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Quem pagará pelos pseudoestudos que demandam o isolamento social e por suas devastadoras colateralidades?

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Diante da pandemia do coronavírus o mainstream acadêmico assumiu alguns dogmas que, ainda que danosos à população, não podem (segundo seus “ungidos”) ser objeto de questionamento. Por exemplo, o isolamento social e o consequente estancamento da atividade econômica. Mas, será que é o caso mantermos tal isolamento? Mais: será que ele fez, em algum momento, sentido?

Afortunadamente, a cada dia escutamos algumas vozes que, contra o establishment acadêmico, surgem e nos apresentam dados, fatos e boas razões para questionarmos o isolamento que nos foi imposto a partir de posições supostamente “científicas”, as quais estão tendo, e ainda terão, impactos devastadores nas vidas de milhões de indivíduos. Afinal, ideias têm consequências.

Até esse ponto temos centenas de milhares de empresas fechadas e milhões de desempregados (até o início de Abril já tínhamos, segundo dados do SEBRAE, mais de 600 mil empresas fechadas e quase 10 milhões de desempregados).

Obviamente, não estão na fila do desemprego nossos acadêmicos que, com aura de sabedoria, demandam de nossos prefeitos e governadores que a atividade econômica permaneça estancada (pelo isolamento). Eles seguem insistindo que o isolamento é a melhor alternativa. Melhor para quem?

Destarte, cabe observar alguns pontos sobre nossos “ungidos” acadêmicos que tanto insistem no isolamento.

Em primeiro lugar, suas posições e proventos permanecem intocáveis, uma vez que a maioria deles está acomodada confortavelmente no serviço público (sobretudo em universidades). Portanto, suas vidas não estão sendo impactadas economicamente pelo isolamento.

Esse fato importa, pois realmente creio que, se eles sofressem com uma redução salarial, por exemplo, mudariam de ideia quanto ao isolamento por eles mesmos proposto.

Daí sua reação hostil e furiosa à ideia de um desconto em seus proventos para, com isso, contribuir no combate contra o COVID-19.

Quando se cogitou essa possibilidade, eles imediatamente se manifestaram contrariamente a essa ideia e passaram a pressionar suas conexões no Congresso (e o assunto foi esquecido).

Em segundo lugar, esses mesmo ungidos são, em sua quase totalidade, prosélitos de partidos de esquerda.

Não apenas isso, são furiosamente inimigos declarados do atual governo federal.

Isso, a meu ver, pode muito bem obliterar seu juízo. Se nos ocuparmos de pesquisar sobre tais ungidos, veremos que suas posições políticas (de esquerda) são evidentes.

Assim, estarão eles sendo “imparciais” ou estarão aproveitando a pandemia como ocasião para desestabilizar o atual governo, ainda que ao custo de vidas? Eu sinceramente apostaria nessa possibilidade. Isso porque a única maneira de a esquerda conseguir abalar o governo Bolsonaro, evitando inclusive sua reeleição, é criando o caos econômico.

E, lembremos, a esquerda é hegemônica em nossas universidades. Logo, a pandemia do coronavírus foi uma excelente oportunidade para a esquerda causar danos econômicos que afetarão especialmente o mais frágeis. Como tenho dito reiteradamente, a esquerda não tem preocupações e escrúpulos morais. Para atingir seu propósito são capazes (como o demonstra a história) de arruinar incontáveis vidas.

Mas um exemplo que garante verossimilhança a essa consideração foi a recente “pesquisa” realizada em Manaus com 81 pacientes graves, na qual lhes foi prescrita uma alta dosagem de cloroquina com o propósito de avaliar sua toxicidade. Não apenas eles prescreveram uma dose excessiva, como também usaram uma versão mais tóxica (não recomendável) da substância. E o fizeram em pacientes nos quais a doença já estava avançada (a recomendação é que seja usada no início dos sintomas). Resultado? Até esse momento, 11 mortes. 27 “pesquisadores” estão sendo investigados pelo Ministério Público Federal por conta dessa “pesquisa”. Mas qual seria o propósito da referida “pesquisa”? Suspeito que a ideia era mostrar que Bolsonaro estaria errado ao recomendar a hidrocloroquina. Se considerarmos que a maioria dos ditos “pesquisadores” é entusiasta de partidos de esquerda, especialmente do PT, bem como expressa um ódio visceral ao atual governo, não me parece inverossímil acreditar que eles jamais publicariam uma pesquisa que pudesse corroborar as falas de Bolsonaro sobre a hidrocloroquina.

Mas o que quero destacar dessa “pesquisa” é o seguinte: quem a subsidiou? Ora, fomos nós, os pagadores de impostos, pois ela foi financiada pelo governo do Amazonas, Farmanguinhos, Fundação Oswaldo Cruz, Suframa, Capes, Fapeam e fundos federais concedidos por uma coalizão de senadores de esquerda. Agora, quem vai ressarcir o erário pelo custo de uma “pesquisa” cuja cientificidade é altamente discutível, a qual parece ter tido motivações políticas, não científicas, e que foi possível causa de óbitos?

