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Mercosul: O péssimo negócio para o Brasil é o próprio Brasil (Veja o Vídeo)

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De acordo com os dados da Comissão de Finanças e Tributação na Câmara, apresentado pelo economista Antônio da Luz, o Mercosul é uma trava para o Brasil e um péssimo negócio para o país. Porém a história é pior do que parece. Vamos apreciar alguns dados… De acordo com o FMI o Brasil é a sétima maior economia do mundo. Isso significa que o país não cabe no Mercosul, pois é imenso – comparado com todos os países do bloco juntos. Até aqui um pouco de suspense.

Pela lógica, o Brasil deve fazer negócios com países que têm o PIB da mesma proporção do país, pois somente assim, o Brasil terá chances de crescimento. O superavit do Mercosul – por exemplo –, na sua plenitude, equivale a US$12 bilhões (dólares) contra US$2 Trilhões (dólares) do PIB brasileiro; o equivalente a (apenas) 0,6% do PIB do país, ou seja, um péssimo negócio para o Brasil. Para se ter uma ideia, não mais que o PIB de Goiás, 11° maior PIB do país, que gira em torno de US$12,5 bilhões (dólares), isso significa que simplesmente o PIB de Goiás ultrapassa todo o superavit do Mercosul. Mas calma, a história vai piorar, mas é para o nosso lado.

De acordo com Antônio da Luz: “Quando nós olhamos os dados do Banco Mundial, o indicador de trade, que nada mais é do que as exportações mais as importações (isso dá o tamanho das nossas relações internacionais) e dividimos pelo nosso PIB – nós somos o segundo país mais fechado do mundo. Nós só estamos melhor que o Sudão e o terceiro pior colocado (no ranking de 189 países) é a Argentina, segunda maior economia do Mercosul. Como é que pode dar certo um negócio desse?” – questiona o economista.

Ainda de acordo com o Antônio da Luz o Brasil precisa fazer acordos com países que sejam da mesma dimensão econômica, contudo essa sinalização de acordo com a União Europeia pode dar um fôlego para o bloco e para o Brasil (Agora a história começa a acalorar).

“Nós somos um Boeing que precisa de pista para decolar e o Mercosul não nos dá essa pista” - disse Antônio da Luz.

Mas o que impede o Brasil de decolar? É melhor – meu caro leitor – apertar os cintos. Pois a resposta está nos custos de produção – e é agora que vem a turbulência. Os custos de produção nacional é o maior do Mercosul, enquanto que os preços, para a venda, são iguais para todos os países envolvidos no bloco e essa diferença faz com o que o Brasil perca competitividade ou tenha o menor lucro – sai perdendo nessa história.

Para resolver essa questão é necessário reduzir os custos de produção do país e isso envolve muitas esferas. Uma dessas esferas é a compra de insumos com preços muito elevados (por nós). No caso dos fungicidas, por exemplo, o Brasil vende esses produtos a 140% mais caro para os produtores brasileiros, do que são vendidos para os produtores uruguaios – eu sei que é difícil de entender essa parte, pois eu também demorei a aceitar, digo, entender.

O que isso significa é que o Brasil exporta um fungicida para o produtor uruguaio por R$10,00 e o mesmo produto é vendido, aqui dentro, por R$24,00 para os produtores brasileiros. Não estou falando de preço de venda de atacado, estou falando de preço final. Nesse caso é mais barato comprar um produto no Uruguai fabricado no Brasil, do que comprar esse mesmo produto – fabricado no Brasil – aqui no nosso país. Isso também acontece com a gasolina da Petrobras, que é vendida mais barata para os países do Mercosul do que para os brasileiros. Para ficar mais claro, é mais barato você comprar gasolina da Petrobras nos postos dos países do Mercosul do que nos postos do Brasil.

A liberdade econômica é a salvação para muitos problemas do Brasil. Para o nosso país ter sucesso no Mercosul, na União Europeia ou em qualquer lugar do mundo, o país demanda acabar com tantos impostos, burocracia, regulamentações, restrições ao empreendedorismo, tarifas de importação e necessita ter flexibilidade do mercado de trabalho, facilidade de abrir uma empresa, liberdade de investimentos, instituições confiáveis, respeito à propriedade privada etc. Todas essas instâncias é a ajuda que esse Boeing precisa para decolar de vez rumo ao progresso e não o Mercosul ou a União Europeia. Na verdade, com tanta falta de liberdade econômica, o Brasil vai perder todo o combustível que ainda resta antes de pousar no velho mundo.

Você pode conferir toda a palestra do economista Antônio da Luz no vídeo a seguir, mas o resumo da ópera é que o maior atraso do Mercosul é a burocracia e as regulações do próprio Brasil para os brasileiros. Criar dificuldades, para vender facilidades e gerar uma oligarquia – esse é um dos grandes motivos do porque que o Brasil é um país atrasado. Oligarquia: governo em que o poder é exercido por um grupo restrito de pessoas; ou de empresas abastecidas com o dinheiro público. Em outras palavras – como disse o economista Antônio da Luz:

“Depois de 28 anos de Mercosul já estou, começando, a me convencer de que estamos querendo defender alguns setores econômicos”.

Foto de Edivaldo de Carvalho

Edivaldo de Carvalho

Jornalista (Estácio de Sá) – Diário Terça Livre.

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