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Na Itália, a corrupção atingiu a política. No Brasil, a política disseminou a corrupção

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Tommaso Buscetta, preso no Brasil, em 1983, é um dos mais famosos mafiosos que atuaram na Sicília. Sua fama, porém, não é resultado dos 60 anos de atividades criminosas, mas do fato de ter sido o primeiro "capo" da Cosa Nostra a quebrar a "Omertà" (a lei do silêncio) e se tornar um delator.

Seus depoimentos foram cruciais para o exito da "operazione mani pulite" (operação mãos limpas), chefiada pelo Juiz Giovanni Falcone, que prendeu mais de 2900 pessoas, incluindo mais de 400 políticos italianos, e foi o maior golpe já sofrido pela Máfia, em toda história.

Hoje, em plena operação Lava-Jato, temos nosso "Don Masino". Antonio Palocci foi o primeiro homem forte do PT a quebrar o silêncio. Suas delações, apesar de pouco divulgadas pela imprensa, expõem as entranhas pútridas do partido e revelam uma organização criminosa digna de produções holllywoodianas.

Diferente da Itália, onde a corrupção atingiu a política, no Brasil, a política é a disseminadora da corrupção.

Se a Operação Mãos Limpas extinguiu 3 partidos, a Lava-Jato tende a chacoalhar todo o sistema.

Engana-se quem acredita que a Operação está próxima do fim. Podemos dizer, aliás, que está apenas no começo.

Tudo que aconteceu, até agora, é ínfimo quando comparado ao conteúdo da delação do ex-tesoureiro.

Como Masino, Palocci está dando uma tonelada de dinamite à justiça. É tanta informação, com tanta gravidade, que é impossível ser ignorada.

Se a Itália dos anos 90, corrupta e dominada pelo sistema, conseguiu levar a cabo sua operação, mesmo com o assassinato de Falcone, nós também conseguiremos.

Quem viver, verá.

"A máfia é um fenômeno humano e, como todos os fenômenos humanos, tem um princípio, uma evolução própria e terá, portanto, um fim." (FALCONE, Giovanni)
Foto de Felipe Fiamenghi

Felipe Fiamenghi

O Brasil não é para amadores.

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