Mas casos como o da “pesquisa” acima referida fazem com que nos questionemos: serão as outras posições ditas “científicas” realmente baseadas em Ciência? Não serão elas baseadas nas idiossincrasias de seus “pesquisadores”?

Assim, sobre o isolamento muitas são as vozes surgindo para, desde uma posição realmente Científica, questionar sua eficácia.

Já abordei esse tema aqui, nos dois artigos indicados abaixo:

Mas, insistindo nesse ponto, gostaria de agora mencionar outra voz relevante que destoa do mainstream acadêmico, a saber, a do Professor Stefan Hombung, diretor do Instituto de Finanças Públicas da Universidade de Hannover.

Em um artigo publicado no jornal ‘Die Welt’ (“Warum Deutschlands Lockdown falsch ist – und Schweden vieles besser macht”, de 15 de Abril) ele faz uma comparação entre a Alemanha, que adotou o isolamento, e alguns países que não o adotaram (especialmente Suécia, Coreia do Sul e Taiwan), concluindo que nos países que não fecharam escolas, universidades, lojas (não pararam a vida econômica), etc, os novos casos de infecção estão diminuindo.

Segundo ele, a Alemanha seguiu um gigantesco erro de previsão do Instituto Robert Koch. Conforme Hombung, a queda no número de infecções nada tem a ver com o isolamento, mas se trata do curso natural da epidemia. Isso obviamente não exime os países de adotarem medidas como higiene, proibição de eventos com intensa aglomeração de pessoas, testes e separar doentes e vulneráveis, isolando-os. Mas o fato é que, embora não tenha adotado o isolamento, não houve, na Suécia, crescimento exponencial de mortos.

Outro ponto importante: a Suécia não teve um sobrecarregamento hospitalar. E, cabe observar, segundo dados do ‘Index Mundi’ (fonte: CIA World Factbook) referente ao número de leitos hospitalares por 1.000 pessoas, o Brasil está empatado com a Suécia: 2 leitos para cada 1.000 pessoas.

Corroborando as posições do Professor Hombung temos, também, as recentes manifestações do Professor Isaac Ben, da internacionalmente reconhecida Israel Space Agency (ISA). Segundo ele, o isolamento não tem um efeito na disseminação do COVID-19. Ou seja, a disseminação “está ocorrendo tanto em países que adotaram o isolamento quanto naqueles que não o adotaram, como a Suécia”.

Dito de outra forma, “o declínio e a ascensão ocorrem de acordo com a mesma linha temporal (timeline)”.

Noutros termos, a partir de diversas análises matemáticas ele concluiu que o pico e a queda do COVID-19 ocorrem dentro da mesma linha temporal, tanto em países que adotaram medidas radicais, como o isolamento (feito em muitas cidades e estados brasileiros), quanto em países que não as adotaram, como Singapura, Taiwan e Suécia.

O artigo do Professor Hombung também se aproxima das recentes afirmações do epidemiologista Dr. Knut Wittkowski (Department of Biostatistics, Epidemiology, and Research Design da Rockefeller University – New York), para o qual medidas isolacionistas podem inclusive causar mais mortes, uma vez que tal medida atrasa o desenvolvimento da “imunidade de rebanho” (herd immunity), a qual seria nossa principal “arma” para a eliminação do novo coronavírus, dado que uma vacina deve levar ao menos 18 meses para estar disponível.

Nas palavras dele, “no que diz respeito às doenças respiratórias, a única coisa que freia a doença é a imunidade de rebanho”.

Assim, em acordo com a posição do Professor Wittkowski, o Professor Hombung mantém que estamos, com as medidas isolacionistas, reduzindo o número de pessoas que, mesmo com a infecção, seguiriam saudáveis e imunes (propagando a imunidade de rebanho). Sem falar de outras colateralidades do isolamento que já se fazem notar. Suicídios, por exemplo (uma vez que, como está documentado, aumentam os suicídios em períodos de crise econômica). Mas há outras colateralidades. Pessoas estão adiando consultas e tratamentos que poderiam lhes salvar as vidas.

Não apenas isso, com a crise econômica não será desencadeada, também, uma crise na saúde, a qual causará muitas mortes por falta de recursos para tratamentos?

Afinal, com a crise econômica haverá uma queda vertiginosa na arrecadação de impostos (perspectivas mais “modestas” e “otimistas” falam em 40% de queda na arrecadação). Isso afetará inevitavelmente a prestação de serviços em educação e saúde, por exemplo.

Afinal, o governo não gera riqueza: ele a toma de nós quando a geramos mediante o trabalho e a atividade econômica (estancada nesse momento).

Assim, para o Professor Homburg, países como Suécia, Coreia do Sul e Taiwan agiram de forma sensata, realmente baseados em Ciência e boas razões.

Eles tiveram, diferentemente de nossos prefeitos e governadores, virologistas e epidemiologistas altamente qualificados lhes mostrando que políticas adotar.

