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Os bastidores da "briga" entre Bolsonaro e Mandetta, que a história nunca irá contar

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A briga de bastidores entre Bolsonaro e Mandetta jamais será retratada corretamente, nunca acreditem num livro de história.

Para entenderem essa briga, primeiro alguns fatos.

O Exército Brasileiro se preocupou com saúde desde o seu início, preocupado que era com seus soldados.

Possuía três dos melhores hospitais da época e criou a Escola da Saúde do Exército em 1921, Escola de Aplicação do Serviço de Saúde do Exército (1921) e a Escola de Saúde do Exército (1933).

Em 1904 o Exército se viu envolvido com a Revolta das Vacinas, contra a varíola, quando a população se revoltou contra a vacinação.

Por isso epidemias e vacinas foram sempre assuntos discutidos entre nossos militares, mais do que nossos médicos, haja visto.

Os médicos do Exército são também os que mais entendem de malária, em São Paulo nenhum médico jamais viu essa doença.

Mesmo não sendo médico, Bolsonaro teve uma exposição a medicina bem diferente do Mandetta, um ortopedista que praticamente nunca exerceu.

Em março Trump liga para Bolsonaro perguntando qual era a produção brasileira de hydrochloroquina, e que ele deveria investigar por que parecia ser um “game changer”.

Bolsonaro obviamente consultou os seus médicos do Exército, que ele confia mais e que entendem muito desse remédio e usam direto na Amazônia tratando malária.

Bolsonaro fica animado e repassa essa informação ao seu Ministro.

Mandetta simplesmente descartou, “bobagem”, combateu a hipótese a ser testada desde o seu início.

Não sendo médico, Bolsonaro obviamente cedeu.

Mas começa a perceber que há dois tipos de medicina, a do conhecimento do seu exército, e a do político na área da saúde, que começa a ter sonhos mais altos.

Bolsonaro é duramente pressionado também pelo Guedes, que o alerta contra um confinamento exagerado, que poderia parar a economia, quebrar milhares de empresas, e empossar de vez.

Entre salvar possivelmente 2.000 idosos em situação crítica, e salvar da fome 40 milhões de possíveis desempregados Bolsonaro não tem mais dúvidas.

Bolsonaro passa a ser o único a perceber que o problema não é salvar vidas do coronavirus e sim salvar a vida econômica especialmente dos 12 milhões de desempregados por exemplo.

Que se não acharem emprego não terão mais um ano de vida se morrerem de forme.

O segundo atrito entre Bolsonaro e Mandetta aparece quando surgem as notícias do Prevent Senior, que anima os médicos do Exército e do próprio Bolsonaro.

Bolsonaro volta a carga, e recebe mais negativas.

“São picaretas”, retruca Mandetta, “não é uma empresa séria”, “são um bando de irresponsáveis”, que o Ministro repetiu deselegantemente numa coletiva.

Mandetta sugeriu intervir na Prevent Senior e impedir o uso desse remédio não comprovado, mas que todo médico famoso infectado implorou tomar.

Foi aí que até eu fiquei preocupado.

Fã que eu era da postura segura do Mandetta até aquele momento.

A Prevent Senior é uma empresa vencedora, case mundial, estudada por administradores hospitalares do mundo inteiro, ensinado na Harvard Business School, que eu confio.

Bolsonaro demorou para ser informado da briga pessoal entre o Mandetta e a Prevent Senior.

Que agora já é conhecida pela maioria da imprensa, calada.

Não somente se sentiu enganado pelo seu Ministro, em detrimento da nação, mas ficou furioso com o despreparo e motivação de seu assessor.

Tornaram a hydrocloroquina uma batalha política, em vez de uma decisão do paciente à beira da morte e seu médico.

E total descaso para aqueles não podem ficar um dia sem trabalho.

Em vez de se unirem diante de uma crise, muitos líderes brasileiros estão querendo aproveitar a pandemia para tomar o poder em 2020.

Quando nesses momentos se espera a cooperação de todos, inclusive dos políticos e da imprensa em oposição.

Stephen Kanitz. consultor de empresas e conferencista brasileiro, mestre em Administração de Empresas da Harvard Business School e bacharel em Contabilidade pela Universidade de São Paulo.

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