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“Invictus”

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O texto desse domingo é uma homenagem ao Jornal da Cidade Online, ao Editor, aos seus Colunistas e a todos os leitores que nos acompanham e comentam diariamente as matérias aqui publicadas e uma resposta aos comunistas canalhas que de forma vil nos atacaram.

Começo com Ezra Pound falando sobre bons escritores, bons livros e ótimos textos:

“Um clássico é um clássico não porque esteja conforme certas regras estruturais ou se ajuste a certas definições (das quais o autor clássico provavelmente jamais teve conhecimento). Ele é clássico devido uma certa juventude eterna e irreprimível”. (Abc da literatura - Ezra Pound. Pág.21).

Essa é a mágica dos escritos e livros que chamamos de clássicos e que chegaram até nossos dias: possuem “juventude eterna”. Autores que nos trouxeram mensagens imortais, que nos fazem rir, que nos fazem chorar, que nos fazem refletir sobre a vida, que nos dão força. Assim como fortalecemos nosso corpo comendo alimentos saudáveis, nosso espírito também precisa ser alimentado e a boa literatura é o alimento da alma.

Trago a vós o poema “Invictus” de autoria do poeta inglês William Ernest Henley (1849–1903). Foi escrito em 1875 e publicado em 1888. Henley não teve vida fácil. Nasceu em Gloucester, filho de um modesto vendedor de livros, não pode concluir estudos por motivos de saúde e financeiros. Sofreu tuberculose aos doze anos e teve artrite. Mais tarde sua perna foi amputada. Em 1869 mudou-se para Londres onde conseguiu emprego como jornalista autônomo. A artrite e a tuberculose jamais o deixaram. Nesse mesmo ano se tornou editor da revista London. Casou-se com Anna Boyle com quem teve uma única filha, Margaret, que faleceu de meningite 5 anos depois. Em 1889, tornou-se editor da revista Scots Observer. Morreu em 1903 de tuberculose.

Poderíamos dizer que sua vida foi uma tragédia, mas o que escreveu foi divino. Note como os bons textos permanecem: 145 anos se passaram desde que o poema foi escrito, um século e meio e estamos nós aqui a lê-lo com a mesma admiração!

Invictus nos fala da força de vontade nos confrontos com destino. Apesar do breu/escuro das trevas que o cerca, ele agradece aos deuses, a qualquer um, por ter lhe dado uma alma que não se deixa subjugar: invencível. Jamais se lamenta pelos golpes do destino, mas conserva sua cabeça, mesmo ensanguentada “ereta”, sem jamais se abater.

Firme e resoluto permanece, mesmo estando cercado em sua vida por “um oceano de horror”, lamúrias, trevas, nada o intimida. Finaliza dizendo que o caminho é estreito, os castigos do mundo são pesados, mas nada o acovarda, pois é “o dono e senhor de seu destino, o comandante de sua alma.”

Das centenas de traduções feitas do inglês para o português, essa é a que mais se aproxima do original, daquilo que o poeta quis dizer em sua língua natal, pois o tradutor, André C S Mancini, também é poeta. Minha homenagem a ele por nos brindar com essa bela tradução.

Leia-o e sinta todo vigor de sua mensagem!

“INVICTUS”
(Autor: William E Henley/Tradutor: André C S Masini)
Do fundo desta noite que persiste
A me envolver em breu - eterno e espesso,
A qualquer deus - se algum acaso existe,
Por mi’alma insubjugável agradeço.
Nas garras do destino e seus estragos,
Sob os golpes que o acaso atira e acerta,
Nunca me lamentei - e ainda trago
Minha cabeça - embora em sangue - ereta.
Além deste oceano de lamúria,
Somente o Horror das trevas se divisa;
Porém o tempo, a consumir-se em fúria,
Não me amedronta, nem me martiriza.
Por ser estreita a senda - eu não declino,
Nem por pesada a mão que o mundo espalma;
Eu sou dono e senhor de meu destino;
Eu sou o comandante de minha alma.

Bom domingo!

Carlos Sampaio. Professor. Pós-graduação em “Língua Portuguesa com Ênfase em Produção Textual”. Universidade Federal do Amazonas (UFAM)

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