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Moro: O alvo errado do PT

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Queiram perdoar os amigos petistas mas já alcançou as raias do ridículo e do grotesco o comportamento do partido em tentar crucificar o juiz Sergio Moro pela prisão de Lula.

Na última terça-feira um grupo de parlamentares do PT entrou com uma representação no CNJ solicitando que Moro seja impedido de assumir qualquer cargo público. Acusam o juiz de agir com parcialidade para prejudicar o PT. Prejudicar como, cara pálida? Ninguém tem prejudicado mais o PT do que o PT. Basta consultar a longa lista de prejuízos que causou a ele mesmo, à esquerda e ao país.

O problema é que o PT não reconhece suas lambanças nem sob vara e se acha vítima de uma interminável conspiração em rede nacional.

Para se “defender” escalou Moro para Cristo (ou anticristo). Será que o partido, seus advogados e seus militantes ainda não entenderam que não foi Moro quem botou Lula na cadeia? Ou será que entenderam mas não querem – como dizíamos na juventude – dar o braço a torcer?

O ponta-pé inicial nesse jogo que parece não ter fim foi dado pelo Ministério Público Federal ao denunciar Lula pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro (no caso do tríplex do Guarujá). A bola então foi passada para a 13ª Vara Criminal em Curitiba, responsável pelos processos da Operação Lava-Jato. Lá estava Sergio Moro que ao contrário do que pensam alguns petistas desavisados não pediu o processo para ele (“Por favor, mandem esse processo para cá que eu quero perseguir o Lula!”).

Moro leu as denúncias e vendo, pelas provas apresentadas, que não se tratava de uma perseguição do MPF, pensou duas vezes e condenou o ex-presidente a nove anos e um mês de prisão. Como era uma decisão em primeira instancia e ainda cabia recursos, Lula permaneceu leve, livre e solto. Os advogados do PT, porém, estão certos que na perseguição ao seu cliente, Moro chegou a ligar para a cadeia perguntando se havia vaga.

A bola então foi chutada da 13ª Vara de Curitiba – e do controle de Moro – para o Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre. Ai o que aconteceu? Os três desembargadores da 8ª Turma não só mantiveram a condenação – por unanimidade! – como acharam que Moro foi muito bonzinho na sua sentença e aumentaram a pena de prisão para 12 anos e nove meses em regime fechado. A condenação em segunda instancia levou Lula para a confortável prisão da PF em Curitiba de onde acompanha os jogos do Corinthians e a movimentação do futuro presidente que o PT “ajudou” a eleger.

Por favor, senhores, troquem o disco e procurem outro Cristo.

(Texto de Carlos Eduardo Novaes)

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