EXCLUSIVO: Ex-diretor da Cultura, demitido por Regina, fala sobre "caixa-preta", exonerações e mais

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Iniciando a série de entrevistas com os Diretores pró-governo que foram exonerados da SECULT: Maurício Waissman – Escritor, advogado, publicitário, ex-Coordenador Geral da Política Nacional de Cultura Viva.

PERGUNTA: Qual o setor e o cargo que você ocupava na Secretaria de Cultura?

RESPOSTA: Eu trabalhava na Secretaria de Diversidade Cultural e era o Coordenador Geral da Política Nacional de Cultura Viva.

PERGUNTA: Como essa Secretaria específica funcionava dentro da dinâmica total da Secretaria de Cultura?

RESPOSTA: Diversidade Cultural é um termo em si que possibilita fazer com que tudo seja inserido e considerado “cultura”. No fim das contas, é o setor que atinge a ponta, a comunidade distante. É onde a capilaridade está como conceito base de forma explícita. Lá que são gestados os grupos “culturais” que irão chegar na ponta. A questão é: que cultura, que temática chega na ponta? Quem são os grupos que anualmente se alimentam de gordas Emendas Parlamentares para chegarem na ponta?

Todos esses coletivos que vemos pipocarem por todos os lados só existem porque foram altamente financiados no período Lula, Dilma e continuaram com o fluxo durante o período Temer. É ali que o volume de dinheiro realmente está. São milhares, mais de 4 mil “agentes culturais” espalhados por todo o Brasil com projetos e interagindo entre si. O modelo envolve as secretarias de cultura dos estados e municípios que se tornam verdadeiras fábricas de convênios para o “bem da cultura”. Ao colocarem o termo Diversidade cabe tudo, desde psicologia cultural a gastronomia cultural. Vira um meio de em cada secretaria de cultural ao redor do Brasil se criar projetos e tendo os contatos certos conseguir verbas para implementar tais projetos.

Então. Capilaridade é o conceito da Secretaria de Cultura. Outros setores são responsáveis pela parte de infraestrutura, audiovisual, etc... Porém, o conteúdo, o controle do conteúdo está em quem está no comando. Hoje, quem está no comando nos bastidores são pessoas com uma visão de voltar a colocar combustível na máquina de formação de militância. E não se pode falar em filtro temático, pois o termo Diversidade comporta tudo.

Dentro da dinâmica da Secretaria de Cultura, a Diversidade Cultural é, talvez, uma das mais estruturais, pois controla o fluxo de convênios, fomento, parcerias, premiações para a chamada “cultura comunitária”. A questão é: aquilo que é conceituado como comunidade vota. E votará ao atingir 16 anos. Eis o peso da Política de Estado de Cultura que regula tudo em torno da Cultura.

Também deve ser ressaltado a Caixa Preta do passivo de prestações de Contas da Diversidade Cultural no período Lula, Dillma e Temer. Se investigado, certamente será revelado algo de grandes proporções. A lei Rouanet é a mais conhecida do público em geral porque envolve muitas vezes pessoas públicas, artistas conhecidos. Mas o grosso do volume financeiro não contabilizado está na cultura comunitária. Matemática simples. Contabilize o número do municípios brasileiros, o número de estados da federação, jogue aí uns 10 mil agentes culturais que são inseridos em diversas categorias temáticas. Jogue um valor e multiplique. Aí se terá a noção dos valores que estamos falando.

PERGUNTA: As pessoas chamam de coletivos. Como você pode definir tantos grupos ditos culturais?

RESPOSTA: Existem coletivos e entidades da sociedade civil. Muitos buscam o selo de agregação de valor chamado Ponto de Cultura. É lei isso. Hoje, registrados oficialmente são mais de 4 mil na plataforma Cultura Viva. Existem milhares de outros grupos ditos “culturais” que não existem juridicamente, mas atuam militantemente ao redor do Brasil. O termo coletivo acabou se popularizando e o público associa a qualquer grupo temático.

