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Hoje, isolamento social. Amanhã, caos social

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Em outro texto que publiquei recentemente aqui no JCO, intitulado “Coronavírus e Economia: Salvar vidas para além do isolamento”, eu comentava sobre a importância de considerarmos, ao invés do isolamento agora vigente (o qual suspendeu quase toda atividade econômica no País), o qual implica em uma “intervenção horizontal”, uma abordagem mais “cirúrgica”, a saber, uma “intervenção vertical”.

O texto está aqui:

https://www.jornaldacidadeonline.com.br/noticias/19596/coronavirus-e-economia-salvar-vidas-para-alem-do-isolamento

Eu insistia no seguinte: Salvar vidas vai muito além do isolamento.

Nesse sentido, caberia pensarmos também nas “mortes invisíveis”, colateralidades do isolamento social (exames suspensos, consultas adiadas, tratamentos cancelados, redução – até esse momento – de 50% das doações de sangue em hemocentros, etc), bem como prospectivamente, isto é, nos milhões de afetados economicamente. Nesse momento alguns dados começam a aparecer, nos permitindo entrever a tragédia que ainda está por vir.

Por exemplo, um estudo recente do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), ao considerar as receitas tributárias da União, dos Estados e dos Municípios, prevê que haverá – se persistirmos no isolamento - uma queda de aproximadamente 40% na arrecadação de impostos no Brasil.

Tal queda na arrecadação será causada pelo isolamento social imposto, nesse momento, especialmente por municípios e estados. A união será levemente mais penalizada, mas estados e municípios terão impactos proporcionalmente próximos aos da união.

Se não bastasse isso, conforme um levantamento feito pelo Centro de Estudos de Mercado de Capitais da FIPE (CEMEC/FIPE) e Economática, 23,3% das companhias ficarão com caixa negativo nos primeiros 30 dias de isolamento.

No segundo mês esse número sobe para 37,1%.

No terceiro mês sobe para 48,6%.

Apenas as maiores companhias teriam, digamos, “gordura” (folga de caixa) para queimar no terceiro mês de isolamento. Mas em breve teremos muitas empresas ou fechadas ou em recuperação judicial.

O problema é que o impacto será mais grave sobre pequenas e médias empresas, as quais, aliás, são responsáveis pelo maior número da oferta de empregos. Logo, delas vai advir também a maioria dos desempregados.

Na verdade, em fevereiro já houve (independentemente do isolamento) um aumento no desemprego. Segundo dados da PNAD Contínua (IBGE), em fevereiro/2020 houve um aumento de 11,6 no índice de desemprego, atingindo 12,3 milhões de desempregados. Agora, acrescente-se a esses milhões as recentes centenas de milhares que, em breve, poderão se tornar mais alguns milhões.

De um lado teremos a união, que com 40% da queda de arrecadação não terá como investir em políticas públicas de assistência. De outro, teremos empreendedores sem recursos para empreender (e empregar).

Esses são alguns dos fatos.

E diante de uma perspectiva aterradora entrevista pelos fatos, mesmo o diretor-geral da Organização Mundial da saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, recomendou que a “intervenção horizontal” nesse momento vigente fosse repensada. Ou seja, tendo em mente os dados nada alvissareiros que estão surgindo, a OMS prudentemente recua em sua posição de recomendar o isolamento.

Segundo Ghebreyesus, “devemos pensar nas pessoas”. Em suas palavras, “O impacto na economia tem a ver com vários fatores, mas precisamos saber o que isso significa para o indivíduo que precisa sair para sobreviver. Venho de uma família pobre e sei o que significa se preocupar com o que comer amanhã”.

Atentem especialmente para a frase final:

“Venho de uma família pobre e sei o que significa se preocupar com o que comer amanhã”.

Tal frase parece esclarecer a razão pela qual alguns insistem em se manter favoráveis ao isolamento que suspendeu nossa vida econômica, ao invés de aceitarem uma “intervenção vertical”: Eles simplesmente não sabem o que é se preocupar com o dia de amanhã.

Assim, pelo momento vejo que são favoráveis ao isolamento especialmente aqueles que ainda não foram afetados economicamente, como servidores públicos que recebem seus proventos em dia e têm à sua disposição supermercados, postos de gasolina, farmácias, lojas de conveniência, etc. Ou seja, vivem normalmente, exceto pelo fato de que estão em casa, ou sem trabalhar ou trabalhando remotamente.

No momento em que escrevo se discute, no legislativo, uma redução no salário dos servidores públicos (dos três poderes) para que os recursos oriundos desse desconto sejam destinados ao combate à pandemia do coronavírus.

Nesse momento seremos, como servidores públicos, sensíveis às necessidades sociais e concordaremos com essa medida?

