Você não está deprimido, está puto da vida!

21/07/2020 às 05:15 Ler na área do assinante

No Brasil, desde que a pandemia começou, aumentou o número de pessoas deprimidas e com transtornos psiquiátricos diversos. Porém, vamos analisar que, para além das estatísticas, há um número bem maior de pessoas indignadas, zangadas e P da vida!

No Brasil, 5,8% da população sofre de depressão, taxa acima da média global, que é de 4,4%. Isso significa que quase 12 milhões de brasileiros sofrem com a doença, colocando o país no topo do ranking no número de casos de depressão na América Latina, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Apesar de o número de depressivos ser expressivo, não bate com o número cada vez maior de pessoas, que se queixam de irritabilidade, raiva, impotência, desalento, medo, esmorecimento, prostração, abatimento... O fenômeno afeta todas as idades, em especial aos jovens.

Quais os motivos?

A vida social foi e continua interrompida de uma forma nunca antes vivenciada. Adultos impedidos de ir para o trabalho; perderam suas empresas ou empregos. Crianças e jovens sem aulas, presas em casa; impedidas de visitar os avós, os amigos. Proibidas as festas de aniversários, os cinemas, os esportes, os passeios no shopping, os bares, as baladas.

A perda de liberdade pode ser sentida como um luto. Um luto pelo afastamento físico em vida, daqueles que amamos. Pela impossibilidade de abraços, beijos, aperto de mão. Essa falta de contato pode gerar profundas tristezas. Somente com tato nos humanizamos.

Um luto é inédito. Mas, toda forma de luto passa por uma ressignificação das perdas. Elisabeth Kubler-Ross, elaborou as fases: negação, raiva, barganha, depressão, aceitação.

Dadas as características do nosso confinamento, sem tempo definido para terminar, muitas pessoas podem ficar encalhadas na fase da raiva. Ainda mais, quando há dois fatores de igual magnitude, que tem provocado perdas, que vem aguçando a raiva coletiva:

A pandemia. E o pandemônio político.

Pandemônio, por definição, refere-se a uma “associação de pessoas para praticar o mal ou promover desordens e balbúrdias.”

Da pandemia não há o que esperar. Já dos políticos, podemos encontrar declaração do tipo: “ainda bem que a natureza, contra a vontade da humanidade, criou esse monstro chamado coronavírus. Porque esse mostro está permitindo que os cegos comecem a enxergar que apenas o Estado é capaz de dar solução a determinadas crises.”

Essa fala, do cidadão Lula, causa tristeza, mas, não estranheza. Já muitos outros representantes, governadores, prefeitos (as), deputados(as), senadores; dos quais se espera uma gestão de excelência, estamos assistindo um espetáculo vergonhoso de incompetência e fraudes.

Colocaram o foco na crise e não na solução. Colocaram seus interesses pessoais eleitoreiros acima dos interesses da nação.

Não é necessário elencar mais motivos externos para justificar a tristeza e a indignação da população. A maioria das pessoas é capaz de entender e aceitar uma catástrofe da natureza, pois, entende que está fora do seu controle. Entretanto, ninguém está preparado para passar por uma pandemia, sem a solidariedade humana. Elemento mais que necessário, faz parte da cura. Individual e coletivamente, fracassamos no quesito humanidade.

Portanto faz-se necessário, para não deixar dúvida, dizer que a depressão é doença psiquiátrica séria, crônica e recorrente, que produz uma alteração do humor caracterizada por uma tristeza profunda, sem fim, associada a sentimentos de dor, angústia, amargura, desencanto, desesperança, baixa autoestima e culpa, assim como a distúrbios do sono e do apetite.

Requer tratamento medicamentoso e psicoterapia.

Depressão não tem fim, tem controle. A tristeza é passageira, não dura para sempre.

A tristeza é um estado temporário da alma. A dor faz parte da vida. Já o sofrimento é uma dor que se prolonga indevidamente.

A tristeza é um estado circunstancial. O que significa que uma vez solucionada as causas da tristeza, a pessoa volta ao normal, geralmente mais forte. (Resiliência).

A nossa cultura hedonista coloca como objetivo central da vida, a busca do prazer e a fuga das dores, do sofrimento. A crise sanitária e a crise política causam-nos grande impacto.

Com os prazeres interrompidos e limites impostos a força, resta-nos entender que estamos sofrendo de – pressão, sofrendo pressão de todos os lados.

Mas, atenção!

Você não está deprimido, você está puto da vida!

Portanto, é chegada a hora de lidar com os desgostos, as desilusões, as indignações, controlar a raiva, o medo da morte. Compreender que nada dura para sempre. Há muita vida para se viver fora da caixinha previsível da rotina e da certeza.

“Não podemos pretender que as coisas mudem, se sempre fizermos o mesmo. A crise pode ser a melhor benção para ocorrer com as pessoas e países, porque a crise traz progressos. A criatividade nasce da angústia, como o dia nasce da noite escura." (Albert Einstein)

Bernadete Freire Campos

Psicóloga com Experiência de mais de 30 anos na prática de Psicologia Clinica, com especialidades em psicopedagogia, Avaliação Psicológica, Programação Neurolinguística; Hipnose Clínica; Hipnose Hospitalar ; Hipnose Estratégica; Hipnose Educativa ; Hipnose Ericksoniana; Regressão, etc. Destaque para hipnose para vestibulares e concursos.

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