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O Coronavírus e as consequências de quando se mata uma mosca com um tiro de canhão

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Um dia, há muito tempo, um rato apareceu na minha casa.

Minha mãe saiu tentando expulsar com a vassoura, mas nem conseguiu chegar perto.

O bichinho foi se enfiando por frestas, passando por vãos…

Quando parou em um degrau da escada, eu, com muita mira e pouca experiência, resolvi colocar um fim na correria, usando uma carabina de pressão.

O problema é que eu tinha um “brinquedo” meio exagerado, de calibre 5,5 mm e mola Gás Ram.

O ratinho, com não mais do que 10 cm, despedaçou. O rabo grudou no corrimão, as vísceras se espalharam pela escada e minha mãe mostrou que ainda conseguia gritar 4 tons acima do que estava gritando por causa da minha “vítima”.

Resultado: Passei as 2 horas seguintes esfregando a escada, com sabão e cloro, eliminando as provas do meu "raticídio", e a semana seguinte tomando bronca, pela absoluta falta de noção e proporcionalidade.

Faz mais de uma década que isso aconteceu. Já nem lembrava que tinha acontecido. Até que a epidemia do COVID-19 me fez resgatar a memória.

Ver prefeitos bloqueando cidades, governadores parando estados, por causa de uma gripe (não vou falar gripezinha. Sei que é mais forte), me fez lembrar da minha falta de senso, combatendo o pequeno roedor.

Tudo, absolutamente TUDO, causado pelo pânico. Muito pior do que o vírus.

A televisão, O DIA INTEIRO, só passa notícias da Itália, o país mais afetado pela pandemia, depois da campanha “Abrace um Chinês”, que os progressistas acharam uma ótima ideia para driblar o preconceito.

Esquecem-se de entrevistar os trocentos especialistas que, diariamente, estão postando vídeos em seus canais particulares, explicando a verdade sobre a doença.

Além de clima, densidade demográfica e idade média da população serem absolutamente diferentes, pequenos cuidados de higiene básica já manteriam o cenário totalmente diferente do Italiano.

O que me preocupa, na história toda, é que (por experiência própria) sei que vamos gastar muito mais tempo, depois, limpando a lambança, do que gastaremos combatendo a própria praga.

São as consequências de matar uma mosca com tiro de canhão. Destruiremos a casa inteira.

"Experiência é o nome que damos aos nossos erros" (WILDE, Oscar)
Foto de Felipe Fiamenghi

Felipe Fiamenghi

O Brasil não é para amadores.

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