A escolha de Sergio Moro

04/05/2020 às 07:34 Ler na área do assinante

O luto é um processo relacionado a todas as perdas significativas que sofremos na vida: perda por morte, por separação, perda do emprego, perda da saúde, perda da confiança.

Enfim, qualquer tipo de perda que cause impacto emocional sobre nós, pode ser considerada luto.

Desde a perda de uma pessoa real até a “morte” de figura idealizada.

Estou nesse momento, passando por um inédito e estranho estado de luto, causado pela quebra de confiança de um homem comum, que nem mesmo conheço pessoalmente, mas, que me foi apresentado pelas mídias, como herói nacional.

Acreditei sem nunca questionar, afinal, o sujeito em questão é todo engomadinho, fala pouco, gestos controlados e aparente calma.

Ao que sabemos, ele fez um importante trabalho, reconhecido mundialmente, por prender autoridades corruptas.

Só questiona esses feitos, um tal de Intercept Brasil.

Trata-se de pseudos jornalistas, que fizeram de tudo para, literalmente, desMoronar o nosso pseudo-herói o Senhor ex-ministro da (In)justiça e (In)segurança Pública.

Mal sabiam, que o juiz questionado por eles, estava construindo sua biografia, e agora no cargo de ministro, era praticamente um intocável.

Para derrubar Moro, só ele mesmo! E não é que ele deu esse presente para a esquerda, que o odeia por ter preso seu presidente.

Quis ele entrar para a história como o único ministro a pedir demissão em coletiva ao vivo, em rede mundial de televisão.

Enalteceu o seu currículo e falou dos seus feitos, reclamou de falta de condições para trabalhar e fez denúncias vagas sobre o seu patrão.

Disse que pediria demissão porque tinha uma biografia a zelar.

Ninguém entendeu nada.

Esperamos quase 6 horas para ouvir o lado do presidente.

Ao comparar os discursos e fazer a leitura não verbal de ambos, ficou clara a traição por parte do ministro.

Foi triste ver o presidente, com as mãos trêmulas, tentando se explicar, amparado por seu pelotão de ministros, todos ainda atordoados pelo ocorrido naquela fatídica manhã de 24 de abril.

E no dia seguinte, como bem aprendeu com o Intercept, o senhor Moro estendeu a traição à sua afilhada de casamento, entregando “Prints” de conversas confidenciais de WhatsApp, justo para a TV Globo, inimiga declarada do seu presidente, na tentativa de “provar” a sua honestidade.

Que paradoxo! E ainda tem gente que não vê maldade.

Sabemos que os princípios éticos são estabelecidos a partir dos valores morais. A ética é universal, absoluta e imutável.

Portanto, a falta do Ministro foi grave. Falta ética. Falta moral.

Se ainda tem dúvida, imagine que seu esposo(a), após um desentendimento, resolve pedir o divórcio, ao vivo, em rede de TV, e ainda conta as suas intimidades. É traição?

Quero deixar claro que não importa o conteúdo que o senhor Sergio Moro trouxe. O que está em análise aqui, é a forma que ele optou para pedir a sua demissão, com visível intensão de expor o presidente da República, sem respeito à hierarquia.

Uma vergonha!

Quem tem vergonha, não faz o outro passar vergonha.

Entretanto, sabemos que todo ser humano nasce com potencial para ser infiel. E por esse motivo, “nenhum homem merece uma confiança ilimitada - na melhor das hipóteses, a sua traição espera uma tentação suficiente.” A força do caráter é que vai determinar a sua escolha.

Que tipo de tentação pode ter levado um homem símbolo de combate à corrupção, reconhecido no Brasil e no mundo, por seu trabalho como juiz, tentação essa, que o fez escolher sair do cargo de ministro a La Zidane, o jogador francês, que foi eleito três vezes o melhor do mundo, mas, que entrou para a história, como vilão, no seu último jogo de final de copa do mundo de 2006, entre Itália e França, por ter dado uma cabeçada no peito do adversário Materazzi, sendo expulso em seguida pelo árbitro, e fazendo seu time perder a copa?

O que Sergio Moro e Zidane tem em comum?

Ambos construíram uma carreira de sucesso, exercendo cada um, com excelência a sua profissão, mas, mancharam irremediavelmente, as suas biografias, por um simples motivo: falta de competência emocional.

Ambos demonstraram falha grave no controle dos impulsos.

Meu temor no caso do nosso ex ministro é que, por força da imagem que construiu, muitos venham a minimizar e a perdoá-lo, a exemplo de esposa(o) traída, que aceita de volta o marido infiel.

O Brasil depositou muita expectativa em Sergio Moro, foi elevado a categoria de herói. Ele poderia viver ainda por muito tempo em nosso imaginário, mas, preferiu nos dar um choque de realidade, quem sabe em um ato falho?

Nosso herói Sergio Moro, ao que tudo indica, morreu de overdose de ambição. Mas, ainda vive o homem Sergio. Uma incógnita.

Será ele uma fênix? Que ressurgirá das próprias cinzas?

Ou vai fazer como o escorpião, que quando está em apuros ou rodeado pelo fogo, se mata fincando o ferrão na sua própria cabeça?

Bernadete Freire Campos

Psicóloga com Experiência de mais de 30 anos na prática de Psicologia Clinica, com especialidades em psicopedagogia, Avaliação Psicológica, Programação Neurolinguística; Hipnose Clínica; Hipnose Hospitalar ; Hipnose Estratégica; Hipnose Educativa ; Hipnose Ericksoniana; Regressão, etc. Destaque para hipnose para vestibulares e concursos.

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