Pare de idolatrar político, você parece um idiota

Ler na área do assinante

Leio notícias políticas diariamente.

Além disso, ao exercer minha profissão, acompanho de forma metódica o que produzem e, lógico, também o que não produzem os políticos brasileiros.

Anos e anos de estudo, realizados de forma metódica, com os mais diversos indicadores de produção de agentes públicos brasileiros. Vereadores, Governadores, Deputados Estaduais, Deputados Federais, Senadores e Presidentes da República.

Tudo catalogado em ordem alfabética e numérica, considerando o assunto de cada proposição.

A sentença histórica, que aparentemente nos fere de morte, alegando que não tivemos a mesma sorte dos americanos, porque fomos uma colônia de exploração de Portugal, enquanto eles foram uma colônia de povoamento da Inglaterra, não passa de um sofisma, de um embuste, que não tem qualquer razão de ser.

Se isso fosse uma panaceia para justificar algo, a Austrália não seria hoje uma nação economicamente próspera, com educação de primeiríssimo nível, com alto índice de desenvolvimento tecnológico, com índices primorosos de segurança, com uma infraestrutura fantástica, que atrai qualquer cidadão do mundo e qualquer empresa que queira crescer e lucrar, sem ser espoliada pelo Estado.

Ora veja, para quem não sabe, historicamente, a Austrália, por décadas e décadas, foi apenas a ilha para a qual a coroa inglesa mandava seus condenados e degredados.

Em síntese, o que e quem não servia à Inglaterra, era enviado para a Austrália.

Isso está escrito na história.

Portanto, este discurso autofágico e abjeto, que o Brasil só não dá certo, porque foi colônia de exploração de Portugal, é incabível, patético, ridículo e não faz qualquer sentido. Aliás, via de regra, é articulado ou por ignorantes, ou por pessoas que têm grande esclarecimento, mas péssimas intenções, lançando mão de culpar nossos colonizadores, ou o regime de colonização a que o Brasil foi submetido, para colocar "compressas doces" sobre algo que querem escamotear, porque algo reprovável apresentado pela atual realidade é certo que lhes beneficia.

O Brasil, verdade seja dita, é um país extremamente atrasado, com instituições paquidérmicas, extremamente custosas e inefetivas, com corrupção endêmica generalizada e com uma classe política tão baixa, que presta um verdadeiro desserviço à nação.

A cada dia que passa, mais tenho certeza disso e mais repito o que direi quando alguém me diz que adora determinado político:

- Pare de idolatrar político, você parece um idiota.

Recomendo a todos conhecer a vida do Barão de Mauá (Irineu Evangelista de Souza), um verdadeiro gênio no mundo empresarial. Um empresário e industrial que contribuiu imensamente com a industrialização do Brasil.

Ao longo de sua vida, mesmo com tudo que fazia e com o que fez para o país, Mauá era perseguindo, de forma implacável, em cada empreendimento que realizava, por parasitas burocratas (de todas as áreas) que sempre objetivavam se nutrir do que ele produzia ou produzir sua ruína.

Hoje, desde a época do Barão de Mauá, só os ponteiros do relógio avançaram.

As eras da tecnologia, da sociedade da informação e do conhecimento, da modernidade líquida, da pós-verdade chegaram, mas os parasitas e burocratas seguem se proliferando (em todas as áreas) de forma exponencial.

Nesse contexto, absolutamente nada mudou.

No Brasil, políticos não pensam no país, muito menos na população, não possuem noções elementares de bem comum, de senso de coletividade e de respeito à coisa pública.

No Brasil, políticos pensam sim, e muito, infelizmente, nos seus próprios e escusos interesses. Nisso, eles são, realmente, profissionais.

O problema nunca foi o regime.

O problema sempre foi, e segue sendo, o caráter.

Foto de Pedro Lagomarcino

Pedro Lagomarcino

Advogado em Porto Alegre (RS)

Ler comentários e comentar