Mariana: Riscos da judicialização ignorante - A lama vai chegar ao mar e nem 'Moisés' impedirá

20/11/2015 às 09:23 Ler na área do assinante

Há um ativismo do Ministério Público, juntamente com o Judiciário, necessário mas sob grave riscos de distorção, por ignorância dos seus representantes sobre a vida fora do campo jurídico. Agravado pela disseminação acrítica da mídia, que prefere o sensacionalismo do que o esclarecimento.

A decisão de um Juiz Federal do Espírito Santo determinando à SAMARCO que impeça a chegada da lama que vem correndo pelo Rio Doce ao mar, ameaçando a imposição de multas, caso isso não ocorra em 24 horas é inteiramente estapafúrdia. 

A lama decorrente da ruptura de uma barragem de rejeitos em Mariana, segue pelo rio, por razões naturais. A barragem dessa água lamacenta pode ser feita, mas por obras que levam anos para serem feitas. Imaginar que elas por milagre sejam feitas em 24 horas só pode ser por ignorância mínima de engenharia.

Ademais para barrar o rio, que é federal, é preciso de licenças que costumam levar meses ou anos para serem concedidas. 

Medidas mitigadoras podem e estão sendo feitas, mas conseguirão apenas desviar uma pequena fração das águas com lama. 

Uma parte da lama chegará ao mar e nesta fase já é inevitavel. Não há ação humana capaz de impedir. E não será uma decisão de um juiz inexperiente que fará deter essa água suja. Nem mesmo Moisés. 

Outro fato, decorrente da impressão de uma água marrom em relação à azul gera interpretações equivocadas.

A lama que está chegando ao mar é de terra das erosões causadas pela enxurrada de água que se libertou da barragem. Pouco tem a ver com a lama que soterrou Bento Ribeiro. 

A lama dos rejeitos da mineração, por ser mais pesada, foi ficando depositada no leito do Rio Doce, assoreando-o.   Esse é o seu maior problema. Mas isso está escondido no fundo do rio, enquanto peixes mortos à superficie dão outra impressão.

O problema maior será por volta de janeiro, quando usualmente chove muito no vale do Rio Doce, ele transborda e vai inundar várzeas e cidades. 

Assoreado o rio, a extensão das inundações serão maiores. E a lama dos rejeitos que ficou depositada, vai ser de novo removida. 

Os rejeitos da mineração que estão chegando ao mar agora são relativamente poucos.   Vão chegar em quantidades maiores em janeiro. Ainda que mais diluídos pelas águas das chuvas.  

E depois, o Rio Doce vai reviver.  Mas nunca mais será o mesmo. 

São realidades que precisam ser percebidas sem o emocionalismo que a tragédia causou.  

Jorge Hori

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