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Lula já está com um pé na cadeia (?!)

Com a prisão de Delcídio do Amaral; o Planalto e o PT tremem

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Delcídio do Amaral, senador pelo PT e líder do Governo no Senado Federal, foi preso nesta manhã (25) em sua residência no Distrito Federal. O pedido da prisão temporária partiu da Polícia Federal junto a Procuradoria-geral da República e foi autorizada pelo Ministro do STF, Teori Zavascki.

A notícia pega de surpresa a todos, especialmente o Governo Dilma, que já articula a indicação de um substituto à altura de Delcídio.

A motivação do pedido de prisão teria sido a descoberta de novas provas de que Delcídio  vinha, nos bastidores, atrapalhando as investigações da Operação Lava-jato – obstrução da justiça – para esquivar-se de envolvimento nos fatos criminosos. Foi revelado que o senador teria oferecido vantagens a Nestor Cerveró, antes de sua prisão, tais como, condições para fugir do Brasil para a Espanha, além de, garantir-lhe uma mesada de R$ 50 mil mensais, a fim de que Cerveró não aceitasse a Delação Premiada – uma possibilidade iminente à época – e, principalmente, não citasse o seu nome nas oitivas junto a PF e ao Juiz Sérgio Moro.

Segundo a imprensa, o filho de Cerveró teria gravado uma ligação telefônica de Delcídio ao seu pai, quando fez a oferta de ajuda de fuga e compensação financeira em troca do silencio.

Certamente, para os anti-petistas, a notícia mais esperada é que as investigações da PF, finalmente comprovem a participação do ex-presidente Lula no esquema criminoso que envolve o Mensalão e o Petrolão, e sabe-se lá o que mais se tem pela frente, e o leve para a prisão, condenado. Mas não é isso que está acontecendo. Até o momento nem a PF nem a PGR, vislumbrou qualquer indício de que Lula tenha participação nos crimes perpetrados por partidos políticos, parlamentares, empresários e doleiros-operadores.

Ainda ontem, a mídia revelava a declaração do juiz Sérgio Moro de que inexistem – até aqui – elementos que possam sugerir a participação de Lula nos atos criminosos; segundo Moro, há fatos que sugerem que o nome de Lula tenha sido usado sem o seu conhecimento. A afirmação deu-se logo após a prisão de Bumlai, agropecuarista amigo próximo do ex-presidente.

Ainda que pareça inverossímil, dados todos os fatos divulgados ao longo de anos, a Justiça e a polícia somente podem trabalhar com fatos provados ou, ao menos, com indícios robustos de cometimentos de crimes que recaiam sobre pessoa que esteja sob investigação ou sob suspeitas insuperáveis.

Lula seria essa pessoa isenta e de inabalável retidão? É a resposta que os brasileiros querem receber.

Outros fatos que considero relevantes é que, Delcídio do Amaral foi Ministro das Minas e Energia no governo Itamar Franco (1994-1995) e Diretor da Divisão de Gás e Energia da Petrobrás durante o governo Fernando Henrique Cardoso (2000-2001), quando ainda era filiado ao PSDB.  Esses fatos podem reforçar a tese de que o esquema criminoso que atingiu fortemente a Petrobras precede a era Lula; essa é a percepção que o PT vem há tempos defendendo.

De toda sorte, a prisão do senador soma-se a gama de problemas que Dilma Rousseff tem de enfrentar e que atrapalham sobremaneira a governança do país. A presidente, cada vez mais enfraquecida, perde uma peça-chave no tabuleiro das interlocuções políticas. Delcídio, que veio do PSDB para o PT, sempre foi bastante eficiente na defesa dos interesses do governo devido ao seu bom trânsito entre os mais importantes partidos políticos e parlamentares de diversos matizes. Agora preso e sob a pressão de fortes indícios de conduta criminosa, ainda que, vencido o prazo da prisão temporária e se veja solto, dificilmente Delcídio recuperará a sua posição de confiança junto ao governo. Ainda que Dilma e o PT tentem a velha tática de proteger os seus e resolva incluir no rol dos “Guerreiros do Brasil” a figura de Delcídio, o Planalto dificilmente conseguirá, neste momento, fechar a fenda profunda que se abriu com a sua prisão.

De uma coisa eu tenho certeza: como tantos brasileiros, petistas ou não, eu jamais colocaria a minha mão no fogo por Luiz Inácio Lula da Silva.

JM Almeida

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JM Almeida

João Maurino de Almeida Filho. Bacharel em Ciências Econômicas e Ciências Jurídicas. 

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