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Declaração de viúva de Marielle é uma atroz arrogância

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O assassinato de um cidadão é algo abjeto. Independe de sua rubrica na legislação penal. É execrável se crime político, latrocínio, feminicídio, de ódio, passional... seja qual for. É o rito sumário de ceifar uma individualidade.

Também é execrável quando alguém, seja quem for, sub-roga a um indivíduo a razão de existência da Democracia. Isso, na verdade, é Monocracia.

Democracia, fique claro, não é o poder de um indivíduo. Muito ao contrário, inclusive.

Democracia é exatamente o império da coletividade sobre o indivíduo.

Com todo respeito à dor da viúva da vereadora carioca assassinada, mas sua declaração condicionando a existência do ambiente democrático no Brasil à solução do crime brutal que vitimou sua companheira é uma atroz arrogância.

Quantos assassinatos não são solucionados neste país todos os anos? Por incrível que pareça, não há um banco de dados centralizado que possa fornecer esse número. Mas, considerando apenas os assassinatos em que os inquéritos são abertos compulsoriamente, a estatística oficial revela a barbárie: apenas 6% são efetivamente elucidados. Isto sim é um vilipêndio ao Estado Democrático de Direito, vez que atenta contra a coletividade, contra todo o Povo Brasileiro.

Condicionar a existência da Democracia à uma única pessoa, reitero, é pura arrogância.

Direto do dicionário: Arrogância - 1. ato ou efeito de arrogar(-se), de atribuir a si direito, poder ou privilégio; 2. qualidade ou caráter de quem, por suposta superioridade moral, social, intelectual ou de comportamento, assume atitude prepotente ou de desprezo com relação aos outros.

Esse "orgulho ostensivo", digamos assim, é próprio de ditadores, de gente autoritária e prepotente o suficiente para achar que o mundo cabe dentro do umbigo.

#ÉaLama

Foto de Helder Caldeira

Helder Caldeira

Escritor, Colunista Político, Palestrante e Conferencista
*Autor dos livros “Águas Turvas” e “A 1ª Presidenta”, entre outras obras.

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