A derrocada da política externa brasileira e o aparelhamento do Itamarati

20/07/2019 às 10:17 Ler na área do assinante

A diplomacia brasileira se notabilizou, historicamente, pelo pragmatismo, pela excelência nas relações diplomáticas e comerciais e pela sua universalidade, sem viés ideológico.

As principais provas da efetividade dessas características são a centenária relação diplomática entre Brasil e Rússia, estabelecida em 1828, que apesar de tropeços na primeira metade do século XX, foi retomada definitivamente em 1961; e, especialmente, o início das relações entre Brasil e China, em 1974, quando foram abertas as Embaixadas do Brasil em Pequim e da China em Brasília, tendo sido João Batista Figueiredo o primeiro presidente do Brasil a visitar o território chinês, em 1984.

O resultado prático dessa política externa é que, desde 2009, a China é a principal parceira econômica e comercial do Brasil.

Ainda em 1974, o Brasil encerrou as relações diplomáticas com Taiwan, ao reconhecer a República Popular da China como detentora da jurisdição sobre aquele país, ali mantendo, todavia, escritórios econômicos e culturais.

Na ocasião, sendo Taiwan uma próspera nação economicamente e a China um atrasado país comunista, questionava-se a decisão do governo militar, argumentando, jocosamente, a troca de um intercâmbio financeiro e tecnológico pela venda de cafezinho a um bilhão de chineses sem renda.

O resultado dessa arrojada estratégia do governo militar é o superávit histórico da balança comercial com a China, contrastando com o nosso déficit crônico com Taiwan.

A partir dos governos do PT, essa política exterior foi sendo desviada dos interesses diplomáticos e comerciais do País, para privilegiar os objetivos do “Foro de São Paulo”, a implantação da “União das Repúblicas Socialistas da América Latina” – URSAL, o financiamento do projeto de poder do Partido dos Trabalhadores e o enriquecimento das elites de esquerda no Brasil, particularmente dos seus líderes.

Para isso, o aparelhamento do Itamarati passou a ser uma ferramenta fundamental, através da inscrição de candidatos ao Instituto Rio Branco para ingresso na carreira, “alinhados com a causa”; a identificação de diplomatas simpáticos aos seus objetivos; e a criação de grande número de representações em países de “interesse” ideológico.

Como parte dessa estratégia, o então presidente Lula e depois Dilma Rousseff abriram embaixadas, firmaram acordo comerciais e efetuaram empréstimos através do BNDES com dezenas de países da América Central, Caribe e África, onde o retorno comercial era insignificante para o Brasil, mas lucrativo para o enriquecimento dos “companheiros” ou importante ideologicamente para o fortalecimento da esquerda no País e na região.

Assim, foram criadas representações diplomáticas em lugares como Camarões; Guiné; Burkina; Faso; Mali; Mauritânia; Dominica; Libéria; Serra Leoa; Antígua e Barbuda; Granada; São Cristóvão e Névis; São Vicente e Granadinas.

Desse esquema se beneficiavam também grandes empreiteiras brasileiras, distribuindo propinas, no Brasil e nos países em que eram contratadas, as quais formam hoje o elenco de empresas condenadas na Lava Jato, cujos empresários e agentes são fundamentais, através das delações premiadas, para a condenação de todos aqueles que participaram, direta ou indiretamente, dos crimes hediondos que levaram o Brasil à deplorável situação econômica e social em que se encontra.

(Texto de Major-brigadeiro Jaime Rodrigues Sanchez)

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