desktop_cabecalho

Após duelo surreal, um Renan apequenado deixa cabisbaixo o Senado (Veja o Vídeo)

Ler na área do assinante

O novo presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre, travou um verdadeiro duelo de titãs neste final de semana na disputa pela presidência da casa contra Renan Calheiros.

Foi empolgante assistir. Sim, apesar de tudo, agora política nos empolga, nos instiga a pensar e participar.

Na sexta-feira ficamos um tanto estarrecidos com os acontecimentos, afinal foram nove horas de pura tensão, com o Davi Alcolumbre ocupando a cadeira da presidência da mesa, ininterruptamente, para que não se apropriassem de seu lugar. Se ele se levantasse e saísse da cadeira, por certo tomariam seu assento, tanto é que até pasta com documentos oficiais foi roubada pela senadora Kátia Abreu, descaradamente... E como se rosas brancas com pedido de desculpas no dia seguinte desfizessem a coisa toda...

Naquela sexta, testemunhamos o pior do ser humano na figura de alguns senadores e senadoras que disputavam o poder. E diante de zoações, xingamentos, provocações, tratativas arrogantes e desrespeitosas, o que víamos era um senador resoluto à mesa do Senado: Davi demonstrava serenidade, equilíbrio emocional, espírito mediador, determinação, coragem, humildade e muita resiliência. Uma verdadeira liderança crescia e se consolidava, aos olhos da nação.

Se até aquela sexta algum senador ainda titubeava quanto ao seu voto para presidência do Senado, aos poucos se formava uma forte convicção: Davi estava preparado para vencer Renan Calheiros e finalmente quebrar a tradição do Senado de, há décadas, eleger para presidente o representante da maior bancada, ou seja, o do MDB.

Tal tradição foi criada pela consolidação de dois hábitos. O primeiro, dos eleitores: elegiam muitos senadores do MDB, formando a maior bancada. O segundo, dos senadores: elegiam o representante da maior bancada, MDB, para o cargo de presidente do Senado Federal. Um hábito não existiria sem o outro, é bom lembrar.

Sempre o MDB participou maciçamente do legislativo, sim, do legislativo federal, pois o MDB também dominava a Câmara dos deputados..., e por decorrência atuava fortemente no executivo, seja ocupando a vice-presidência, como foi o caso do Temer, seja ocupando vários ministérios. Não importava de qual partido era o chefe do Poder Executivo ... O comando do legislativo fazia todo o resto acontecer.

E assim vinha sendo governado, ou desgovernado, esse país: MDB diretamente e indiretamente entranhado nos poderes e comandando como queria e, claro, colocando toda a “infelicidade” dos antigos governos do Brasil exclusivamente na conta de quem estava à frente do executivo, como se o MDB nunca tivesse responsabilidade pelas mazelas de nossa República.

Falemos então do primeiro hábito. Os brasileiros ainda estão com ressaca das eleições do ano passado, da disputa presidencial que polarizou o Brasil e fez tantos grupos de whatsApp se desmancharem, no entanto, restou um novo hábito para muitos de nós: conversar sobre política. Já era tempo... Percebemos finalmente o poder do nosso voto, de nossas opiniões, e o quanto temos o dever de externar nosso pensamento e fiscalizar a atuação dos políticos. Ainda há muito que amadurecer a fim de tratarmos dos assuntos públicos, de interesse de toda a sociedade, de forma natural e saudável. É um hábito em construção.

Este novo hábito se refletiu nas urnas, com uma grande renovação da bancada da Câmara e do Senado Federal. O eleitorado parece ter entendido que para que o Estado seja governável é necessário eleger um legislativo forte e plural, que represente os anseios da população, e que possa, de fato, ter uma relação independente e harmônica com o Executivo e o Judiciário, objetivando o Bem Comum.

Então no sábado, 02 de fevereiro, assistimos o desfecho do duelo surreal. Em uma ponta, um Senado renovado, com novos senadores empenhados em corresponder o voto de seus eleitores e alguns antigos senadores com novo espírito, contagiados por este sentimento de transparência e prestação de contas à sociedade, e desejando “ficar de bem com seu aeroporto”. Na outra ponta, a velha política e tudo que ela significa, a continuidade do toma lá dá cá, negociatas, individualismos, lobies...

Na plateia virtual havia vários brasileiros, eleitores, acompanhando a eleição pelas redes sociais e pela TV e comentando o que está ocorrendo, em tempo real. E aí é que está a diferença: a empolgação, a participação, a fiscalização dos eleitores. Isso dá a liga na nova política.

E recomeçam os trabalhos... ou melhor, o duelo.

Mesmo com a decisão do STF, às três da manhã de sábado, confirmando que o voto para a eleição do presidente do Senado deveria ser secreto, vários senadores decidiram declarar abertamente seu voto, já que não havia impedimento legal, demonstrando coerência com a votação do dia anterior e respeito aos cidadãos. E fez-se a mágica: quebrou-se o segundo hábito.

Desordem. Fraude. Anulação da primeira votação... E durante a conturbada segunda votação, Renan Calheiros surta e vai à tribuna discursar, de forma arrogante. Aos berros, histericamente brava “Davi não é o Davi, Davi é o Golias... ele é o próximo presidente do Senado” e retira sua candidatura...

O que um Renan agonizante ainda não havia percebido é que os eleitores é que são Golias... e também são Davi. Agora ele entendeu o recado.

Cena imperdível, na sequência: um Renan cabisbaixo, incrédulo e diminuto se retirando do Senado, silenciosamente, enquanto a votação prosseguia como tinha que ser.

E a plateia, nas redes sociais, assistiu diversas manifestações eufóricas dos pequenos brasileiros que aos poucos se dão conta do quanto, quando unidos, somos gigantes.

da Redação Ler comentários e comentar