Interessante frisar, para que chegue a conhecimento do Presidente Bolsonaro, é que muitos grupos ditos “culturais” que não existem juridicamente e não estão inseridos formalmente em nada na Secretaria, hoje fazem o trabalho de invasão de propriedades, chácaras, etc.. criando assim uma falsa realidade. MST e MTST podem assim ficar, estatisticamente neutralizados, mas as invasões continuarem. É o caso da chácara da Historiadora da Arte Lucília Coutinho, que teve sua chácara invadida um “coletivo” que não existe juridicamente, estando o caso atualmente na Justiça. Se pergunta: de onde vem o dinheiro para tais coletivos que não existem juridicamente? Se pergunta também: caso se realizem verificações "in loco" para cada convênio, trabalho, ponto, termo de cooperação, será que veremos resultados visíveis da aplicação de verbas tão altas ao longo de tantos anos? Fica a sugestão para que chegue ao presidente.

PERGUNTA: Como você avalia a perspectiva de ocupação da Secretaria de Cultura por um tucanato paulista no estilo prefeitura de São Paulo e extrema esquerda como PT, PC do B e PSOL?

RESPOSTA: Realmente é um cenário negativo. Em termos geracionais acho trágico, pois manter o trabalho que estava sendo feito nos próximos 3 anos garantiria preservar gerações mais novas da cultura diversitária que é o tom principal a ser privilegiado tendo à frente pessoas de esquerda.Em termos eleitorais me assusta, pois a máquina nas mãos da esquerda será canalizada para injetar combustível na formação de militância ativa, sempre em torno do recortes temáticos que eles sabem que irão se tornar eleitores anti bolsonaristas inflexíveis.

Eu citei recentemente uma frase que resume o porquê a esquerda quer tanto ter comissões de Cultura no Congresso, secretarias de cultura em cada estado e município do país e o Ministério da Cultura, atualmente Secretaria Especial de Cultura. A frase é:"A voracidade por ocupar áreas como Educação e Cultura visa ter o poder de reescrever a História daqui a alguns anos. Visa colocar o presidente Bolsonaro como um infeliz acidente de percurso histórico, caricaturando-o como um radicalismo que tomou conta da sociedade brasileira de forma inexplicável, e assim inserir tal versão nos livros de História e na produção cultural total (livros, audiovisual, teatro, oficinas, exposições), para daí sim, lançar nomes e grupos políticos que se auto intitulem a solução moderada, sensata, supra ideológica e pragmática sempre em constante diálogo com a extrema esquerda."

PERGUNTA: Muitos levantam a ideia de acabar com a Secretaria de Cultura ou com a Pasta. O que pode dizer a respeito?

RESPOSTA: Muitos se perguntam de forma simplista em como acabar com a Secretaria de Cultura ou antigo Ministério da Cultura. Não é viável ou dentro da realidade no curto ou médio prazo. Caso se fizesse isso, apenas se tornaria um setor ainda mais invisível aos olhos do público dentro de um Ministério qualquer (o que facilitaria agir de forma ainda menos transparente), já que as Leis federais que regulamentam a Cultura estão em vigor e só o Congresso pode revoga-las, o que não creio que haja, no momento, clima político ou diagnóstico preciso para isso no momento

Apenas favoreceria virar um departamento escondido e invisível, mas o contínuo fluxo de verbas para tudo que falei acima nas perguntas anteriores continuaria e livre da cobrança popular.

Existem leis federais em vigor. Extinguir um órgão no poder executivo não impede que aquilo que é Política de Estado por lei, entendam, não continue em fluxo contínuo.

PERGUNTA: Qual o significado da exoneração dos Bolsonaristas feito no dia 03 de março ?

RESPOSTA: Surreal.

