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Diretor do Estadão detona o STF, não poupa a “grande imprensa” e revela o "vazamento" de Celso de Mello

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Ao menos uma voz na grande mídia brasileira parece ter coragem e dignidade suficientes, além de patriotismo e espírito realmente democrático, para se levantar contra os absurdos que vem sendo cometidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

O jornalista e diretor do Estadão Fernão Lara Mesquita.

Na terça-feira (16), ele já havia criticado fortemente o STF, num texto intitulado “Será que vai ter golpe?”.

Não satisfeito e ante o avanço do autoritarismo da corte, Mesquita, em novo texto, desta vez foi ainda mais contundente.

Eis o titulo:

“Bye, bye democracia. Estamos em pleno pesadelo de Rui Barbosa. E não há a quem recorrer”.

Confira:

O jornalista expõe com clareza e coragem o atual momento brasileiro:

“Na antidemocracia brasileira o povo vem sempre em último lugar: manda nada quem tem muito voto, pensa que manda quem tem uns poucos e manda em tudo quem não tem nenhum. E são estes os únicos que duram para além do que o povo quiser que durem.”

E prossegue, atribuindo responsabilidade a própria grande imprensa:

“Bolsonaro late, mas quem morde é ‘o Leviatã’. Sem que haja, aqui ou no mundo, qualquer lei ou definição do que seja isso, o STF, de cujas atribuições legais está expressamente excluída a de fazer inquéritos, com apoio unânime da ‘grande imprensa’, decretou por 10 a 1 a ‘legalidade’ do ‘inquérito das fake news’ que iniciou 15 meses atrás sem provocação, outra violação da ordem constitucional, com um ato de censura à imprensa, a terceira violação.”

Fernão Lara Mesquita constata a ‘condição terminal da nossa democracia’ e relata o vazamento para a imprensa efetivado pelo ministro Celso de Mello:

“As contradições insanáveis desse enunciado atestam a condição terminal da nossa ‘democracia’. Como uma aberração lógica, jurídica e formal como está venceu a vergonha de ser afirmada em público pelos papas do formalismo eu não sei. Mas é o único meio de derrubar com a mesma cajadada Jair Bolsonaro e seu vice general de Exército, possivelmente antes que ele possa nomear os ministros que teriam vagas no Supremo ao longo do seu mandato, a ‘cereja no bolo’ prometida nos primeiros dias de maio pelo caudaloso ministro Celso de Mello ao anunciar o rito sumário para essa tentativa (e o STF vazar para a imprensa os ‘planos B e C’ publicados no mesmo dia, nos mesmos termos, em todos os jornais).

O STF, o “novo normal”:

“Desde que o STF se autoatribuiu a função de legislar, legalizar a ilegalidade ou criminalizar o que estava na lei - seja para prender, seja para soltar - virou ‘o novo normal’. Opera como aquelas máquinas chinesas de construir pontes e ferrovias: tira da frente e atira no abismo as leis que não servem à sua agenda política e lança, do vagão de trás para a frente da locomotiva, vestidinhas de regimento interno ou o que for, as que necessita para avançar o próximo metro, antes ou até mesmo depois de fazê-lo.”

E anuncia o pesadelo:

“Estamos em pleno pesadelo de Rui Barbosa. Nada mais é certo e sabido, senão que cada porta do inferno que o STF resolver abrir só o STF poderá fechar - ou voltar a abrir - se e quando quiser. Não há a quem recorrer.”

Abaixo, a integra do texto:

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