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Lavar as mãos ou lavar os pés? Só venceremos essa pandemia com amor ao próximo

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O ano de 2020 iniciou com prenúncios de uma crise mundial.

As primeiras pistas surgiram na China, quando o nosso presidente atendeu ao apelo de brasileiros que lá moravam e os trouxe de volta para o Brasil.

Esse alerta, porém, não impediu o carnaval.

E, no dia 26 de fevereiro, um dia após o fim do carnaval, foi declarado o início da pandemia no Brasil.

Estávamos diante de uma crise mundial.

O Brasil aderiu o modelo de isolamento horizontal.

Autoridades de saúde recomendaram o fechamento imediato de escolas, igrejas e empresas.

Fomos orientados de que os idosos e pessoas de grupo de risco, eram os alvos do coronavírus e, deveriam ser isoladas e impedidas da convivência com seus filhos e netos.

Recomendações exaustivas para lavar as mãos, usar álcool em gel e por máscaras de proteção na boca e estaríamos seguros.

Sob o impacto do novo coronavírus, as notícias diárias viraram obsessão e houve até quem viu nesse fato a oportunidade para conviver mais de perto com os familiares mais próximos, ler livros, arrumar armários, fazer faxina na casa... para os que tem essas coisas, é claro.

No conforto do meu lar, me dei conta de que essa doença era de grife, de rico talvez.

Me incomodava ver artistas sorridentes na televisão recitando o slogan: “Fique em casa!”.

Sempre me remetia aos sem teto, aos sem eira e nem beira... doença egoísta.

No futuro te conto como muita gente confundiu isolamento social com abandono afetivo.

A doença também pôs a prova os nossos políticos.

Oportunidade única de fazer valer na prática, os nossos tão proclamados direitos humanos, garantidos pela Constituição, em especial o art. 5º que diz que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza... a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança.

Não demorou e, assistimos em casa, de camarote, a crise da saúde ganhar uma conotação política, pois, a oposição, que já buscava antes, uma forma de derrubar o presidente (com vários pedidos de impeachment protocolados), ganhou reforço de parte das mídias, e até de políticos dos poderes legislativo e membros do judiciário.

Vimos exacerbar essa crise política de forma inconcebível, em um momento em que a população mais necessita de proteção e segurança.

O povo passou a temer mais os políticos do que o coronavírus, pois, muitos deles, desrespeitaram o povo e violaram a constituição, ao declarar guerra contra o presidente, acusando-o de insensível, irresponsável e genocida, dando como motivo, o fato dele não ser favorável ao isolamento horizontal e pedir a mudança para isolamento vertical.

Mas, o mais incrível é que nem precisa de motivo. A oposição não engole o Bolsonaro, presidente subestimado, povo desrespeitado.

Afinal foi eleito democraticamente.

A realidade é bem cruel, pois, além do medo da morte, além de contabilizar seus mortos, ensacados em “sacos reforçados” e descartados sem velório e sem dignidade, o povo tem que furar a quarentena, para ir para as ruas, como o fazem nesse sábado, de 09 de maio, porque a insegurança financeira, o desemprego, a fome e o temor de “virar uma Venezuela” passou a ser mais urgente do que o medo do covid 19.

Mais do que não morrer, o povo quer dignidade para viver!

Um motivo para viver.

Lamentavelmente, governadores e prefeitos também violaram os direitos humanos: pessoas agredidas e presas por andar nas ruas, nas praias e praças; empresário estrangulado até desmaiar, por suspeita de estar trabalhando; prefeito manda soldar portas de lojas de comércio, são alguns exemplos.

O presidente Jair Bolsonaro e seus ministros foram, no dia (07) ao Supremo Tribunal Federal (STF) para falar sobre a economia do país e a importância da abertura do comércio para evitar o colapso. Sem sucesso.

Centenas de empresas quebradas e milhões de desempregados parece não contar.

Afinal, “a vida é mais importante do que a economia”.

Mortes por depressão, desemprego, fome, parece não ter a menor importância.

Quem vai acusá-los de genocidas?

Perdoem-me, mas, se vossas excelências estão mesmo preocupados com nossas vidas, devem parar de "lavar as mãos", na tentativa de isentar-se das responsabilidades e culpar o governo por tudo.

Bode expiatório da oposição?

Se para a medicina, lavar as mãos é recomendável, e pode de fato, nos proteger das doenças; na política, "lavar as mãos" significa covardia.

Não dá para continuar a “lavar as mãos” e ignorar os apelos do presidente e da população que está nas ruas há dias, pedindo tão somente para voltar ao trabalho.

Nesse momento, em que a fragilidade da vida fica evidente, devemos tirar uma lição da cerimônia de “lava pés” em que Jesus, na última ceia, tomou a atitude de fazer aquilo que só a um escravo cabia, lavou e enxugou os pés de seus discípulos.

Ato de pura humildade, pois, colocou-se na posição de servir e dando o exemplo, pediu que eles lavassem os pés uns dos outros.

Essa parábola cabe muito bem aos servidores públicos.

Não há poderosos. E se há, são aqueles cuja vida é serviço.

Somos iguais perante a lei dos homens e de Deus. Quando o maior cede, quebra a estrutura de poder, entende que o verdadeiro poder está no coletivo. E aí podemos horizontalizar os afetos, estender os laços que nos fazem humanos. Amar uns aos outros. Lavar os pés uns dos outros. Humildade e serviço.

Só venceremos essa pandemia com amor ao próximo, com união e sinergia.

Cabe a todos nós a pergunta: você escolhe lavar as mãos? Ou lavar os pés?

Foto de Bernadete Freire Campos

Bernadete Freire Campos

Psicóloga com Experiência de mais de 30 anos na prática de Psicologia Clinica, com especialidades em psicopedagogia, Avaliação Psicológica, Programação Neurolinguística; Hipnose Clínica; Hipnose Hospitalar ; Hipnose Estratégica; Hipnose Educativa ; Hipnose Ericksoniana; Regressão, etc. Destaque para hipnose para vestibulares e concursos.

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