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A grande cracolândia do Dória

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Quem assistiu pelas redes sociais à carreata pela avenida Paulista neste sábado, 11-04, percebeu tudo: está aceso o estopim da bomba que o governador do Estado de S. Paulo, João Dória, instalou ao insistir nessa mistura, explosiva, de Saúde Pública com política rastaquera !

De 10 a 15 mil veículos, buzinando sem parar, protestavam contra o governador e o seu jeito autoritário de conduzir a gestão da crise determinada pelo “Virus de Wuhan” (como passarei a chamar o ex-covid-19).

Na frente do prédio da Fiesp, mais de uma centena de manifestantes desceram, a maioria sem máscaras, para lançar cobras e lagartos contra o governador.

PROTESTO CONTRA A TRUCULÊNCIA

Todos deveriam ainda estar lembrados do dia em que Dória, então prefeito da capital do Estado, resolveu “acabar” com a Cracolândia, aquele ajuntamento de homens e mulheres desvalidos, quase destruídos pelo vício, que ocupava de duas a três quadras da região central da cidade.

Primeiro, com apoio do amigo governador, Geraldo Alckmin, determinou a invasão da Cracolândia pela polícia com ordens de espancar quem oferecesse resistência.

Muitos apanharam, sem saber direito porque estavam apanhando e a maioria fugiu assustada!

Em seguida, quis ordenar internação obrigatória de viciados e só não foi em frente porque os especialistas falaram mais alto – não resolve, ou é pelo convencimento ou as pessoas não abandonarão o vício!

E a Cracolândia continua por lá, só mudou de lugar!

MISTURA EXPLOSIVA

Deve ter pegado gosto pela mistura de política com saúde pública! Assim que a ONU decretou a Pandemia, trepou no palanque, de onde não desceu até agora!

Gosto pela mistura e gosto pela ideia fixa de que a força policial deve se sobrepor ao diálogo e à democracia. Quer manter o confinamento à força e já montou um esquema de vigilância do comportamento da sociedade com apoio das operadoras de telefonia móvel.

Deve imaginar em seus delírios noturnos que SP seja uma grande Cracolândia!

NÃO OUVE NINGUÉM

Na capital do Estado que governa, há quem proponha, com grande sabedoria, um sistema de flexibilização do confinamento baseado no uso de máscaras (vejam o caso de Hong Kong e República Tcheca) e no uso da cloroquina em regime profilático.

Mas imagine que ele, o Grande Governador, vai descer ao nível dos mortais para aceitar sugestões de especialistas que não têm o renome que exige.

Que pense numa solução – e pense rápido – porque a possibilidade de ter de enfrentar um rompimento brusco e desordenado do seu confinamento está na iminência de acontecer.

É só prestar atenção no clima reinante na carreata do sábado!

Dirceu Pio. Jornalista.

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