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Um exercício de futurologia: Um "poste" presidente do Brasil

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Brasília, 25 de dezembro de 2020.

O TSE cassou a chapa Bolsonaro/Mourão. Enquanto Michel Temer foi absolvido por “excesso de provas”, seguindo a lógica processual invertida, Jair, foi cassado por “ausência de provas”.

Se você contar esta história para o ET de Magé, ou para o de Varginha, ele não entenderá nada. Na verdade, se você tentar explicar isso para qualquer terráqueo não-brasileiro, ele também vai entender lhufas.

Mas nós brasileiros entendemos. Estava bom demais para ser verdade. Pela primeira vez desde Cabral (não o Sérgio; mas o Pedro das Caravelas), tínhamos líder que pensava como a gente pensa.

A gente tinha um presidente que o único crime era falar em público, e nas reuniões ministeriais, aquilo que realmente pensava: que era necessário dar meios à população para que não se instalasse aqui uma ditadura. Mas, agora é tarde demais. Inês, é morta.

O mesmo Jair que o PIG – Partido de Imprensa Golpista – chamava de autoritário, homofóbico, nazista, fascista, taxista, e tantos outros “istas”, não deu o golpe, não invocou o 142, nem reeditou o AI-5. Pelo contrário, foi vendido por trinta moedas, e muitos que se aproveitaram do seu nome para se eleger , e o receberam de braços abertos em 2018, com palmas nas mãos cantando Hosanas, hoje comemoram a soltura de Barrabás.

O Jair não se agarrou ao efêmero poder mundano, antes, como o Messias que lhe emprestou o nome, ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado ao matadouro, e como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a sua boca.

Foram vários os tosquiadores. O Maia, as FFAA, a mídia, o Moraes,.

Imorais.

O Maia... nem no Brasil nasceu.

As Forças Armadas, viram tudo acontecer, sem uma palha mover, quem dirá, um tanque. Desertaram. Os sargentos e os generais. Os cabos, e os soldados. Todos viram seu Capitão ser esfaqueado. Várias e várias vezes. O Adélio só abriu a temporada de caça ao Jair. E NADA fizeram defendendo seus salários em seus quartéis.

Por outro lado, como disse Edmund Burke:

“Para que o mal triunfe basta que os bons fiquem de braços cruzados.”

Enquanto os que tinham o poder para mudar, e várias vezes mudaram a história, nada fizeram, os tosquiadores se desdobraram.

O que a mídia fez para conseguir derrubar o Jair não está no mapa. Mas, agora neste dia de Natal de 2020, quando assistimos pela Agência Brasil a posse do nosso novo presidente, o “Andrade”, e podemos contemplar a alegria de sua vice Manoela, com aquele arzinho indecifrável; o que se pode estar passando agora na mente dos psolistas?

Será: “Até que enfim nossos planos deram certo”?; ou será: “ E nem precisamos do Adélio”?

Como Fernando Haddad foi empossado? Te conto na próxima. Aguarde um pouco mais. O certo é que enfim, o Mecanismo venceu.

O Jair perdeu. Não no campo, nem na bola, nem na porrada.

O Jair perdeu no VAR.

Não, não houve videos com dólares na cueca, nem houve aquelas caixas lotadas de notas em um apartamento qualquer na Bahia, também não houve corridinhas com 500 mil na mala de rodinhas. Não teve nada disso. Não houve videos, nem fatos, nem fotos, nem atos, nem pedaladas fiscais, que ensejassem a revisão do VAR.

Mas, ainda assim o Jair perdeu no supremo VAR da justiça (?). Nas VARiações da interpretação das leis.

Nunca antes na história deste país se torceu tanto a analogia, nunca se estuprou tanto a hermenêutica, para se conseguir atingir o fim que justificasse os meios.

Nunca antes na história deste país a “justiça” foi tão INJUSTA. O tribunal que deveria guardar a constituição foi o primeiro a usá-la como papel higiênico, usurpando a competência do MP para instaurar um Inquérito sem-pé-nem-cabeça.

Um dos primeiros aprendizados em Processo Penal que aprendemos no curso de Direito, é o conceito de lugar do crime.

Resumindo: o crime acontece no local onde ele acontece.

Na hipótese de o STF, decidir que este texto que você está lendo agora “agride a honorabilidade do Supremo” por analogia, este local em que você está se torna automaticamente uma dependência do Supremo. Sua casa, seu escritório, seu carro, seu telefone, tudo se torna dependência do Supremo, e por isso o Supremo poderá usar o Regimento Interno para processar, você leitor, e este escriba também. Temos um novo “deus” onipresente, o STF.

Mas Jair, o Messias, Bolsonaro, agora é passado. No futuro, Jair, os historiadores – talvez – irão desfazer a injustiça que você sofreu.

Mas, agora é tarde, evitar que o Brasil se torne de vez um país comunista, foi apenas um sonho de verão.

A Rússia cedeu ao comunismo em 1917, levou 70 anos até Mikhail Gorbachev implantar a Glasnost e a Perestroika.

Quem sabe em 2090 não aconteça o mesmo no Brasil?

Dr. Denílson Faleiro de Souza - (Advogado, OAB/RJ 219.502)

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