O Congresso, sem a pressão das ruas e do Planalto, jamais aprovaria a reforma da Previdência

11/07/2019 às 09:59 Ler na área do assinante

“Não sabendo ser impossível, foi lá e fez”.

Ainda que falte a aprovação em segundo turno, ainda que haja mudanças, é preciso celebrar o dia de hoje.

Tentada e sonhada desde os tempos de FHC, motivo da compra de votos pelo PT no Congresso Nacional, ainda em 2003, no Mensalão, a Reforma da Previdência saiu graças ao governo Bolsonaro e — mais importante — à conjuntura criada por nós, sociedade civil, que elegeu e cobrou deputados comprometidos com a agenda da Reforma.

Nunca antes na História deste planeta cidadãos foram às ruas defender a mais impopular das reformas. Fosse um governo de esquerda com alguma pauta “progressista”, isto seria alardeado e comemorado 24h por dia. Acontece que, tal como o Trump nos EUA, quem está no poder não faz parte da roda de amigos; Bolsonaro é como “santo de casa”: não faz milagre. E não exagero: a aprovação desta reforma num país subdesenvolvido, com índices de analfabetismo chocantes, e nossos velhos-políticos, é algo que foge do campo racional. Seria válido chamar o Vaticano.

Que esta reforma seja a primeira de muitas. Não só o mercado agradece, mas o bom senso e o futuro — filhos e netos — deste país, idem. Governadores dos estados mais pobres do Brasil e políticos esquerdistas, em mais uma demonstração de que colocam interesses pessoais acima, inclusive, de seus próprios eleitores, fizeram o impossível para que o óbvio não fosse feito. Um crime.

Ao lado de um paciente morrendo de febre, jogaram o Tylenol pela janela, e ainda posaram para câmeras de suas redes sociais abandonadas como supostos heróis dos mais pobres. Estes políticos passarão. A Reforma e seus benefícios, ficarão. Ficarão como Sérgio Moro e sua coragem em tempos sombrios. O que passa são Greenwalds e seus interesses escusos mesclados com a mais vil covardia, pois atentam contra um país onde a justiça é tão rotineira como o cometa Halley, e o fazem camuflados de paladinos sociais.

Por falar em coragem, a imprensa, tivesse o mínimo de humildade, reconheceria o feito histórico do atual governo. Governo, claro, com seus problemas, seus solavancos, tropeços e tiros no pé — como qualquer outro no mundo. Depois de 13 anos sendo saqueados por uma quadrilha organizada, estamos no lucro. Sabem, os jornalistas mais inteligentes, da urgência visceral que esta Reforma outrora impossível carrega(va).

Com esta (quase) aprovação, no sexto mês de governo, sob bombardeio ininterrupto da oposição, dos “intelectuais”, dos órfãos de Rouanet e similares, com fogo-amigo, sem o toma lá, dá cá, Bolsonaro, goste ou não, conseguiu o impensável. O Congresso, sem a pressão das ruas e do Planalto, jamais teria feito este movimento. Jamais. Quem pensa o contrário deve tratar de perder esta ingenuidade.

O cenário atual, se Haddad fosse nosso presidente, seria o de Renan Calheiros, ex-ministro de FHC, em seu ápice de poder; um Congresso ”refém” não das ruas e das redes, mas de propinas e de um projeto autoritário de poder. Autoritarismo que estaria ainda pior, pois teria o passe-livre concedido e renovado pelas urnas. Mais uma vez: a sociedade civil brasileira derrubou as cartas marcadas da mesa. O país amadureceu. Falta muito, claro, mas é preciso comemorar a troca de um iceberg de roubalheira por um Norte na bússola — ainda que sob tempestades.

Hoje, praticamente aprovada a Reforma da Previdência, o presidente “homofóbico, fascista, racista, misógino”, graças a seu peculiar trato político, viabilizou um futuro de presente para gays, esquerdistas, negros e mulheres. Sem se corromper. Ainda que ninguém admita publicamente, o feito histórico é simples assim.

Hoje o dia é — e será — do Brasil.

Que vitória! Que raridade.

da Redação
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