É o primeiro caso histórico em que os leais ao presidente da república sofrem perseguição política explícita, unicamente e somente, pelo que creem e pelo grau de lealdade ao presidente. É um contrassenso, pois o critério lógico a ser adotado é exonerar os desleais ao presidente Bolsonaro, não o inverso. A nova gestão da Secretaria de Cultura, agiu em afronta direta ao presidente da República, quando este faz questão de deixar claro sua posição sempre leal à base de Bolsonaristas que ia nos aeroportos em 2015, quando isso era visto com desdém por uma gama de pessoas que até os 40 do segundo tempo ainda se posicionava de forma ambígua.

Se há um caso de perseguição política explícita foi o dos exonerados por serem bolsonaristas. Fato histórico a serem estudado no futuro. Os articuladores da esquerda que tentam ocupar tal espaço afrontam o presidente.

A prova viva de tudo é que todos os exonerados estarão nas ruas no dia 15 de março em apoio ao presidente Bolsonaro. Duvido muito que algum dos novos nomeados, ou mesmo, dos apadrinhados pela esquerda que mantiveram seus postos estejam nas ruas no dia 15/03 defendendo o presidente. Isso diz tudo, a meu ver.

PERGUNTA: Qual o seu diagnóstico para o futuro da Pasta?

RESPOSTA: Espero que quem assuma a pasta depois que o ciclo da atual Secretária se esgote reúna cultura com habilidade político estratégica para trabalhar conjuntamente com ministros, além de ser capaz de manejar o organograma da Administração Pública, sempre em cumprimento aos seus princípios constitucionais, tendo também uma visão de que aquele ex-ministério, aparentemente inofensivo e discreto, tem um impacto sem precedentes na formação de novas gerações, pois ali se forma parcela significativa do imaginário coletivo, principalmente na relação com os entes federados (estados e municípios).

Creio que, encerrado o ciclo da atual Secretária Especial da Cultura, o próximo gestor possa atualizar o presidente Bolsonaro, o Ministro Sérgio Moro e o Ministro Paulo Guedes, para que se abra a caixa preta das prestações de contas do período de 2002 a 2018, mais especificamente 2006 a 2016, que foi o período áureo das grandes cifras. Por trás e ao redor de cada CNPJ se encontrarão pessoas que ficaram muito ricas. O talento investigativo do Ministro Moro com cruzamentos com a Receita Federal iria puxar um novelo literalmente artístico. Daí a população entenderia finalmente o porquê de globais defenderem tanto o #ELE NÃO e como em cidades do interior encontramos figuras sem fonte de renda comprovada fazendo viagens caras para o exterior e comprando imóveis, enquanto as pessoas que pagam seus impostos veem suas fontes de renda encolher.

Permitir que pessoas ligadas à esquerda tenham o controle e poder para modelar o imaginário coletivo é entregar o poder real e de longo prazo ao adversário. O discurso de falso tecnicismo da atual gestão não corresponde à realidade. Pessoas realmente técnicas eram as que estavam ali trabalhando e foram exoneradas unicamente por suas convicções políticas. As que estão entrando agora toda tem agenda própria e desafio encontra-las nas manifestações do dia 15/03 em apoio ao presidente Bolsonaro.

Os recém exonerados são verdadeiros soldados leais ao presidente Bolsonaro.

O presidente sabe que são seus soldados. Força aí Jair. Estamos com você até o fim! #Bolsonaro2022.

E fica o desafio: que os novos nomeados por Regina Duarte postem fotos com camisa do presidente nas ruas dia 15/03. Se encontrarem algum deles lá, me avisem. Gosto de ser surpreendido.

Fica o desafio para a nova gestão. Enfrentem as ruas no dia 15/ 03 como prova de lealdade ao capitão.

Eu, Maurício N Waissman, estarei nas ruas dia 15/03. E todos os meus colegas e parceiros, verdadeiros soldados do Jair, também estarão lá.

Foto de Felipe Fiamenghi

Felipe Fiamenghi

O Brasil não é para amadores.

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