Ou seja, “o coronavírus foi contido sem prejudicar direitos fundamentais e o emprego”, diferentemente do que ocorre no Brasil, em que nossos direitos fundamentais têm sido violados (liberdade de expressão, liberdade econômica, liberdade de nos deslocarmos, etc), bem como o desemprego já está alcançando milhões de trabalhadores.

Também na Alemanha temos outra voz relevante questionando o isolamento. Trata-se do Dr. Sucharit Bhakdi, Professor Emérito de Microbiologia Médica da Universidade Johannes Gutenberg Mainz.

Em uma carta aberta dirigida à chanceler Angela Merkel o Professor Bhakdi cobra “uma reavaliação urgente da resposta ao Covid-19”. Também segundo ele, o isolamento não é a resposta mais adequada ao COVID-19. Aliás, isso vem sendo dito de forma insistente também por John Ioannidis, da Universidade Stanford (USA), para o qual as decisões de isolamento que estão sendo tomadas não estão baseadas em dados confiáveis.

Mas o que esses pesquisadores têm demonstrado é que os isolamentos adotados não alteraram a curva epidemiológica.

Os modelos de análise estatística têm, segundo esses pesquisadores, demonstrado que o isolamento tampouco reduziu a letalidade do vírus.

Então, voltamos às questões que coloquei acima: em que estão realmente baseadas as pesquisas que, de forma dogmática, impõem o isolamento social como única alternativa diante da pandemia? Quem está pagando e seguirá arcando com os custos dessas “pesquisas”?Felizmente, “pelos seus frutos os conhecereis”.

Assim, estamos acompanhando os fatos e descobrindo que a realidade não condiz com as previsões de nossos “especialistas”.

No entanto, embora a realidade anule as pretensões desses “especialistas”, não serão eles aqueles que sofrerão as terríveis consequências de suas opiniões travestidas de cientificidade. Não são eles aqueles que, nesse momento, pagam pelos seus “pseudoestudos”. Tampouco serão eles aqueles que mais sofrerão com as consequências da inatividade econômica por eles defendida e acolhida por muitos prefeitos e governadores. Segundo eles dizem, suas previsões estão baseadas nas “evidências científicas disponíveis”. Será mesmo? Se for assim, ou suas “evidências” são limitadíssimas e, como disse Ioannidis, insuficientes, ou eles estão baseados em suas idiossincrasias políticas com o propósito de fazer colapsar (mediante o colapso econômico) o atual governo, impedindo inclusive sua eventual reeleição. Mas a realidade irá se impor (já está se impondo, em verdade). Com algumas cidades e estados começando a rejeitar a orientação de nossos ungidos, isto é, flexibilizando (sobretudo por pressão popular – sem falar que apesar do fechamento do comércio as pessoas em sua maioria seguiram vivendo suas vidas socialmente) a abertura da vida econômica, ficará evidente que o isolamento nunca foi necessário. Aliás, os dados já mostram que a comoção e as medidas foram desproporcionais à ameaça do COVID-19.

Recentemente, uma nota do “comitê de distanciamento social” que tem orientado o governo do estado do Rio Grande do Sul e cidades gaúchas criticou a flexibilização que já começa a ocorrer em algumas cidades. Segundo tal nota, lhes causou “muita preocupação a imediata reabertura do comércio em diversas cidades do Estado do Rio Grande do Sul”. Mas o fato é que os cenários previstos pelos nossos ungidos são tão acurados e “científicos” quanto as previsões de Nostradamus. Contudo, embora suas previsões não se encaixem à realidade, eles tecem diversas considerações para tentar justificar e mascarar seu fracasso.

Além disso, se o Instituto Robert Koch cometeu um grave erro de previsão, que podemos dizer de uma universidade provinciana gerida por mentes pequenas que usam a universidade não para o avanço do conhecimento, mas para a implementação de suas ideias fracassadas e pretensões políticas mesquinhas e torpes?

Mas a questão que fica é: quem pagará por esses “pseudoestudos”? Quem pagará pelo desastre econômico oriundo desses isolamentos? Mais: quem pagará pela festa com dinheiro público que vem sendo promovida por governadores que, dispensados de licitação pela pandemia, estão gastando desenfreadamente com vistas às próximas eleições?

Essas são as questões que devem vir a tona diante do fracasso dos defensores do isolamento social, um fracasso não para eles, obviamente, mas para aqueles que pagarão a conta.

Carlos Adriano Ferraz. Graduado em Filosofia pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), Mestre em Filosofia pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), doutor em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), com estágio doutoral na State University of New York (SUNY). Foi Professor Visitante na Universidade Harvard (2010). Atualmente é professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) na graduação e no Programa de Pós-Graduação em Filosofia, no qual orienta dissertações e teses com foco em ética, filosofia política e filosofia do direito. Também é membro do movimento Docentes pela Liberdade (DPL), sendo atualmente Diretor do DPL/RS.

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