Considerando-se que um servidor da união recebe, em média, 96% a mais do que aqueles que exercem a mesma função na iniciativa privada, isso não parece injusto, certo?

Some-se a isso o fato de que quase 25% dos recursos da união servem para pagar seus servidores e veremos, então, que aceitarmos um desconto de 20% seria uma ótima oportunidade de mostrarmos que temos, realmente, preocupações sociais.

Mas voltando aos dados iniciais, vistos da forma como os coloquei eles são apenas números. Mas por detrás daqueles números há centenas de milhares de pessoas, eventualmente milhões. Isso porque tais números indicam que em breve teremos um contingente de desempregados e empreendedores falidos. E, dada a vertiginosa queda na arrecadação, não há muito o que esperar da união. Essa será uma combinação terrível, com maior letalidade do que a pandemia do coronavírus.

Por essa razão temos acompanhado a tentativa, seja do governo federal na figura do presidente, seja dos empreendedores e, mesmo, seus empregados, para que saiamos desse lockdown imposto por municípios e estados.

Como dizem os defensores de uma abertura no isolamento, o “Brasil não pode parar”.

Ora, como ignorar que somos aproximadamente 210 milhões de habitantes? Por certo devemos nos preocupar com aqueles que correm risco diante da pandemia do coronavírus. Mas não haveria um meio termo, uma maneira de não salvarmos alguns em troca da vida de milhões? Parece que há. Trata-se da “intervenção vertical” que mencionei no texto anterior.

E não há irresponsabilidade aqui. Como mencionei em meu artigo anterior, a “intervenção vertical” é defendida por pesquisadores relevantes e parece ser a maneira mais prudente de salvarmos o maior número possível de pessoas, sejam elas as de saúde frágil sejam elas as economicamente frágeis, sendo que essas últimas parecem estar sendo, nesse momento, ignoradas, especialmente por aqueles que não sabem “o que significa se preocupar com o que comer amanhã”.

Mas importa observar que enfrentamos, nesse momento, um problema ainda pior do que o da pandemia do coronavírus. Sim, há um problema ainda mais inquietante, a saber, o daqueles para os quais “quanto pior, melhor”.

Políticos, juristas, professores, gestores de universidades, jornalistas, et tal, têm espraiado o pânico e distorcido os fatos com um propósito orquestrado: causar o fim do governo Bolsonaro.

E vejam que nem eles escondem seu projeto. Como dizem: “Temos que destruir o governo Bolsonaro”. Portanto, fica claro seu objetivo.

O problema é que com esse objetivo em mente eles simplesmente ignoram, deliberadamente, os danos que sua estratégia causa à sociedade.

Assim, ao invés de se unirem àqueles que estão lutando para que possamos sair dessa com o menor dano possível, eles agem escancaradamente para que nos afundemos nessa situação.

Esse comportamento é compreendido, por exemplo, à luz do livro “A Mente Esquerdista. As Causas Psicológicas da Loucura Política”, de Lyle H. Rossiter, no qual ele esclarece em que sentido o ‘esquerdismo’ é uma espécie de psicopatologia.

Realmente, os partidários da esquerda têm sido um exemplo paradigmático para que entendamos o que significa falar na mente esquerdista como uma mente disfuncional.

Eles são capazes de incendiar o país, destruir nossas instituições, fomentar o terrorismo (midiático, por exemplo, como temos acompanhado na grande mídia), instigar a violência e a morte.

Por essa razão um de seus ungidos do meio acadêmico recentemente disse em entrevista que, “se essa crise tiver como efeito colateral a corrosão, a destruição, a redução a pó dessa direita populista, ela não terá sido totalmente perdida”.

Eis a perversidade, a malignidade da esquerda: para seus prosélitos não importa quantos morrerão, quantos sofrerão. O que importa é destruir seu inimigo (nesse caso, o governo Bolsonaro). Stalin, Pol Pot, Mao Tsé-Tung, ficariam muito orgulhosos de seus herdeiros. Afinal, eles ainda seguem diligentemente o projeto de seus “heróis”.

Por essa razão devemos, em nome do Bem Comum, sair em defesa de nossas instituições e de nosso presidente, o qual tem sugerido medidas que não estão focadas apenas nos atualmente fragilizados, mas também naqueles que sabem “o que significa se preocupar com o que comer amanhã”.

(Texto de Carlos Adriano Ferraz. Graduado em Filosofia pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), Mestre em Filosofia pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), doutor em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), com estágio doutoral na State University of New York (SUNY). Foi Professor Visitante na Universidade Harvard (2010). Atualmente é professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) na graduação e no Programa de Pós-Graduação em Filosofia, no qual orienta dissertações e teses com foco em ética, filosofia política e filosofia do direito)

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