A turma do lacre e a escravidão ideológica

14/02/2019 às 06:13 Ler na área do assinante

Segundo a turma do lacre, a festa da diretora da Vogue na Bahia incitou o racismo por ter mulheres negras vestidas de escravas ao lado de uma mulher branca sentada no trono da Sinhá. Só que as mulheres estavam em trajes baianos típicos do Candomblé e o trono também representa essa religião.

Questionada a respeito disso, uma historiadora disparou: “não se trata de acusar uma pessoa, mas alguém me explica o que faz uma diretora de uma famosa revista feminina dar uma festa em Salvador, ambiente escravocrata do período colonial?” Representantes dos movimentos negros disseram que esse tipo de festa temática reforça o estereótipo da mulher baiana como uma pessoa que nasceu pra servir mulheres brancas, ou demonstra o saudosismo da era da escravidão.

Ora, quem olha mulheres negras vestidas de branco e automaticamente enxerga escravas é o que?

Como se não bastasse isso, as baianas estão sendo atacadas na internet, chamadas de “vendidas” e “omissas com a causa negra”. Pela repercussão da foto, foram verbalmente agredidas ao serem reconhecidas em seus tabuleiros de acarajé, além de terem perdido outros trabalhos de recepção de eventos.

Para a turma do “ódio do bem” não importa o que as baianas acham, não importa que estejam sendo perseguidas e prejudicadas. Ou você subjuga-se à cartilha, ou não tem valor algum.

A abolição da escravatura aconteceu em 1888. Quando abolirão a escravidão ideológica?

(Texto de Renata Barreto. Economista)

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