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Deputados e ódio: mais de 300 parlamentares não respeitam o povo e agem sorrateiramente na calada da noite

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Sou pacífico. Mas esse é um texto de ódio. Ódio por perceber que pouco mais de 300 parlamentares simplesmente não respeitam o povo, e fazem o que bem entendem dentro do Parlamento, na calada da noite.

Eles impõem a sua vontade de cima para baixo, autoritariamente, e aprovam os projetos que querem, sem que ninguém consiga impedir, já que dos mais de 500 habitantes da cidadela chamada Câmara dos Deputados, apenas 200 têm a honestidade e a ética como um valor inegociável, e fazem do mandato parlamentar um meio de tentarem realmente mudar o “status quo” e melhorar a situação do país.

O exemplo gritante disso é esse esdrúxulo projeto de lei aprovado nesta quarta-feira (18), que diz que o povo, ou melhor, o pagador de impostos, é que arcará com as multas punitivas impostas pela Justiça Eleitoral aos candidatos que desobedecerem as regras do jogo eleitoral, e que o dinheiro desse mesmo povo pagador de imposto poderá ser usado pelo partido político para comprar imóveis.

Meu ódio aumentou quando assisti a um vídeo do Rodrigo Maia, em meio à sessão que culminou na aprovação desse projeto de lei aberrante e infamante, dizendo, de forma arrogante e presunçosa, a uma deputada que não precisa de requerimento de ninguém para ele agir como agiu porque é “presidente da Casa”.

É precisamente uma forma de ele dizer à deputada: “fica quieta aí que quem manda aqui sou eu”.

Com efeito, saber que parlamentares eleitos quase na “rabeira” do coeficiente eleitoral fazem do mandato parlamentar um método de legislar em causa própria, esquivando-se da obrigação de atuar em prol da sociedade brasileira e especialmente dos seus representados, que neles votaram, me dá ódio.

E esse ódio me consome. Corrói minhas entranhas. Certamente esse meu ódio se junta ao de milhões de brasileiros indignados que, assim como eu, veem, inertes, 300 deputados desonestos e mal-intencionados fazer o que bem entendem contra o Estado Brasileiro, elaborando leis que autorizam que eles surrupiem legalmente o dinheiro do pagador de impostos.

Para quem afirma que o Parlamento nada mais é do que reflexo da sociedade, mais uma vez eu digo que isso está errado. A sociedade não é formada por pessoas desonestas ou com valores morais e éticos enviesados; o Parlamento é que é.

Os brasileiros comuns são muito melhores do que esses deputados. Como eu já escrevi em um texto, o Parlamento não é consequência; ele é a causa dos problemas brasileiros.

É óbvio que a frase-chavão que diz que “o amor vence o ódio” está correta, e que não devemos alimentar o nosso monstro interior do ódio, que habita nas profundezas do nosso subconsciente.

Mas, tal qual água e óleo, é incompatível entre si a coexistência de amor ao Brasil e ao nosso país, com tudo o que ele representa para nós, com esses parlamentares a que me refiro: nesse caso, o amor não vence o ódio jamais; o ódio sempre ganhará.

Portanto, não há nada mais urgente no país do que uma reforma política, reduzindo o número de Deputados Federais por Estado, e modificando o sistema eleitoral proporcional, corrigindo a distorção que faz com que alguém consiga se eleger com poucos votos.

Paralelamente a isso, é preciso também que se escreva um novo Regimento Interno para a Câmara dos Deputados, considerando que o que está em vigor se encontra totalmente desatualizado e ultrapassado, servindo apenas para concentração de poderes nas mãos desses que pretendem manipular as sessões parlamentares para atingirem os seus objetivos espúrios de aprovação de leis em benefício próprio.

Apenas assim conseguiremos vencer o ódio. Mas até lá ele continuará nos consumindo por dentro. Porque nós, brasileiros comuns, temos ódio de grande parte dos integrantes do Congresso Nacional.

Foto de Guillermo Federico Piacesi Ramos

Guillermo Federico Piacesi Ramos

Advogado e escritor. Autor dos livros “Escritos conservadores” (Ed. Fontenele, 2020) e “O despertar do Brasil Conservador” (Ed. Fontenele, 2021).

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