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O suicídio político de um governador ingrato e traidor

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Réquiem a Carlos Moisés

Até o início de 2018, não passava de um obscuro coronel da reserva do Corpo de Bombeiros.

Esperto, enxergou a onda bolsonarista que se formava e embarcou, registrando-se no PSL e obtendo a legenda para se candidatar.

Em outubro desse mesmo ano conseguiu a inacreditável proeza: bateu com certa facilidade todas as oligarquias do estado e – pasmem ! – Carlos Misés, 52 anos de idade, elegeu-se governador de Santa Catarina com nada menos de 2,4 milhões de votos, mais que o dobro de seu adversário, Gelson Merísio, do PSD.

TITUBEANTE

Assumiu, titubeou daqui pra lá, de lá pra cá, fez mesuras ao presidente eleito, e...Veio a Pandemia !

Fez inicialmente o que todos os governadores fizeram: decretou “Estado de Emergência” e partiu para o isolamento total.

Governador do estado mais bolsonarista e mais empreendedor do país, não demorou a enfrentar a pressão para rever o seu “fique em casa”! Houve até a primeira carreata nacional de protesto em Balneário Camboriú.

Chegou a anunciar o início da flexibilização e de repente, não mais que de repente, voltou atrás, no mesmo instante que começavam a circular informações de que ele se aproximava do governador de São Paulo, João Dória, e se afastava do seu grande e único cabo eleitoral – o presidente Jair Bolsonaro.

SUICÍDIO POLÍTICO

Do ponto de vista eleitoral – comentaram os eleitores catarinenses – foi o mesmo que saltar do topo da Serra do Rio do Rastro sem paraquedas.

Já existe por lá a certeza de que não se elegerá mais nem a vereador de Massaranduba onde o seu solerte radar anti-virus identificou um óbito por infecção.

Já do ponto de vista monetário, ninguém sabe ainda, a não ser que as suas contas bancárias e as do seu novo “Guru” devem ser eternamente vigiadas.

É uma história bem desagradável, mas ainda seria algo que deveríamos deixar pra lá não fossem as demais implicações, extremamente graves.

CONVERSA PROVÁVEL

Parece que eu ouço a conversa secreta que ambos tiveram antes da traição:

- Tá bom...vou manter o isolamento rigoroso como você me pede ! O que eu pergunto é o que fazer se não houver óbitos suficientes que o justifiquem ?

- Faça o que eu venho fazendo aqui: testou positivo, oriente para tomar Tamiflu e Dipirona...use hidroxicloroquina apenas para os casos graves...até o meu Hospital das Clínicas, a Meca da saúde brasileira, tem receitado Tamiflu e Dipirona.

PROTOCOLO DA MORTE

Dito e feito ! Os hospitais públicos de Santa Catarina e postos de Saúde foram todos orientados a prescrever esse que é chamado por médicos do SUS de “Protocolo da Morte”, pois os pacientes são tratados por duas drogas inócuas – Tamiflu e Dipirona – no início da infecção, justamente no momento em que a hidroxicloroquina associada a azitomicina e zinco promovem a recuperação em seis dias.

Carlos Moisés vai dizer com certeza – como tem feito seu novo Guru – que foi o isolamento que salvou a população de um desastre.

É MENTIRA

É fácil desmentir a ambos, basta comparar os números e a evolução da doença entre SC e o vizinho Paraná.

Com quase o dobro da população catarinense (11,4 milhões contra 7,2 milhões), o Paraná registra até 10 de maio 106 mortes atribuídas ao Virus de Wuhan, número que cresce no máximo a 2 por 24 horas.

O Paraná não seguiu um isolamento tão rigoroso quanto SC (média de 40% de adesão no estado); o governador, Ratinho Jr., não rompeu com o governo federal e não registrou nenhuma manifestação contra o “fique em casa”.

Até 10 de maio, SC registra 3.372 casos e 64 mortes, números proporcionais ao tamanho da população do Estado, restando saber qual o percentual desses óbitos que deve ser atribuído ao Coquetel da Morte.

SE VIRANDO NOS 30

Pelo visto, Carlos Moisés terá de se virar nos 30, tanto para justificar os gastos exagerados e suspeitos em infra-estrutura (que, aliás já atraíram os agentes da nova polícia federal), como para conter o ímpeto da população que começa a descobrir que caiu no Conto da Margarina.

O mais importante é que seu amigo e mentor, João Dória, foi atendido no pleito de provocar no país a maior recessão da história brasileira.

Dirceu Pio. Jornalista

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