” e de “perseguição” do Judiciário.

2. DOGMA DA CONSTITUIÇÃO E OPERACIONALIZAÇÃO DA JUSTIÇA

Este dogma, de fato, dá embasamento conceitual ao anterior. Na enunciação deste dogma entende-se por ‘governo lulopetista’ uma administração pública ungida e abençoada pelo deus da seita: Lula.

Este dogma foi descrito à perfeição pelo articulista J. R. Guzzo e vai aqui citado com as modificações ditadas pelo contexto local:

“O sistema de Justiça é uma repartição pública cuja única função é declarar como ‘legal’ tudo o que um governo lulopetista manda fazer; seus juízes, procuradores e demais funcionários devem ser gente do PT, ou a este partido coligado, com a obrigação permanente de receber ordens do deus da seita e obedecer a elas. A lei não é o que está escrito. Não é igual para todos. Não é hoje a mesma que foi ontem ou será amanhã. A lei, de acordo com este dogma, é apenas o que o deus Lula e seus ungidos querem que ela seja, num momento específico.”

Sumarizando, poder-se-ia invocar as palavras do Rei Sol, Louis XIV, da França - L’Etat c’est moi - e fazer uma paráfrase que sintetiza o enunciado de Guzzo para o Dogma da Constituição e Operacionalização da Justiça, da seita do Lulopetismo: L’Etat c’est Lula.

(Texto de José J. de Espíndola. Engenheiro Mecânico pela UFRGS -- Mestre em Ciências em Engenharia pela PUC-Rio -- Doutor (Ph.D.) pelo Institute of Sound and Vibration Research (ISVR) da Universidade de Southampton, Inglaterra -- Doutor Honoris Causa da UFPR -- Professor Titular da UFSC, Departamento de Engenharia Mecânica, aposentado).

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