
Juiz Sérgio Moro alerta sobre a possibilidade da Lava Jato cair no esquecimento
25/09/2015 às 07:21 Ler na área do assinante
O juiz Sérgio Moro participou nesta quinta-feira (24) de um almoço com empresários em São Paulo e se negou a comentar diretamente a decisão do Supremo Tribunal Federal de desmembrar as ações penais, o que reduz a atuação dele como responsável na primeira instância e enfraquece a tese central de que uma organização criminosa operou para manter um projeto político do PT no poder.
Entretanto, Moro alertou que há risco de os processos "caírem no esquecimento".
Segundo o magistrado, o sistema jurídico brasileiro é fraco e, desta forma, o risco de prescrição dos processos por corrupção é evidente. Ele também defendeu os acordos de colaboração premiada como método de investigação.
"Nenhuma medida é tomada apenas com a delação, mas sim com outras provas que a Justiça vai buscar. Sem as delações, há riscos de os processos prescreverem, uma vez que a Justiça no Brasil é morosa. Por isso, é melhor ter solução para um processo do que não ter para nenhum".
Moro considerou "aterrorizante" a corrupção sistêmica no país e a naturalidade do recebimento de propina.
"No âmbito das instituições públicas, é extremamente necessária uma postura firme tanto dos diretores como dos juízes. Mas igualmente importantes são reformas no sistema de justiça criminal", disse. Moro defende, por exemplo, o projeto de lei que pode autorizar a prisão a partir de uma condenação por crimes graves em segunda instância - atualmente, a pena só começa a ser cumprida depois de o processo criminal transitar em julgado, ou seja, de todos os recursos serem esgotados.
Ainda no encontro, empresários questionaram o juiz Sérgio Moro se a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003/2010) era uma 'questão de tempo'. Moro disse: "Eu não falo sobre o que acontece ou não acontece na investigação para o futuro e acho que este tipo de pergunta deveria ser feita em relação a vários outros personagens tanto dentro da investigação, quanto fora da investigação. É o tipo de pergunta que não tem nem como começar a responder."
Lula não é investigado, mas há duas semanas a Polícia Federal pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) autorização para ouvir o ex-presidente no inquérito principal.
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