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O retorno do "Rosegate"

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Depois de um longo período ausente das manchetes, a ex-secretária especial da presidência da República de Lula, Rosemary Noronha, que a imprensa denuncia como sua amante (a primeira-dama era dona Marisa), retorna à berlinda numa situação financeira pouco confortável. Respondendo a crimes como formação de quadrilha, tráfico de influência e corrupção ativa, é alvo da Operação Porto Seguro, deflagrada pela Polícia Federal, no ano de 2012.

Protegida pela justiça até o presente momento, nada lhe aconteceu. Depois de uma bem articulada operação abafa, evitou-se que o escândalo gerasse danos maiores, sobretudo para os petistas e para o próprio Lula, com quem Rosemary mantinha uma antiga relação.

Essa senhora, que operava nos bastidores do poder distribuindo benesses e fazendo acordos altamente rentáveis, ainda é um pesadelo para a cúpula petista, principalmente porque, assustada com a possibilidade de ser abandonada por seus antigos padrinhos, já avisou que, caso condenada, contaria “tudo o que sabia”.

Os problemas de dona Rose são muitos, mas ela não está sozinha.

Na Operação Cratóns, da Polícia Federal em Rondônia, desdobramento da Operação Lava jato, foram presas pessoas envolvidas com extração e venda de diamantes oriundos da Tribo dos índios Cinta Larga. Nela, o “boato” é que a ex-toda poderosa secretária aparece como uma das figuras mais destacadas do esquema.

Segundo a imprensa, essa operação demonstrou que os negócios com os diamantes vinham ocorrendo há mais de uma década, com fortes ligações com o ex-presidente Lula e com a cúpula petista.

Uma das linhas de investigação dá conta de ocultação de dinheiro ilícito em forma de diamantes, fácil de carregar e fácil de esconder. Como disse um reporter na época, na palma da mão pode-se facilmente colocar alguns milhões de dólares na forma de uma única pedra.

A imprensa também publicou que dona Rose “ganhou” de Lula um passaporte exclusivo de membro do primeiro escalão do governo para viagens de negócio ao exterior, tanto sozinha como acompanhada do amigo, de preferência no avião presidencial.

Ainda segundo a imprensa, o Serviço de inteligência das Forças Armadas recebeu informes de que dona Rose participava de negócios com diamantes em pelo menos cinco países: Bélgica, Holanda, França, Inglaterra e Alemanha. As pedras preciosas seriam originárias de negócios ocultos feitos pela cúpula petista na África, principalmente em Angola. Tal informação também teria sido passada à Procuradoria Geral da República (PGR) pelos próprios militares.

Outra informação destacada é de que não existem registros nos anais da FAB das viagens internacionais feitas por dona Rose nos aviões da Presidência da República, embora a ex-chefe do gabinete paulista de Dilma tenha viajado 24 vezes ao exterior com o amigo e chefe Lula da Silva.

Tal informação, passada em 2012 reservadamente pela inteligência das Forças Armadas ao ainda Procurador Geral da República, Roberto Gurgel, dá conta que a “Doutora Rose” seria a “mulher invisível” que trabalhava para Lula, sem especificar as funções. As investigações sobre o assunto jamais avançaram.

Agora dona Rose retorna às manchetes em situação financeira precária.

Segundo a revista Isto É, a ex-amante de Lula foge dos oficiais de justiça como o diabo foge da cruz. Ninguém consegue intimá-la desde 2017, pois ela deixa a cobertura onde mora, na capital paulista, logo cedo, às 09 horas da manhã, e só volta à noite, impossibilitando, assim, sua intimação, que, pela lei, só pode ser feita durante o dia.

Ela deveria se apresentar à Justiça de 15 em 15 dias, por conta de medidas cautelares adotadas pela juíza Adriana Freisleben de Zanetti, da 5ª Vara Federal, de São Paulo, mas não cumpre o determinado. Proibida pela Justiça de exercer qualquer cargo público e de se ausentar do País sem autorização judicial, ninguém sabe de que ela vive. Seja como for, a vitória de Bolsonaro deverá ajudar na aceleração de vários processos de corrupção, entre os quais o Rosegate.

Foto de Luiz Holanda

Luiz Holanda

Advogado e professor universitário

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