desktop_cabecalho

Em nome do politicamente correto, Pedro Bandeira "reconstrói" obra de Monteiro Lobato

Ler na área do assinante

Cresci numa casa decorada com quadros pintados por minha mãe; comecei a fazer aulas de piano ainda bem novo; a leitura sempre foi extremamente estimulada, bem como os clássicos do cinema; aprendi a ouvir, desde pequeno, de Chopin até Queen.

Apesar de ter uma vocação artística nula, minha criação me ensinou a admirar e RESPEITAR o trabalho dos grandes artistas.

Hoje, infelizmente, a esquerda se auto-intitulou como "patrona" das artes. As consequências ficaram bem evidentes, quando a Quinta da Boa Vista ardeu em chamas, transformando em cinzas todo o acervo do Museu Nacional.

Agora, vemos outra obra sendo "queimada". Desta vez, sem fogo.

Pedro Bandeira é um escritor satisfatório. Não é ruim, mas passa longe de ser ótimo. Sua obra é totalmente comercial.

Não tem medo do ridículo. É fato. Afinal, já tentou dar uma nova roupagem a clássicos, como "Sherlock Holmes" e "Chapeuzinho Vermelho". Mas nem com muita "Droga da Obediência", dá pra comparar "O Fantástico Mistério de Feiurinha" com "As Reinações de Narizinho".

Ainda assim, com a obra de Monteiro Lobato entrando em domínio público, Bandeira julgou-se apto a REESCREVER o legado do gênio taubateano. Inclusive ELIMINANDO o "Pedrinho. Para ele, o neto de "Dona Benta" é um personagem irrelevante; desnecessário para "adequar" os livros ao século XXI.

Assim, vemos o nascimento de uma ABERRAÇÃO. A destruição da identidade de um dos mais importantes escritores brasileiros, em nome do politicamente correto.

É como se o Romero Britto repintasse os quadros de Portinari; como se o Wando reescrevesse o repertório de Vinicius.

Entendam que essa NÃO É uma crítica à posição POLÍTICA do "reescritor". Lobato era comunista, admirador declarado de Prestes. Nem por isso, deixa de ser um gênio.

Seus livros, além de descrever todo o contexto de uma época, são uma iniciação ao folclore nacional.

DUVIDO existir um brasileiro, ao menos nos grandes centros, que saberia o que é um Saci, ou teria ouvido falar da Cuca, se não fosse o "Sítio do Pica-Pau Amarelo".

Há muito, a obra de Lobato vem sofrendo perseguição da militância. Já tentaram, inclusive, tira-la do ensino básico, sob justificativa de "racismo". BALELA!

Bandeira, agora, nos mostra o real intento da esquerda: REESCREVER A HISTÓRIA (não só nos livros).

Ao destruir o legado de um autor, toda uma época é destruída.

Não é apenas o Pedrinho quem sai de cena. É a história do Brasil, que -aos poucos- vai sendo apagada.

"Um país se faz com homens e livros" (LOBATO, Monteiro)
Foto de Felipe Fiamenghi

Felipe Fiamenghi

O Brasil não é para amadores.

Ler comentários e comentar