Delegado da PF trata Toffoli como “Zezinho” e em artigo zomba o presidente do STF

06/05/2019 às 11:11 Ler na área do assinante

Para o delegado Paulo Cassiano Junior, da Polícia Federal de Campos dos Goytacazes no Rio de Janeiro, o ministro José Antonio Dias Toffoli, que ele identifica apenas como ‘Zezinho’, deve ter tido ‘excesso de paparico’ ou algum ‘trauma de infância’.

Em artigo publicado para o site Terceira Via, o delegado critica a censura imposta a revista Crusoé e afirma que ‘Zezinho’ usa a segurança que tem de sua impunidade para fazer o que quer.

Cassiano ainda cobra esclarecimentos do ministro sobre o seu codinome, revelados em e-mails da Construtora Odebrecht, “Amigo do amigo do meu pai”.

Veja abaixo a integra do texto intitulado “O reino de Zezinho”

"Ele nasceu José, José Antônio para ser exato, mas como não há José que escape do apelido, antes mesmo do batismo ele já era Zezinho.
Talvez por insegurança, excesso de paparico ou trauma de infância (não se sabe bem por quê), desde cedo Zezinho ficava muito bravo todas as vezes em que era contrariado. Veio daí o sonho de um dia ser rei, de viver numa terra onde pudesse mandar e desmandar e não precisar dar satisfações a ninguém.

Quando cresceu um pouquinho, o garoto ficou muito triste ao se dar conta de que a monarquia não existia mais por aqui. Muito perspicaz, a tristeza de Zezinho se transformou em esperança ao perceber que é possível ser rei num país republicano como o Brasil. Seu sonho estava vivo.

Para se tornar presidente do Supremo Tribunal Federal, Zezinho investiu um tempo estudando Direito, porém não o bastante para se tornar juiz de carreira. A reprovação em dois concursos para a magistratura não desanimou o jovem. Se não estava dando pelo intelecto, então que fosse pela política.

Obstinado em perseguir seu propósito, Zezinho tornou-se assessor jurídico do Partido dos Trabalhadores na Câmara dos Deputados e advogado da agremiação em várias campanhas eleitorais. A dedicação de Zezinho aos petistas não passou sem recompensa: um outro Zé, que também queria ser rei, levou-o para a subchefia de assuntos jurídicos da Casa Civil da Presidência da República. Não tardou muito para que o então presidente o nomeasse Advogado-geral da União. Degrau por degrau, Zezinho escalava o seu objetivo. A sorte voltou a sorrir para ele quando uma vaga foi aberta na mais alta corte do país. Seu chefe não lhe faltou. Ele chegou lá!

Agora no comando do Supremo Tribunal Federal, Zezinho finalmente realizou o seu sonho de infância. Quando recebe críticas públicas, logo aciona outro coleguinha de toga para instaurar inquérito (e depois julgá-lo). Se uma revista publica um documento no qual Zezinho é citado por um grande empreiteiro preso por corrupção, a matéria é censurada. Tudo em nome da lei, claro. Ser o rei de uma república concede a Zezinho o benefício de travestir a prepotência dos monarcas em oratória democrática.

Zezinho é adepto não somente das bocas fechadas, mas também das celas abertas. Acolheu um “habeas corpus” e prontamente mandou soltar o outro Zé, seu ex-chefe, preso por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Como o cargo de Zezinho é vitalício, não existe “habeas corpus” que nos livre dele.

Seguro de sua total impunidade, Zezinho faz o que quer. O controle de seus atos e de sua produtividade é tão tímido quanto duvidoso, pois não há súdito que não tema o rei. Em vez de prestar esclarecimentos sobre a relação que mantinha com uma empreiteira envolvida em escândalos de corrupção, o amigo do amigo do pai de Marcelo Odebrecht simplesmente ignorou o questionamento. Goza de todas as prerrogativas e mordomias possíveis. Caso esteja estressado, pode desfrutar de alguns dos 90 dias de folga do calendário do STF para 2019 (os mais de 41 mil processos da corte podem esperar um pouquinho). Se um dia matar alguém, algum coleguinha pode sugerir que se aposente.
Não é ruim a vida de Zezinho no reino da república do Brasil."
da Redação
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