Não basta apenas rezar

12/11/2018 às 12:41 Ler na área do assinante

Houve uma época num passado remoto em que a Igreja Católica exerceu o poder de administração de algumas nações. Por ser composta de seres humanos, também cometeu seus desatinos e algumas injustiças. E qualquer que seja a entidade que venha exercer esta função haverá de passar por esta ocorrência. Não vamos ser hipócritas a ponto de desejar a sociedade perfeita. O que procuramos é a sociedade suportável, onde as realizações sejam voltadas para a maioria, que sejam transparentes e que ao acontecer o erro, haja honestidade do gestor em admiti-lo e esforço no sentido de corrigi-lo da melhor maneira possível.

Imaginemos uma avenida longa que tenha sido construída sem retornos e por onde atravessam 40.000 veículos por dia. Surgirão reclamações de 4.000 moradores da região e de outros 40.000 que atravessam o local engarrafado diariamente. Após algumas ponderações, o engenheiro explica o motivo de não existirem os retornos em seu projeto (na verdade deveria ter tentado algumas opiniões da comunidade antes da obra). Mas acaba aceitando sugestões e os abre em 4 ou 5 pontos ao longo da via. Depois disto, uns 100 moradores da região ainda vão reclamar que tais retornos foram mal feitos, pois terão de transitar 1 km ou realizar uma perigosa contramão de 20 metros. Neste caso, não há como atender a estes insatisfeitos. É o sacrifício aceitável de 100 em prol de 43.900 pessoas.

O importante é que haja participação do maior número de pessoas e entidades representativas ao lado do governo eleito, para sugerir as prioridades sociais e fiscalizar as ações destes governantes.

Hoje, sentimos que a Igreja não participa ativamente deste processo. Limita-se a suprir a fome de desesperados obtendo recursos junto a desamparados em potencial. Pouco faz junto à administração pública no sentido de evitar o surgimento de novos desamparados. Orienta para que o rebanho reze para que a luz se faça na cabeça dos governantes. Afinal de contas, riscar um fósforo não é um pecado imperdoável. Se todos nós riscarmos um palito e desfilarmos com velas acesas em frente aos palácios das elites, certamente os resultados virão com menos sessões de reza (temos de perder o hábito de apenas ficar pedindo milagres aos santos - temos de fazer nossa parte). Ela só se pronunciou com mais ênfase quando uma tv comandou a queda de Collor (dizem que a rede de tv se comprometeu a recuperar algumas igrejas despedaçadas). Estará ela contente com o atual modelo que massacra seus fiéis impunemente e os leva a ingressar em outros grupos religiosos que gritam mais alto?

Não deve ela se penitenciar por grotescos erros do passado. Deve mostrar sua força efetuando uma campanha pela recuperação dos valores morais e familiares, que estão sendo gradativamente destruídos por uma mídia herege. Combater abertamente as novelas imorais e programas indecentes. Não ter medo dos patrocinadores. Salvar seu rebanho enquanto ele não dispersa integralmente.

Bolsonaro está aberto e atento para convocar este ramo no sentido de ajudá-lo na ferrenha batalha contra o “indignado” grupo que lidera a fragmentação familiar para conseguir se apossar do comando de nossa rica (porem mal gerenciada) nação?

Não vamos rezar por isto. Vamos sim, sugerir, apoiar e acompanhar a execução das medidas básicas de resgate do orgulho de sermos brasileiros.

Haroldo Barboza

Matemático. Profissional de TI, autor do livro Brinque e Cresça Feliz.

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