A falsidade de Veríssimo quando insinua que a esquerda tem o monopólio da solidariedade, da ética e da justiça

12/01/2020 às 05:29 Ler na área do assinante

A Folha de S. Paulo, no dia 6 de janeiro, publicou uma entrevista com Luis Fernando Veríssimo, a qual, apesar de bem desenxabida, teve a utilidade de escancarar o obscurantismo ideológico que o entrevistado representa e sua apetência para propagar mistificações.

Em tom de jornalzinho de grêmio estudantil (perguntas juvenis, respostas frívolas) e com o entrevistador Roberto Dias, profissional respeitável, comportando-se mais como "tiete" do que como jornalista, a reportagem não fez mais do que disseminar crenças ideológicas.

A frase mais representativa da entrevista, por ocultar o maior embuste, é esta pérola do Veríssimo:

"Talvez ingenuamente, eu não entendo como uma pessoa que enxerga o país à sua volta, vive suas desigualdades e sabe a causa das suas misérias, pode não ser de esquerda."

A falsidade escondida nas entrelinhas da frase pode ser assim traduzida: "quem tem senso de justiça é de esquerda. E quem não é de esquerda não é justo." Nada pode ser mais falso!

É falta de honestidade intelectual de Veríssimo, insinuar, como fez, que a esquerda tem o monopólio da solidariedade, da ética e da justiça.

E é ironia de mau gosto, aventar a própria ingenuidade: Veríssimo nada tem de ingênuo e ele sabe disso muito bem!

Pois foi a esquerda quem instituiu a corrupção como método no Brasil. E culminou com a maior recessão da história do país, empobrecendo a nação, um desastre que vai precisar muitos anos para ser desfeito.

Quem se identifica com a esquerda, que é antes um movimento, mais do que partido ou ideologia, conscientemente ou não, colabora com o esforço revolucionário de implantar o totalitarismo.

Vale o exemplo. Como bem sabe Veríssimo, a Venezuela, há mais de 20 anos, vive sob o tacão da esquerda, que, naquele país, causou a mais desesperadora crise humanitária: fome, desemprego, desabastecimento,

hiperinflação, destruição do setor produtivo, cerceamento das liberdades individuais, com presos políticos e tortura, etc.

Será que Veríssimo não sabe que a Venezuela, antes que Hugo Chaves a empurrasse para o abismo esquerdista, era o país política e economicamente mais estável da América Latina?

Ora, quem pensa um pouco não entende como uma pessoa, enxergando a desigualdade e a miséria da Venezuela, pode ser de esquerda.

É preciso ser muito ingênuo (não é o caso de Veríssimo) ou desonesto para, conhecendo a história dos movimentos revolucionários de esquerda, seguir defendendo o indefensável.

Mais de 76 milhões de chineses foram mortos pelo regime comunista entre 1949 e 1987, além dos 3,5 milhões de civis que o Partido de Mao Tsé-Tung já tinha assassinado antes de consumar a revolução chinesa (totalizando 80 milhões). E, na União Soviética, a revolução comunista matou 62 milhões de pessoas entre 1917 e 1987.

Ou seja, são mais de 140 milhões de mortos em apenas duas revoluções de orientação esquerdista! Sem contar os milhões em outras tantas!

Mas, contrariando todas as evidências, a "santidade da esquerda" é uma mentira repetida à exaustão, quase sempre nas entrelinhas (mensagem subliminar), que é para driblar a crítica e se fixar como verdade.

É o consabido ensinamento de Paul Joseph Goebbels (nazista, ministro da propaganda de Hitler): uma mentira insistentemente repetida acaba impondo-se como verdade.

Pois, Veríssimo e seus confrades esquerdistas seguem à risca essa doutrina. É método de poder.

Renato Sant'Ana

Advogado e psicólogo. E-mail do autor: sentinela.rs@uol.com.br

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