Por que a elite migra nos grandes centros urbanos?

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Dentro das cidades as áreas melhor atendidas com infraestrutura são as escolhidas pelas elites econômicas para morar ou trabalhar.

Seja porque os Poderes Públicos as criaram antecipadamente, sendo o motivo da escolha, seja porque elas pressionam o Poder Público a atendê-las. Tornam-se importantes geradores dos tributos e valem-se dessa condição para obter as contrapartidas em infra e supraestrutura urbana.

Mas depois as vão abandonado em busca de novas áreas, repetindo o mesmo processo de demanda por infraestrutura urbana, deixando ociosa a anterior. 

A dinâmica é perversa, dentro da cidade de base capitalista.

As áreas escolhidas pela elite, por oferecerem melhores condições da vida urbana, atraem a classe média que, não tendo as mesmas condições de renda que aquela busca a opção da verticalização, para diluir o elevado custo da terra. O mercado imobiliário 

atende às demandas, assim como se antecipa e cria a oferta. Essa tem como chamariz a proximidade com as áreas nobres.

Porém, à medida em que se amplia a ocupação verticalizada, com aumento da densidade demográfica e de veículos, a elite sai em busca de novas áreas, que se tornam nobres, enquanto as anteriores perdem a nobreza e vão sendo ocupadas com um nível de renda individual menor, mas de maior volume de renda, no conjunto.

A sequência é da perda de dinamismo dessas áreas de media alta renda, com estagnação da valorização imobiliária e abertura de espaço para a ocupação pelas famílias de renda média.

Esse processo de ocupação e uso da cidade, gera e mantém, sucessivamente os desequilíbrios, que os Poderes Públicos buscam corrigir, mas sem sucesso. 

Nas periferias das cidades também ocorre processos de mutação, com as intervenções governamentais - em geral - causando efeitos perversos, ou seja, opostos ao desejado. O fenômeno mais comum é a gentrificação.

Esse processo gera sempre a impressão de que falta  planejamento urbano. O que não corresponde à realidade. O que não falta nas grandes cidades brasileiras é plano: diretor, de desenvolvimento, estratégico e qualquer outras adjetivação. Que não se efetivam como desejado, porque a população não segue os desejos dos planejadores. 

Quem está errado? O planejador ou a população? Ou não é uma questão entre certo e errado. Mas entre sonho e realidade?

Jorge Hori

                                                       https://www.facebook.com/jornaldacidadeonline

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Jorge Hori

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